Entrevista: Fga. Mônica Campello, do INES/RJ

Graças à ajuda do Gilberto Muner, o DNO tem tido oportunidade de entrevistar pessoas cada vez mais importantes dessa área que abrange a deficiência auditiva. Já tivemos oportunidade de transcrever os relatos emocionantes de vários implantados, de divulgar os encontros do FIC, de facilitar à adesão de Implantados quanto a ADAP…

Agora, chega a vez de trazer a imprescindível entrevista da Fonoaudióloga Mônica Campello, que trabalha há longa data com deficientes auditivos no Instituto Nacional de Educação de Surdos.

Quando recebi as respostas, fiquei encantada com a postura da Mônica, já que temos a mesma opinião quanto ao IC: é uma decisão de foro familiar e cabe ao resto do mundo apenas informar quanto as opções: educação bilingue (Português/Libras), Implante Coclear ou ambos.  O que reforço é que uma coisa não exclui a outra. Fazer o IC não impede ninguém de aprender Libras. E usar somente a Libras como forma de comunicação não impede ninguém de fazer IC.  Cada família deve optar por aquilo que acreditar ser o melhor e é ela, e não o Estado ou os profissionais da área de saúde ou os educadores que decidem nada, o espaço que tem é apenas de orientar e sugerir, nunca forçar nada.

Abaixo, as respostas da Mônica:

– Mônica, conte-nos um pouco sobre você. Você é de onde? Trabalha há quanto tempo como fonoaudióloga?

Olá para os leitores do “ Desculpe eu não ouvi” ! Quero agradecer o convite para estar aqui nesse cantinho onde sempre que posso faço uma “visitinha” e me delicio com os comentários e com as histórias de superação que tanto me ensinam….

Sou do Rio do Janeiro e atuo na área da surdez há 27 anos

– O que te fez escolher a Fonoaudiologia como profissão? Algum motivo especial?

Nossa ! Esta pergunta daria um livro, mas vou tentar resumir essa minha história pessoal que é especial e me faz feliz ao lembrar…

Tenho contato frequente com pessoas surdas desde que nasci.

Minha mãe é Professora aposentada do Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES – Centro de Referência Nacional na Área da Surdez e que possui aproximadamente 500 alunos surdos no seu Colégio de Aplicação e tantos outros em seu Departamento de Ensino Superior. Por isso, convivo muito próxima a eles há tempos.

Nos anos 70 muitos alunos surdos eram internos na Instituição, pois vinham de outros Estados para estudar nessa que é a única escola Pública Federal especializada para o atendimento ao surdo no País. Em muitos finais de semana convivia muito próxima aos alunos do Instituto porque enquanto os estudantes surdos cariocas voltavam às suas casas para o convívio familiar, os internos de outros Estados permaneciam na Instituição, pois era quase impossível um retorno às suas casas pela distância entre o Instituto e seus Estados. Muitas vezes esse convívio foi até bem familiar na medida que minha mãe, ao ser autorizada, os levava para passar o fim de semana conosco.. Tenho alguns amigos dessa época. Eram como meus irmãos de fim de semana. Brincávamos, saíamos, fazíamos tudo que uma família costuma fazer nessas ocasiões. Penso que este foi o começo da minha história profissional na área da surdez e escolher a Fonoaudiologia como veículo científico para lidar com a questão foi pura empatia..


– Nós temos conhecimento que você realiza um excelente trabalho no INES, então conte-nos um pouco sobre esse trabalho. Acredita que ele poderia ajudar os Implantados?

Os profissionais da Divisão de Fonoaudiologia – DIFON – do INES são especialistas na área e estão continuamente em atualização. Com a regulamentação do Teste da “Orelhinha” e por ser o INES um dos locais que realiza gratuitamente esse exame para toda a comunidade, temos recebido na Instituição muitos bebês precocemente diagnosticados com surdez. Com isso o perfil do público atendido está mudando. A DIFON atende exclusivamente aos alunos da Instituição e agora também muitos bebês surdos. Realizamos todo um trabalho de orientação aos pais, mas a escolha para o melhor caminho a seguir sempre é deles. Atendemos bebês cujos pais optaram pelo IC como também outros que fizeram a opção pelo trabalho bilíngüe, porém o Implante Coclear já é uma realidade na Instituição e estamos nesse momento nos organizando e reformulando o Projeto Político Pedagógico para também construir um programa diferenciado para atendimento a esse novo público de Surdos Implantados no INES.

– Como a direção do INES vem acolhendo a idéia do Implante Coclear?

A Diretora do Instituto, Professora Dra Solange Maria da Rocha, sabe que o Implante Coclear é uma realidade, e sua realização uma escolha das famílias. É partindo dessa constatação que o INES dialoga com seus alunos implantados e os que desejam realizar o implante. Também entendemos que há resistência política quanto ao IC por segmentos da comunidade surda e estamos atentos a isso. O INES deve garantir a livre escolha das famílias e dos alunos pela realização e pela não realização do Implante Coclear.

