30 minutos gritantes do seu mundo ouvido através dos seus olhos.
Feche os olhos e deixe o som ambiente penetrar os seus pensamentos.
Ouça com atenção os sons que normalmente você ignora.
Perceba a sutiliza de cada sussurro gritante da vida.
Seja pela melodia que sai da caixa de som do seu computador, pra preencher o ambiente.
Seja o barulho da televisão que seu pai, mãe, marido/esposa, filho, colega de quarto ouve no cômodo ao lado.
Seja pelo movimentar dos carros que transitam pelas ruas com pressa, sempre com pressa.
Seja o avião que corta o céu com seu barulho-motor que te ensurdece por alguns segundos.
Seja pela risada das crianças que brincam pela vizinhança.
Seja pela insistência da rapidez do teclado daquela menina do seu trabalho, sentada a alguns metros de você.
Perceba a voz das pessoas que vem falar com você e que, por vezes, até te irritam, tamanha a banalidade.
Seja também pelo som do bebê que chora e instiga em você a vontade de acalentá-lo.
Seja pela música clássica que faz a bailarina voar do chão.
Seja pela voz confortante da mãe que canta suavemente para adormecer o filho que carrega nos braços.
Seja pela música que toca no rápido e te causa repulsa.
Seja pela música que toca no piano e te traz a lembrança da sua mãe.
Seja pelo som da eletricidade, que te deixa apreensivo.
Seja pelo barulho confortante dos carros atravessando poças d´água que te fazem lembrar da tranquilidade do seu colchão.
Seja pela sua capacidade de perceber que a vida que fervilha em barulhos, ruidos, sons é tão rica e tão vasta, que ela se perde na banalidade dos sons cotidianos.
A gente se perde nas mazelas da vida. Perde-se na necessidade de preencher a vida. A gente nasce, cresce, estuda, se forma, trabalha, conhece alguém, casa, faz filho, cuida dos nossos pais. E nesse meio tempo, vai deixando de perceber os milagres que acercam a nossa vida, que nos demos conta.
E somente quando alguém, diferente e igual a você, pede pra você fechar os olhos e imaginar cada milésimo de segundo sonoro da sua vida, você consegue vislumbrar a poesia da parcela auditiva da vida.
Simplesmente desligue o piloto automático e permita 5 minutos de abundância sonora.
E então, a gente – eu e você – simplesmente se dá conta das belíssimas palavras do mestre 
Gonzaguinha, que canta:
“Eu fico com a pureza da resposta das crianças.
É a vida, é bonita e é bonita(…)”
Beijinhos
Lak
p.s. post em homenagem aos amigos da festa de sábado, em comemoração ao primeiro aniversário do blog Assim Como Você, de Jairo Marques. (Tem fotos lá, pra quem estiver curioso)
Ai que delicia de post… Fechei aqui meus olhinhos e alems da tv ligada, de algumas pessoas “berrando” do lado de fora, pude perceber coisas que ate um minuto atraz nao fui capaz… o cantar dos passarinhos… o barulho do vento que faz sinfonia… a chuva que molha a terra e quase q ela responde agradecendo isso tudo! Obrigada Lakinha por me proporcionar 2 minutos de puro prazer!! 😳
Eu que agradeço. Percebeu que a sua descrição me deu a oportunidade de ouvir o mundo como você ouve, atraves dos seus ouvidos? A magia da vida é essa troca. Mas a gente esquece… pena!
Beijinhos
que bonito, Lak!!!… dessa vez eu que te deixo um soneto então (aquele do Bilac que fala mais do que eu poderia agora):
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…
E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
😉
Belíssimo, Juca! Eu não conheço quase nada do Bilac. Amei… lindo demais. Obrigada
Belíssimo post! Fechei os olhos e escutei o barulho do vento frio que sopra lá fora. Obrigado por nos propor essa experiência.
Bjs
Tá ventando? Puxa, taí um barulho que eu consigo ouvir, com aparelho… mas tenho que me concentrar, porque confundo tudo!! Mas, quando li o que você escreveu, fiquei imaginando. Adoro esse barulho!
Beijo enorme
Dost Lak…
Vi que hoje acordou inspirada ( 😀 ). Muito interessante o texto, viu ?
Com relação à comemoração do blog do Jairo no último sábado, foi uma experiência magnífica que superou minhas expectativas. Foi muito bom poder conversar contigo, trocar idéias, bem como interagir com os demais participantes.
Sua simpatia contagiou a todos.
Vamos torcer para que o próximo encontro não demore tanto para acontecer.
Ah, parabéns ao Juca pelo texto do Bilac.
Hahaha você é uma pessoa fantástica, Agnaldo. Mas eu sou ruim pra dar atenção pra uma pessoa só, tinha muita gente com quem eu queria conversar. Na próxima, a gente proseia direito (tão bolando uma festa junina, vc viu?) e que a próxima seja breve!
Beijinhos
Agora mesmo lendo o seu post estou ouvindo o barulho da chuva e dos carros passando pelas poças d’água, o barulho do vento na árvore do quintal e me lembrando dos tempos que eu ia para a escola na chuva, chego até a sentir o cheiro da terra molhada do pátio da escola e me transporto para aquele tempo… muito bom isso.
