Pequenos milagres

Sábado, fui ao shopping almoçar. Até aí, nada demais, programa banal de sábado…

Estávamos no restaurante – é engraçado, pode ter umas 10 pessoas na mesa, que os garçons sempre querem falar comigo, não sei por quê – decidindo o que comer, quando chega uma família, pai, mãe e filho de uns 8 anos.

Eles sentaram-se numa mesa ao lado da nossa e, uma hora, a mãe levantou com o filho para olhar uma vitrine de doces.

Notei que o menino usava o Implante Coclear bilateral preso no capuz da blusa. Era fofo, porque era metade marrom, metade bege, meio mesclado no cabelo castanho dele.

Senti uma vontade enorme de chegar na mãe dele e fazer mil perguntas, mostrar que também usava o IC e que achava super especial esbarrar por ai com uma criança também implantada.

Mas, achei que eles não estavam no shopping para ser balcão de informações e deixei-os em paz…

Minha mãe disse que a voz do menino era perfeita, de criança ouvinte mesmo, o que me deu aquela pontinha de inveja hehehe Embora eu tenha ficado hiperfeliz por ele.

Penso como as pessoas que perdem a audição agora têm sorte, de ter um recurso tecnológico tão útil à disposição.

Beijinhos sonoros,

Lak

24 Resultados

  1. SôRamires disse:

    Fico na dúvida nesses casos porque às vezes a outra pessoa fica contente de achar alguém semelhante nesse aspecto da surdez. Muitas vezes na rua me perguntam sobre o aparelho auditivo, e não me incomoda nem um pouco responder. Mas acho que tem que ser uma coisa do momento, a gente acaba tendo sensibilidade e educação para não abordar pessoas que não querem ser incomodadas. E se sentir que invadiu o espaço do outro um pedido de desculpas pode fazer a diferença.
    Só me incomoda mesmo quando insistem em conversar em libras… 👿

    • Avatar photo laklobato disse:

      Não, Sô, eu acho legal encontrar outro implantado, porque ainda existe muito preconceito e desinformação que impede que muita gente utilize esse procedimento, abrindo mão de um universo sonoro que nenhuma protese externa alcançaria. Especialmente no que se refere a crianças, porque os pais sempre ficam cheios de dúvidas.
      E, no caso dele, como era bilateral, achei muito mais legal mesmo hahaha
      Agora, encontrar outra pessoa com protese, é como encontrar outra pessoa de óculos, nada demais.
      Beijos

  2. Núbia disse:

    Oi Lak!
    Toda vez que leio um post seu falando sobre o implante me lembro de um rapaz, filho de uma colega de trabalho, que tem surdez desde bebezinho. Ele tem 17 anos e é um rapaz lindo, só que não fala quase nada e agora está usando dois aparelhos auditivos. Gostaria tanto que seus pais tivessem condições de que ele tivesse um tratamento melhor…

    Beijo pra tu! 😉

  3. Jairo Marques disse:

    Eu não teria aguentado, não ahahhahah.. teria abordado a mãe que, por sorte, ficaria super contente de falar sobre a conquista do filho!!! ahhaha.. bjosss 😎

    • Avatar photo laklobato disse:

      Será? Sou uma “peçoua” timida, esse é o problema huhauhauhaua
      Mas, que dava uma boa entrevista pro DNO, dava sim… Oh, dia! Oh, azar! Oh, timidez do caramba… hihi
      Beijos

  4. zuleid disse:

    Ai eu também faria como o Jairo e já “engataria” uma conversa…
    Mas respeito sua timidez (apesar de não ter esta impressão a seu respeito!!)
    e entendo que por ser sempre invadida em sua privacidade tenha mêdo de cometer a mesma indelicadeza…
    Eu mesma às vezes me vejo invadindo você com mil perguntas e palpites…desculpa tá?!
    Hoje uma criança que estava na minha sala de espera ao ver um adulto com aparelho auditivo saiu com esta frase:
    -Que “da hora”, ele tem um MP3 dentro da orelha!! Que demais!!
    Criança é sensacional né?!!!