– Em seu consultório você atende Implantados? Se sim, você daria aos Implantados e as outros fonos sugestões de como trabalhar melhor o Implante?

Em minha prática no consultório atendo também pessoas surdas implantadas, porém é muito delicado sugerir trabalhos sem conhecer as histórias, sem conhecer cada criança; suas famílias e escolas. Um diferencial importante é quando encontramos escolas que decidem abraçar verdadeiramente a inclusão tornando-se verdadeiras parceiras no trabalho a ser desenvolvido. O que percebo cada vez mais na prática do dia- a – dia é que aqueles cujas famílias e suas escolas estão abertas, seguindo as orientações e nos procurando nos momentos de dúvidas, como também nos recebendo em diferentes momentos para pensarmos juntos sobre o melhor caminho pedagógico a seguir com o aluno, são aqueles que possuem maior sucesso escolar. A orientação frequente é um diferencial. Costumo inserir os pais ou responsáveis nos atendimentos e muitas vezes também alguns professores que se disponibilizam e vão até o consultório no horário da terapia de seus alunos. Tudo que é vivenciado é melhor assimilado, compreendido para ser reforçado na escola e em casa. Todos só têm a ganhar com isso.

– Algo que desperta um enorme carinho das pessoas por você é que, mesmo sendo uma profissional ocupadíssima e com pouco tempo livre, dedica-se há 4 anos a realizar o Encontro de Implantados do Rio de Janeiro. como você se sente neste realização?

Super feliz !!!! Acho que desde a 1ª vez que tive contato com uma pessoa surda implantada, o Roner Dawson, amigo querido que me introduziu no FIC e aos conhecimentos iniciais sobre implante, o desejo de me aproximar de vocês e mergulhar nessas histórias de superação foram ficando mais fortes…Quanto ao pouco tempo livre.. uma amiga sempre me faz lembrar que 1 hora não tem mais que 60 minutos, pois desde muito jovem a paixão pela vida e pela profissão me faz abraçar várias frentes e o Encontro Carioca de Implante Coclear é uma dessas frentes. Confesso que esse ano por estar com novas atribuições de trabalho no Instituto, tentei pedir uma licença temporária da Comissão Organizadora do Encontro, com receio de não conseguir estar tão participativa como nos outros anos, mas eles não me deixaram “licenciar” .Aos queridos Clara “Lita”, Gil Muner, Marcos Antônio, Marcus Felipe e Patty Escobar só tenho a agradecer, pois o carinho que recebi deles e a nossa amizade me deram todo suporte para continuar. Estamos a mil – super empolgados – e bolando várias surpresas para recebê-los com o mesmo carinho e entusiasmo dos outros encontros, sendo que esse ano também comemoraremos os 10 anos do Fórum de Implante Coclear com a presença já confirmada dos três moderadores, Roner, Fernando e Felipe. Ficamos muito honrados em sediar essa primeira comemoração.

– Monica, você nos daria a honra de dizer uma frase de incentivo aos que desejam uma melhor qualidade de vida?

Fui aprendendo no convívio com as pessoas surdas que muitas vezes o que para mim significa qualidade de vida, para outra pessoa pode não ser. Quando cheguei ao INES era muito nova – me fiz Fonoaudióloga aos 21 anos – e entrei com o sonho de que ensinaria a Língua Portuguesa em sua modalidade oral a todos os alunos do INES. Eu os ensinaria a falar. No decorrer dos anos fui percebendo que nem todos poderiam aprender por motivos diversos, mas que também muitos deles não se interessavam em falar. Muitos se calavam para lutar pelo reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais – Libras. Com isso, resolvi me abrir também para conhecê-la e tenho certeza que aprender Libras fez um diferencial no meu “ ser Fonoaudióloga”. Durante todos esses anos e em convívio diário com muitas famílias, muitos surdos adultos – queridos amigos – percebo que o respeito por suas escolhas é essencial para o exercício pleno da profissão que escolhi para ensiná-los e orientá-los a exercerem sua cidadania. Aprendi sobre lutar verdadeiramente por um ideal, a ouvi-los, a aceitar o outro e todas as suas contradições e diversidades..
Frase de incentivo? Hum..poderia citar muitas, mas a mensagem que gostaria de deixar é a de que devemos respeitar o outro e suas escolhas e atuar dentro da nossa profissão sempre buscando o melhor para aquele paciente, porque cada um é único.
Para ilustrar conto dois fatos:
Uma ex-paciente, surda bilíngüe, bacharela em Direito, Pedagoga bilíngüe e Professora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ – teve seu 1º filho – surdo. Hoje, ele está com 10 meses e ela optou, desde que foi diagnosticado com 1 mês , por não fazer o Implante. Iniciou terapia precoce e está se tornando um fofo bebê bilíngüe.
Um casal de surdos conhecidos, ambos falantes da Libras, teve seu 1º filho – surdo, há 8 anos atrás. Fizeram a opção pelo o Implante Coclear. Hoje em dia ele é um fofo menino bilíngüe.
Os caminhos são muitos, as histórias, as famílias e por isso, precisamos ter a sensibilidade para aceitar suas escolhas e respeitar os seus desejos.

