Ah, por que eu?

Esses dias, uma amiga querida me perguntou se, sob essa minha fachada de harmonia para “comigo mesma” (licença poética, a Cris, professora de inglês e francês sempre me corrige que “comigo mesma é redundância) eu questionava Deus “por que eu?”.

Penso que existe um conceito constante de que a felicidade depende única e exclusivamente da perfeição. Perfeição física, mental, financeira, sentimental, profissional e o escambau. Como se somente quando se atingisse a plenitude da soma de TODOS esses aspectos alguém seria verdadeiramente feliz.

E, de quebra, as pessoas parecem ter uma constante necessidade de ouvir que alguém que não tem um ou vários desses fatores citados é infeliz, só tem problemas e a vida dela é um martírio estagnado de infortúnios.

No entanto, quem conhece qualquer filosofia oriental, já leu um desses conselhos (que parece passar invisível aos olhos de muitos) que passam a mensagem de que a felicidade é percorrer o caminho.

Minha resposta pra minha amiga foi a seguinte:

“Não, eu nunca pergunto pra Deus por que eu. Porque eu sei que ninguém lidaria melhor com meus fardos do que eu. Portanto, acredito de coração que EU sou a melhor escolha pras minhas adversidades.”

Eu acredito piamente que os deuses (sigo a fé hindu, lembra? falei isso no primeiro post do blog) só dão a cada um o fardo que podemos carregar, porque afinal de contas, nosso karma individual é exclusivamente nosso.

A minha intenção, ao falar disso não é ser auto-ajuda, mas constatar que nem eu nem você precisamos esperar preencher todos os itens de uma lista que talvez nem seja nossa para ser feliz. Podemos ser felizes durante todo o caminho que percorremos para alcançar as metas que nós mesmos estabelecemos. E que não é a falta de problemas que garante que alguém seja feliz, mas a postura que se assume diantes das mazelas da vida.

Se você tem problemas, você está vivo, pura e simplesmente. Aproveite…

Beijinhos

Lak

31 Resultados

  1. Kaisa Isabel disse:

    Gosto.Aliás,sempre gosto. 😳

  2. Sun Melody disse:

    Aplaudo a este belíssimo e sincero post, é exactamente assim que penso com ou sem defeitos a felicidade constrói-se ao longo da vida, pequenos e leves momentos já evidenciados e nos que ainda estão por aparecer.

    Beijinhos Lak. 😀

  3. Bruna disse:

    Amei Lak! Também penso assim.
    Como tenho uma irmã com deficiência mental, quando eu era pequena perguntei pra minha mãe se ela não perguntava pra Deus porque ela ter uma filha assim. E ela dizia: não, porque acho que Deus me deu a mana porque sabia que eu ia cuidar direitinho dela, do jeito que ela for. Quando descobri a Esclerose na minha vida também passei a pensar assim, como ela e como você.
    Bjs e boa semana!
    😉

  4. Acho que você foi feliz na sua conclusão. Concordo plenamente que o sentimento “por que eu?” é um sentimento inútil, que apenas nos impede e por outro lado não nos impele a nada…
    Só discordo um pouco com os fundamentos da aceitação dos desafios que encontramos…

    • Avatar photo laklobato disse:

      Não falo de aceitá-los pura e simplesmente.
      Eh bem aquela oração da AAA
      “Senhor, dai-me a serenidade para aceitar as coisas que eu não posso mudar, coragem para mudar as coisas que eu possa, e sabedoria para que eu saiba a diferença”
      Beijinhos

  5. Lu disse:

    Adorei!! 😀
    Assim a gente nem ousa começar a semana pra baixo!!!
    Beijos!!

  6. Mariana disse:

    ahaha por isso que eu adoro vc, e me identifico muito com o seu jeito e opiniões.

    é que de todos os seus limões azedos, vc consegue fazer limonada!

    beijos!

  7. Chanel disse:

    Bom,

    Eu sou a amiga que questionou.
    Meu pensamento é o inverso, já tendo todos os problemas que temos no dia a dia ainda ter algo a mais para diferenciar uma pessoa das outra é que as vezes questiono, mas essa pergunta fiz porque você sabe, sou como criança, quero entender as outras pessoas de verdade, o que passa dentro do coração delas e você foi linda na tua resposta, assim como dividiu aqui com os demais também contei para outros amigos meus como tenho uma amiga muitoooo superior a mim, completamente espiritualizada, etc… Chega se não tu fica chata!
    E pensei que tem razão sim… Só poderia ter sido Você!