    • Avatar photo laklobato disse:

      Hahaha não se preocupe. Se eu me exponho aqui, é pq estou aberta à perguntas.
      Pessoalmente, eu sou um poço de timidez (por isso, passo por antipática e esnobe), mas não é uma timidez natural, é por causa da surdez mesmo. Naturalmente, eu sou hiper extrovertida. Mas, preciso de segurança pra chegar nas pessoas. Não sou boa é de falar com desconhecidos….
      Criança sempre tenta achar algo legal pras coisas, já notou? Em vez delas procurarem defeitos, procuram qualidades… isso que eu acho fantástico nelas…
      Beijinhos

  5. Marcco disse:

    Na verdade, eu te entendo. Levando em consideração que o garoto está construindo a vida dele e nao sofreu os problemas da surdez, falar normalmente é simples. Sua história já é diferente, outra vivência. Mais enriquecedora, por ter optado em expor essa “passagem ” que vc faz. Voce ouviu, deixou de ouvir, e agora ouve novamente. Gosto de pensar na forma positiva que isso traz, nao só na negativa (se é que há). Relaxa, que ja ja vc ta cantando babalu em aramaico sem sotaque. E se eu nao entender algo que vc falar, mando repetir. rs

    Adoro seu blog. 😀

  6. Maíra disse:

    Eu tb sou assim! Tb teria falado com a mãe, teria batido o maior papo…! heheheh eu adoro conversar sobre surdez, sobre as conquistas e os avanços. Nao sei se tb acontece contigo, mas se eu consigo perceber q uma pessoa tem aparelhinho láááá do outro lado da rua. Aí eu sempre digo para alguem que estiver comigo “olha, ele tb usa aparelhinho como eu.” E fico sempre muito feliz. É algo em comum.
    Qd vejo criança com aparelhinho eu sempre fico toda comovida e achando a criança mais linda do mundo! hahahah
    Boba, nao?

  7. David disse:

    Eu acredito que eu também não abordaria os pais e a criança… aliás, recentemente, no consultório médico em Londrina-PR, encontrei-me com um recem implantado (o primeiro implante feito na cidade de Londrina). Fiquei cossando de vontade de perguntar alguma coisa pra mãe e pro rapaz. Não tive coragem, exatamente por conta da timidez… e bem do tipo de timidez que você disse, em função da surdez. Até posso estar agindo errado, mas é muito dificil romper essa timidez. Por essa razão a gente acaba perdendo um monte de coisa…

    Vamos ver se um dia consigo vencer esse estado..

    Bjs.

    • Avatar photo laklobato disse:

      Acho que, com o passar do tempo, adaptados ao IC, a gente rompe essa barreira sim… Ou não, já que eu não gosto de invadir os outros hehe
      Beijos

  8. Andressa Engel disse:

    Olá….Tô aqui em Bauru no centrinho, já fiz novos testes, passei por psicologa, etc…Sempre encontro muitas crianças qdo venho, mas desta vez fiquei impressionada com a quantidade, devia ter umas 12 ou mais, todas implantadas. E tbém encontrei um senhor que ficou surdo faz pouco tempo e fez o implante a 1 ano atras, ele disse que recuperou 90% da audição e eu fiquei empolgadíssima….hehehhe, e tinha um outro senhor esse deve ter mais de 60 anos e foi ativado ontem, pena que descobri isso depois que ele foi embora, pois queria fazer um monte de perguntas….hehhehe. Fico tentando imaginar como será o som que o IC me proporcionara, a fono novamente fez questão de frisar que é muito diferente e que eu posso não gostar…mas eu disse p ela que qualquer som é melhor que o silêncio e que vou me esforçar…hehhehe. Falei um monte de vc e de suas experiências…rsrrssr
    O legal é que desta vez eu trouxe o meu filho, ele tem 6 anos e estava super preocupado com o que ia acontecer comigo, graças a deus ele teve uma reação super positiva ao ver outras pessoas e crianças usando o implante….ele brincou com elas, conversou e se entenderam muito bem…no fim ele disse que está gostando de tudo aqui e que ele gostaria de ficar uns 4 dias…heheheheh. isso é o que vitamina a minha vida…
    Ah!!! O aparelho que vão me colocar eh um tal Med…alguma coisa, não vai ser igual ao seu….
    Escrevi um livro…desculpe é a impolgação.
    Bjus

    • Avatar photo laklobato disse:

