A história dos cães guia:

Para manter o teor informativo do blog (e uma amiga, absurdamente fissurada em cachorro, ficou empolgadissima com os cães-ouvinte) resolvi pedir para a Ana dar uma pesquisada e descobrir a origem desse trabalho deles. Não, eu não sou exploradora, ela já tinha visto um documentário e sabia por onde procurar. Então, se estiver interessado em saber quem começou esse trabalho, segue um texto sobre a história deles: CÃO GUIA

Por Ana Paula Ferraz

Os registros mais remotos sobre associação de treinamentos de cães guia são de Viena, Austria, em 1819. Johann Wilhelm Klein fundou o Instituto para Cegos em Viena, e começou a treinar cães guia. Mas infelizmente, Klein não recebeu grande apoio para seu projeto. Cem anos depois, com o final da I Guerra Mundial, o médico alemão Gehard Stalling,compadecido com a cegueira de veteranos de guerra da Alemanha, resolveu investir no treinamento de cães, fundando uma escola de treinamento. Os primeiros a serem usados foram os pastores alemães. Uma década mais tarde, a norte-americana Dorothy Eustins, que treinava cães para a policia e para resgates da Cruz Vermelha, elaborou um artigo sobre o trabalho louvável de Klein em treinamentos de cães guias para cegos. Ela se encantou com o projeto do médico alemão, e publicou o artigo no jornal “ The Saturday Evening Post”. Este artigo inspirou um milionário americano e cego, Morris Frank,  a contactar Dorothy Eustins  a conversar mais a respeito desse treinamento de cães. Frank viajou no mesmo ano para a Suiça, onde tinha um grande centro de treinamento de cães guia e ficou maravilhado com o que soube. Por motivos de trabalho, Frank tinha que viajar muito, e tinha dificuldades com a cegueira que o acometeu ainda na infância. Ele queria mais independência e mais facilidade de locomoção, sem ter que ficar dependendo o tempo inteiro de empregados. Frank entrou em contato novamente com a Sra. Eustins e a convenceu a treina-lo a saber usar um cão guia. Nasceu o vínculo de amizade entre Frank e seu cão Buddy, um adorável pastor alemão. Assim, Eustins e Frank montaram a primeira escola de cães guia dos EUA, a “ The Seeing Eye”, em 1929. Um dos alunos de Eustins montou a primeira escola de treinamento de cães guia no Reino Unido nos anos 30, com o mesmo nome. Frank fundou nos anos 30 uma entidade filantrópica nos EUA, que doa cães guia para cegos que não podem arcar com os custos de treinamento de cães Os custos do treinamento,convertendo para a moeda brasileira, gira em torno de R$ 15.000,00. Os cães começam a serem treinados aos 6 meses de idade. Frank teve um papel importante não somente no pioneirismo de ter fundado a primeira escola no gênero nos EUA, mas também na aceitação de cães guias em locais públicos nos EUA, servindo de inspiração para outras pessoas cegas na Europa, que assim como ele, buscavam independência e o direito de circularem com seus cães guias livremente. Barrado em um restaurante em NY por estar com um cão e querer entrar com ele, Frank entrou na justiça contra esse preconceito, porque se o cão era para guia-lo, ele deveria ser aceito nos locais onde a pessoa que era guia ia. Ele achava injusto uma pessoa com deficiência ter o acesso restringido a certos lugares porque estava com um animal, que praticamente o ajudava a executar tarefas diárias. O caso parou na Suprema Corte Americana e abriu precedente de obrigatoriedade de aceitação de cães guias em bares, restaurantes, trens, teatros, cinemas, e outros locais públicos. A primeira cidade americana a aceitar cães guias em locais públicos foi NY. Frank sempre disse que a briga na justiça foi por ele, Buddy e outras pessoas cegas que eram discriminadas nos EUA. Foto de Morris Frank e Buddy e história da maior amizade entre homem e cão (em inglês)

E, pra finalizar, uma campanha de adestramento de cães guia. Fofi fofi!

13 Resultados

  1. Maíra disse:

    ai ai, como fico emocionada fácil.

  2. Juca Jardim disse:

    legal o texto, ein!… (vídeo melhor ainda!!! kkkkkkkk)

  3. Ana Paula disse:

    Quando contei a história dos cães guia para cegos pra Lak, ela ficou empolgadíssima!
    Eu eu, cachorrólatra assumida, aceite o convite de imediato.

    Amo cachorros, amos labradores (já tive um bebe, lindo, igual ao do vídeio que a lak postou) e adoro gente que mostra pra sociedade que deficiente não é um bando de coitadinho.