  8. Juca disse:

    nossa… “por que eu?” já é muito complexo pra mim, Lak! 😀

    minha vizinha da frente tem uns quatro anos e tá naquela fase dos “por ques?”… outro dia eu saí de manhã e ela me viu do jardim: “oiiiiiiiiiiii!!!”… (eu já pensando: “lá vem!” 😡 )…
    – onde vc vai?
    – vou no mercado, Beatriz…
    – pu quê?
    – comprar comida…
    – pu quê?
    – porque acabou!
    – pu quê?
    – ó… depois eu volto tá… tchau!

    sei que ela faz só pra sacanear com adulto e ter atenção sem precisar ter assunto… mas nem por isso a verdade da importância do “por que” fica menor: nenhum outro bicho pergunta “por que” e a gente faz isso desde pequeno… agora uma curiosidade então: vcs conhecem alguma criança (por uma situação mais difícil que atravesse) preocupada em perguntar: “por que eu?”… sinceramente, eu mesmo nunca ouvi falar!… e suspeito de verdade que isso responde MUITA coisa… 🙂

    Beijos!!! =***

  9. Cybelle disse:

    Lindona, adorei!!! Eu penso que tudo na vida tem a mão de Deus, e Ele sabe o que cada um precisa para a evolução e aprendizagem.
    Ser feliz é muito mais do que não andar, não ouvir, usar óculos, ser baixa, alta, gorda, magra….ser feliz é estar de bem com nosso coração, é encarar a vida de frente, é ter amigos, uma familia maravilhosa, acreditar sempre, ter fé, lutar pelo que acredita, ser feliz é amar…..
    Um beijo grande… 😛

  10. Rogério disse:

    Imagino que seja uma tendência humana ver o pior dos mundos apenas nos outros, minimizando ou mesmo sublimando os próprios problemas. Dia desses um colega me fez uma pergunta tipo “como é que você consegue fazer piada com um virus desgraçado desses no sangue?” “Pra ver se de repente ele me acha um chato e se manda”, respondi. Mas reconheço que também jogo no time dos que acham que os problema dos outros são piores que os nossos, porque a resposta oral foi a que escrevi, mas a resposta pensada foi “se eu tivesse uma mulher como a tua já teria me matado”. Beijão, Lak, tô meio paradão lá no cafofo mas é porque estou precisando me cuidar. Volto logo, como disse o Jairo.

  11. Ana Paula disse:

    Lak,
    Essa historinha de “Por que eu?” é para pessoas que gostam de se fazerem de coitadinhas, de vítimas.
    Aliás, quem faz essa perguntinha vitimista são pessoas que se martirizam por problemas comezinhos, para que os outros tenham peninha delas!

    E vou parar por aqui, porque senão vou começar a tocar nas religiões as quais as pessoas adoram se fazerem de vitimas e coitadinhas.

  12. Inês disse:

    Quando comecei com a perda auditiva e algum tempo depois me diagnosticaram a minha doença, essa questão do «porquê eu?» nunca me ocorreu, antes pensei «se acontece aos outros, porque não a mim, que não sou ninguém de especial»? Sei que quando estamos mais em baixo, às vezes isso acontece (»a perfeição não existe», já dizia o Principezinho), o compararmo-nos com outros que julgamos ter mais sorte que nós em determinadas dases da vida, mas depois, é mesmo connosco que temos de viver e sem aceitar o modo como somos, não podemos avançar com a nossa vida! Chorar sempre não adianta, de vez em quando alivia um pouco a alma, mas depois é mesmo preciso arregaçar as mangas e lutar pela vida e pela felicidade… E depois, temos tanto que nos faz felizes, se soubermos ver verdadeiramente o que temos ao invés de desejar o que não temos!
    beijinhos, Inês

  13. Leila disse:

    Aha! Consegui entrar no blog! Era só atualizar o explorer haha… Aí pergunto: pq eu?
    Rs…Não vai ficar com peninha de mim não? haha..
    Adoro seus pensamentos!!

    Abraços e melhoras pro Rogerio.

    Abraços em vc tb.

    😎

  14. Oi Lak!

    Lindo texto que expressa a verdade em muitas pessoas, no início de uma grande dificuldade. Até eu tive esse momento, logo após o diagnóstico do Fábio e dois anos depois o meu. Depois do “por que eu?”, de ter ouvido um médico falar “que um raio cai duas vezes no mesmo lugar sim” e tantas outras asneiras, remédios, curandeiros, pastores milagrosos. De fato, depois que eu assumi a direção que queria dar para minha vida e do meu filho, tudo ficou mais sereno. Conheci pessoas maravilhosas, parei de fazer previsões de quanto tempo eu tinha, parei de imaginar se teria forças quando as doenças estivessem no grau mais alto da progressão, da imobilidade. Simplesmente optei em continuar, e lá se foram 14 anos. E continuo aqui, trabalhando, sonhando, querendo o que todo mundo quer, pagando contas, vendo a beleza do mar, a imensidão desse universo do qual faço parte e, principalmente, podendo acompanhar o crescimento dos meus filhos, se realizando e tocando suas vidas.
    Acho que tudo acontece exatamente como tem que ser e sempre me lembro das palavras de Madre Teresa:
    “Sei que Deus não me dará nada que eu não possa lidar. Apenas gostaria que Ele não confiasse tanto em mim.”

    Beijos a todos.

    • Avatar photo laklobato disse:

      Marli, eu não me canso de dizer: Você é aquele tipo de pessoa pra quem a gente olha e pensa “a dor é inevitável, o sofrimento é opcional” (Buda). Te considero forte, mas extremamente humana. E isso dá todo um sabor especial pra toda a existência humana.
      Torcendo muito por você e pelo Fábio, sempre.
      Beijinhos

  15. Olivia disse:

    vc é uma sabia. Eu aprovo, penso igualzinho

    Beijos

  16. Elizabeth disse:

    Bacana suas palavras. Quando adolescente eu me perguntava por que eu se minha vó tem 43 netos? hoje concordo plenamente com vc.

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