      Andressa, você sempre pode se empolgar, fica tranquila…
      Olha, como vc colocou muito bem, qualquer som é melhor que silêncio. Eu reclamei com uma fono, com quem conversei, que esse comportamento de pegar no pé evitando uma possivel decepção não ajuda em nada, do contrário, desanima muito e é desagradável ter que combatê-lo. Uma coisa é ser realista, outra é ser pessimista ao extremo. Especialmente, porque pode causar um bloqueio, em quem fica achando que não vai conseguir grandes coisas.
      Otimo sabe que seu parceirinho de vida se animou com o IC.
      A unica coisa que achei ruim do Medel (provavelmente sera o Opus) é que ele não permite a retirada do imã pra fazer ressonância e vc vai ficar limitada à uma determinada potência. De resto, ele é tão bom quanto o freedom e vc irá longe, com certeza.
      beijão

  9. Rogerio disse:

    Eu estou a léguas de ser tímido, mas não sei se abordaria a família da criança para falar sobre o IC. Não sem um estudo antes. Cada caso é um caso, depende muito da abertura que o possível interlocutor demonstre dar. Minha filha era PC, e com algumas pessoas eu batia papos e trocava idéias e experiências; outras pessoas já não gostavam de tocar no assunto. É de fato complicado isso, porque sabemos o quanto é chata a invasão.
    Belo texto, como sempre.

  10. David disse:

    Um pouquinho atrasado, mas gostaria de comentar a resposta que você deu para a Andressa.
    Você tem toda razão quando diz que, embora no sentido de evitar uma decepção, muitas fonos e psicólogos exageram na dose e acabam transmitindo um pessimismo medonho.
    Na minha consulta com a psicóloga dava impressão que ela queria que eu “desistisse” do IC de tão pessimista. Falou que durante um tempo eu iria ouvir mas não compreender nada e que só depois de uns 3 anos é que a coisa iria ficar boa. Se eu não estivesse convicto em fazer o IC…!!!!???
    Falar a verdade pra você, eu acredito que quando fizer o IC e for ativado, posso até não “gostar” do som, mas acho que vou compreender sim (Claro que estou ciente que pode não ser bem assim) mas meu histórico me permito ser bem otimista.
    Cautela sim, mas pessimismo extremado, só desestimula.
    Beijos.

    • Avatar photo laklobato disse:

      David, vc pode não compreender perfeitamente nos primeiros 3 meses, porque o aparelho precisa dos mapeamentos pra ficar bom. Mas ja vai compreender alguma coisa SIM. Pela memoria auditiva recente e porque, apesar de diferente da audição natural, é uma reprodução pura e clara.
      E, se por ventura não funcionar de imediato, alguma hora irá. Tenha paciência. Melhor esse periodo de adaptação do que o completo silêncio, concrda?
      Beijos

  11. Marcela Cordeiro disse:

    Ah Lak, sei que vc é tímida, mas eu sou muito cara de pau!kkk
    Se eu encontro um surdo implantado ou com AASI que seja criança, adolescente, mulher ou homem adulto, idoso eu vou lá puxar papo na boa, mas quando é um surdo jovem como eu, não vou, sabe o que é? Namorado ciumento….ueueheeuheuheuheue 😳
    Olha, sobre me abordarem, ano passado, estava numa loja da arezzo, eu falando normalmente,e a gerente veio falar comigo pela primeira vez: Olá Marcela, vc por acaso tem problema de audição?
    Nossa, na mesma hora eu e minha mãe ficamos supresas! Nem tinha ideia de como ela percebeu se o meu AASI era intracanal, quase invisível!
    Era o sotaque guria! E também porque ela já trabalhou numa escola para surdos, e olha o milagre: diferente de muitos que já me abordaram e começavam a me irritar falando em libras, ela falou comigo ORALMENTE, nem usou um sinalzinho sequer. Ela era ouvinte e bilingue, sabia libras e conehcia oralizados também;
    Veja Lak, como é raro, mas raríssimo encontrar alguém que saiba respeitar espaços e entende muitíssimo bem do assunto, que é a surdez?

    Bjos

  12. Leila disse:

    Muito bacana isso… Uma criança falando perfeitamente. Acompanho um vizinho (ele mora num prédio ao lado do meu), que foi implantado com 1 aninho… Hoje ele tem 6 anos e parece que nem nasceu surdo. Fala de tudo, fala pelo telefone.

    Uma vez a mãe dele veio me pedir pilhas pq tinha acabado. O garoto estava desesperado. Nem sabe o que é surdez.

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