Para finalizar deixo então duas frases. A primeira do Papa João Paulo II : “O respeito à vida é fundamento de qualquer outro direito, inclusive o da liberdade”.  A segunda frase de Franz Kafka : “A única coisa que temos de respeitar, porque ela nos une, é a língua“

Um beijo em todos vocês!


 

 


Beijinhos sonoros,
Lak

35 Resultados

  1. Roner disse:

    Ai que delicia ter a Mon aki nas paginas do DNO. Esta menininha inspira doçura e bravura por onde passa.
    Este contato dela comigo, pra saber do IC foi legal. Um dia liguei pra ela… ela tava no shopping, com sacolinhas de “comprinhas basicas” e atendeu ao fone… qdo soube que era um “surdo implantado falando ao telefone” ela disse que simplesmente largou as comprinhas no chao, rsrs…. e falamos bastante, sobre a nossa 1a palestra la no INES.

    Bjinhos e Parabens, Mon!!! Va em frente com tudo isto que tem de bom ae. Estamos no suporte, SEMPRE.

    Bjos Lak, e parabens por mais esta entrevista legal.
    🙂 😀 😈

  2. cris disse:

    Parabéns, pela entrevista a Mônica é ótima e profissional de primeira, inspira qualquer pessoa com o amor que ela tem pela profissão e pala causa.
    Mônica que Deus a abençõe e te mantenha sempre bem pertinho de todos nós!!! abração. Lak parabéns para você também é Show o trabalho que esta fazendo aqui. bjosss.

  3. Marcelo disse:

    Olá Lak!

    Confesso que fiquei surpreso com essa entrevista, me deliciei com essas palavras.
    Como você sabe aprendi libras e me tornei bilíngue por opção, e acho interessante isso.
    E parabéns a Mônica que tem realizado um trabalho MARAVILHOSO!

    Beijos!

  4. Lívia disse:

    Conheci a Mônica em Bauru, dois anos antes do implante coclear. realmente, ela é maravilhosa e tudo o q conversamos também foi decisivo para a minha opção. Gd beijo, Lak! E Parabéns! O DNO está cada vez mais interessante! 🙂

  5. David Barbosa Melo disse:

    D+ essa entrevista. Que texto gostoso de ler e quanta sabedoria da Mônica.

    Sempre que há uma discussão sobre usuários de Libras e Implantados, sempre tenho tido essa posição de tolerância e respeito pelas decisões tomadas, pois, realmente, como disse a Mônica, o que é qualidade de vida para uns não o é para outros.

    Parabéns Mônica pelo lindo trabalho com comprometimento que você executa.

    Pra você, Lak, nem vou falar nada… você cada vez nos surpreende com algo delicioso.

    Bjs.

  6. Maíra disse:

    Essa jovem que ela citou na parte de optar ou não pelo IC é minha amiga! 🙂
    Adorei esse depoimento!
    beijinhos

  7. Daniele Andrade disse:

    Sou mãe da Milena Andrade Souza Ribeiro, que está na foto junto com a fono Mônica. Gostaria de dizer a todos que têm vontade de realizar o Implante Coclear ou conhecem pessoas surdas que têm a possibilidade de fazê-lo, que recomendem e indiquem esta entrevista da Mônica, pois foi graças a ela que eu pude entender e ver que é possível, sim,um surdo ser oralizado e ouvir. Hoje Milena está com sete anos e seus progressos são constantes. Parabéns e obrigada, Mônica! Você merece este e todos os outros reconhecimentos.

  8. Renata Andrade disse:

    Ótima e esclarecedora entrevista. Sou tia da Milena e acompanho dia a dia todos os seus avanços. Eles provam o quão bom e eficaz é o trabalho da Mônica, exemplo de profissional que tem amor pelo que faz. Parabéns para ela e para quem mantém este canal.

  9. Marta Ciccone disse:

    A cada dia que passa, temho aprendido a respeitar cada vez mais você Mônica ! Parabéns pelas palavras e posicionamentos vindos de você, nesta entrevista.