  4. Ana Paula disse:

    Eu preciso me segurar quando vejo cães guia aqui em Londres.
    São TODOS labradores. Ai só falto infartar! 😡

  5. Cães guia são as coisas mais fofas e lindas desse mundo, especialmente se forem labradores. Dá vontade de roubar e levar pra casa hahahaa pena que não dá né? Hahahaha

  6. Olá, Lak! Somos um grupo de seis estudantes universitários de Matemática que possuímos um blog sobre Inclusão, chamado “Sopa de Números na Educação Inclusiva”. Embora inicialmente nosso foco seja a deficiência visual, nós demos alguns “toques” referentes a outros tipos de necessidades especiais – entre elas, a auditiva! Viemos lendo seu blog há um certo tempo, e adoramos (tanto é que incluímos o DNO na lista de Sugestões de leitura, que aparece no nosso blog!)
    Viemos parabenizá-la pelo seu trabalho com o DNO – pois, afinal, você, com seus textos, reflexões e compartilhamento de experiências, consegue, muitas vezes, ajudar as pessoas que, de alguma forma, estão envolvidas com a questão da Inclusão e Acessibilidade – seja as que trabalham com essa temática, seja as que são portadoras de necessidade especial sensorial também, ou seja as que apenas querem se informar sobre o assunto, para saber lidar melhor com a diversidade de pessoas em seu círculo de amizades. Parabéns! 🙂
    Gostaria que você conhecesse nosso trabalho no nosso blog… e desse seu “palpite” lá no blog também! 🙂
    Um grande abraço bem sonoro para você! 🙂

    • Avatar photo laklobato disse:

      Obrigada pela gentileza da indicação e pelo carinho do contato. Meu blog não é dos mais amplos no sentido acessibilidade (já me peguei pensando que não tem nenhuma descrição das fotos pros programas de leituras usado por deficientes visuais) e fala de um nicho muito restrito de deficientes auditivos: os oralizados, além dos usuários de próteses auditivas como o aparelho convencional, implantes coclear e baha; embora eu tente explicar um pouco sobre a Lingua de Sinais também, embora não faça uso dela, pelo menos para quebrar alguns paradigmas em relação a ela (tem gente que acha que se resume a mímica do português comum, o que não é verdade). Então, ele não é o melhor blog para quem trabalha em prol da deficiência auditiva, embora seja uma boa referência sim. Fico grata pela indicação, de qualquer forma.
      Com certeza, vou dar uma passada no blog de vcs, pq adoro matemática e tenho interesse no assunto sobre deficiência visual – convivi muito com alguns, já que meu pai deu aula de massagem oriental, durante alguns anos, à grupos de deficientes visuais e cegos. Foi com eles que eu aprendi a lidar com a deficiência que tenho.
      Beijão sonoro para vocês e parabéns pelo trabalho.

  7. Lak, mas você sabia que os programas leitores de telas para deficientes visuais, existentes no mercado atualmente, não descrevem as imagens? Então, na verdade,
    mesmo que você tentasse alguma ferramenta de acessibilidade direcionada aos deficientes visuais, no seu blog, eles não iriam conseguir “ouvir” as figuras. O máximo que o leitor de tela conseguiria captar seriam as legendas das fotos. 🙁
    Mas, pelo contexto, dá para um deficiente visual entender de que se tratam as figuras, porque você costuma explicá-las ao longo do texto que você escreve. Desta forma, minimiza a limitação tecnológica dos atuais leitores de tela computacionais que existem… 🙂
    Da mesma forma que você conseguiu aprender a lidar com a deficiência sensorial que você possui , através da convivência com deficientes visuais, acredito que o caminho inverso também ocorre: pessoas com deficiência visual lendo seus relatos e e aprendendo, através do rico compartilhamento de experiências, a lidar com os acontecimentos do dia-a-dia. Olha só que interessante: a gente vê na internet diversos textos falando sobre reabilitação de deficientes visuais, mas apenas no sentido de alguém que perdeu a visão e tem que reaprender a viver sem enxergar.O O oposto (que é uma pessoa que após anos de cegueira volta a ter visão normal), a gente não vê programas de reabilitação para situações como essa… e, certamente, devem haver diversas pessoas assim, como as que fazem cirurgias restabelecedoras da visão. E seu relato, que é o de mostrar como seu cérebro está “reaprendendo” a ouvir gradativamente, e as emoções das conquistas que para você são grandes (mas que podem parecer pequenas aos olhos de quem nunca passou por isso), e a capacidade de entender que esse processo de aprendizagem sensorial é gradativo… certamente irá ajudar muito as pessoas que passam por processo de recuperação sensorial! Tanto recuperação auditiva (como você) como visual (já que por analogia, há diversas semelhanças no mecanismo do processo).
    Então, Lak, seu site é uma boa referência para pesquisas em deficiência auditiva sim! Só que por um enfoque um pouco diferente do tradicional. E é esse diferencial que é o grande atrativo. Sucesso! Um beijão bem sonoro para você! :-*

    • Avatar photo laklobato disse:

      Nossa, chorei com esse comentário. Tem razão, eu não tinha olhado por esse prisma… É difícil enxergar além do habitual, mesmo quando a gente considera uma pessoa esclarecida hehehe
      Mas, se vcs tiverem alguma dica para melhorar a acessibilidade do DNO aos deficientes visuais, fiquem a vontade. O que estiver ao meu alcance, com certeza farei, porque acho que acessibilidade a todos é importante.
      Beijão e obrigada mesmo pelas considerações que me ajudaram a, quem diria, olhar meu blog de outra forma.

  1. 3 de dezembro de 2019

    […] A história dos cães guia – Desculpe não ouvi […]

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