  10. Já esperava palavras sábias e humanas desta pessoa enorme que se chama Monica Campello. Sempre tolerante e inteligente. É um privilégio ser seu amigo. A entrevista está clara é lúcida!
    “A vida é repleta de escolhas”
    Bjos

  11. Priscilla disse:

    A Mônica é extremamente sensacional!!! Não sei o que seria da minha vida sem ela, pois digo que ela é tudo a “minha” (ex-fono, mommy 2, amiga, companheira e cumadí). Ela me viu pequeninha com 3 aninhos, entrando para o centro de dança, e dizia para mim “aqui não pode falar língua de sinais só pode falar oralmente” (como ela diz na entrevista que sonhava ver todos surdos falando) e hoje ela vê que a opção da educação de surdos, após anos de experiencia, cabe a decisão da família mesmo, desde que mostre caminhos diferentes (ensino bilingue, oralização, implante coclear e LIBRAS). Agradeço muito a ela por fazer parte do meu desenvolvimento e agora faz parte do meu pequeno de 11 meses, também surdo bilíngue.
    Ela é uma pessoa disposta a aprender coisas novas, novos desafios, chega até onde que quer por mais que almeje. Super determinada e decidida, mas no fundo um amor de pessoa!
    Não existe uma outra Mônica Campello!

    • Avatar photo laklobato disse:

      Obrigada pelo seu depoimento, Priscilla. Eu acredito que é a família, e ninguém mais, que decide o que é melhor para a criança. Beijocas

  12. Marisa Viola disse:

    Povo, a Mônica é esse tudo de competência e ainda vai ao cinema, come no McDonald, frequenta a praia ou seja faz tudo que um ser humano normal faz. Mônica parabéns e a laklobato tudo de bom e sucesso no blog. Não conhecia e agora virei fã. Bjs.Marisa.

  13. Letícia Lins disse:

    Adorei a entrevista da Mônica Campello, eu a conheço a pouco tempo e é uma pessoa maravilhosa…
    Beijos 😀

  14. Celeste Azulay Kelman disse:

    Querida Mônica,
    Parabéns pela entrevista. Aprender é uma permanente troca mútua e aprendi com você ao ler sua entrevista. Compartilhamos das mesmas ideias. Surdo implantado pode ser bilíngue. Não deveria haver crise identitária nisso. É inclusive uma maneira de participar na construção do conhecimento de outros surdos não implantados. É isso que tento passar para meus alunos de início na UnB e agora aqui na UFRJ. Nos encontraremos no dia 20, no almoço comemorativo do X Encontro de IC!!!Beijos!!!

    • Avatar photo laklobato disse:

      Direito de ser bilingue sim. Mas como escolha, jamais como obrigação! O mesmo direito de não falar Libras nos assiste. Assim como o direito de fazer ou não fazer o IC.
      Beijocas

  15. therezinha campello disse:

    Oi filha. Estou super orgulhosa de vc mas, sempre soube que irias longe pois és dedicada , competente e uma doçura de pessoa. Vc merece todo o reconhecimento possível. Muitos beijos.

  16. Laurinda Valle disse:

    Mônica muito lindo, parabéns! Adorei suas palavras e esta é amiga que conheço, envolvida no seu trabalho, competente e sempre pronta a atender de coração a todos. Muitos beijos

  17. Mônica disse:

    Olá para todos..mais uma vez *: ) !

    Que gostoso “ler vocês” e sentir todo carinho nos comentários.

    É como Priscilla, minha querida, escreveu : a determinação e a certeza de que podemos sempre mais é o que me faz acreditar e me impulsiona a alcançar meus mais intensos “quereres”. E foi com a Priscila, o Roner, a Milena, o Hidalgo, o Gil… e tantos outros Surdos, que aprendi a buscar minhas realizações profissionais mirando sempre no exemplo e nas histórias de superação de todos vocês.

    Beijos gratos a Lak e ao Gil por me darem a oportunidade de me abrir um pouco com vocês por meio dessa entrevista, ou melhor, desse delicioso bate papo.

    Beijos…sonoros 😉

  18. Zulmira disse:

    Parabéns.
    Que Deus te abençõe e que continue com esse trabalho maravilhoso.
    Bjks♥

  19. Valéria disse:

    Ouvi falar da Mônica pela 1ª vez como Ronner em Bauru, quando meu filho foi fazer a a cirurgia do IC. O seu nome nunca saiu da minha cabeça. Hoje, através de uma intensa procura, ela é a fono do Bernardo,rrss. E o que tenho a dizer? Ser ser piegas, ela é maravilhosa, super em tudo o que faz, sempre com muita competência, e sem falar no amor, carinho e dedicação que ela atende nossos tesouros. O Bernardo está há pouco tempo com ela e já está progredindo muito desde então. Estou muito feliz ,mesmo.
    Um grande beijo Mônica!!!! E parabéns pela entrevista Lak!

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