Beijão pra tu Lak!
Isso é lindo, Bia… traduzir os sons do mundo!! Beijos
Olá lak,
Que maravilha de texto! Ah a vida… A gente, às vezes, perde muita oportunidades de vivenciar as coisas da vida. Não só um som, ou uma bela vista/paisagem, mas muitas coisas. Coisas estas que pode ser simples, mas que fazem a diferença!
BjuS!
Verdade. A gente esquece… Mas, felizmente, de vez em quando aparece alguém pra fazer a gente acordar de novo… =) Beijinhos
Lak, mais de um assunto pra tricotar hoje!
1º Já vi que você fez o maior sucesso no encontro de sábado. Mais de um leitor do Assim como você falou da sua simpatia… Minha intuição não falha: você deve ser uma “garota do barulho” que, como na música do Gil, está “sempre rindo e sempre cantando”.
2º Seu texto é muito sugestivo. Me rendi à sua proposta. Hoje, confesso, só consegui ouvir a euforia da minha rua congestionada: distingui o que “falavam” os ônibus, as motos, a ambulância, o carro chegando no meu portão, os veículos – que se dizem de passeio – passando, uns com mais, outros com menos lentidão. No meio disso tudo, as buzinas dando sinal de que as pessoas, a vida tem pressa. Nenhuma nesga de silêncio e os sons da minha casa ficaram entorpecidos pela sofreguidão das emoções que reinam lá fora. Esse exercício foi revelador. Quero incorporá-lo à minha rotina. Aos poucos divido com você as minhas descobertas. Valeu demais essa dica! Beijos.
As pessoas falam de mim, só porque… só porque… sei lá pq hahaha eu sou timida, juro. O povo é que se recusou a acreditar nisso hahaha
Adoro as descrições de vocês. Todos os barulhos são confusos demais pra mim. Mas com um pouco de ajuda… hummm, a percepção se transforma. Por isso que teimo em encher a paciencia e dizer: Parem, ouçam… E por 5 minutos, vcs me emprestam seus ouvidos e o mundo se torna barulhento de novo!
Grande beijo
Um texto digno de aplausos… o som dos aplausos, todo mundo costuma prestar atenção, não é mesmo?! Beijos
Esse eu lembro bem. Ate de olhos fechados, consigo imaginar… Em vários ritmos.
Mas você sabia que as palmas para surdos são diferentes. Não faz barulho, são mãos abertas, agitadas, ao lado da cabeça!!! Visualmente falando, é lindo!
Beijos
Lak, já fiz essa experiência há alguns anos no Instituto de Artes da UFG. Eu não estudei lá mas você, o Jairo e mais aqueles 3 ou 4 sabem que adoro ser infiltrado. A proposta era vendar os olhos e permanecer em completo silêncio por alguns minutos, só tentando identificar sons externos (pareceram horas, não sei por que perdi completamente a noção do tempo) e perplexo percebi até uma goteira de um lavatório que não ficava tão perto assim, além de coisas mais corriqueiras como o trânsito, latidos, crianças gritando, o vento. Normalmente não ouvimos nada disso. Aliás, ouvimos, mas arquivamos na pasta “sem importância”. Seu texto é ótimo. Beijos.
Hehehe, infitrados como você, fazem a gente esquecer da Matrix!! Beijos
Muito lindo o que escreveu, Lak.
Conheci o poema de Bilac há uns 6 anos atrás. O poema é cantado na voz de Paula Toller (Kid Abelha).
Depois que fazer o post sobre surdez/música explico pro Juca de onde/como sei a música hahaha…
Beijão.
Faremos isso essa semana, heim? Ja ja te mando as perguntas, pra poder elaborar o texto.
Beijos
Ok, combinado!
😯
hj vai ser um dia de comoção no país por causa da estória lá do avião, né… uma coisa assim lembra sempre como a vida é estúpida/instável mesmo… qdo a gente se pega olhando pras estrelas, no fundo é isso tb… elas dizendo: “que piada é tua existência!”… cada um dá uma resposta diferente pra isso… eu tenho algumas e tem uma que eu acho bem ridícula pro meu racionalismo caricato mas que eu gosto e vou confessar aqui (tem a ver com o post seu): tem um passarinho, Lak, que eu não sei o nome (coisa difícil pq sei o nome de muitos!) mas parece um pardal um pouquinho só menor com o mesmo padrão de penas só que no lugar de matizes marrons, são cinzas… (só que é bem mais raro que um pardal!)… esse passarinho tem um piado… “psiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii”… só!… dura 2 segundos no máximo, dá um intervalo de 15 segundos e de novo: “psiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii”… sem graça, passarinho e piado!… a não ser por isso: como esse piado é baixinho a gente fica com a impressão que ele tá longe quando na verdade ele costuma tá só uns 6-7 metros distante!… outro detalhe: ele se mexe muito pouco e como os piados são curtos, os intervalos relativamente longos, fica MUITO difícil enxergar onde ele tá!!!… daí que eu criei um tipo de sortilégio pra mim, Lak: todas as vezes que eu escuto esse passarinho, eu fico alerta pra ver se avisto!… metade das vezes eu consigo e metade não, ele some sem eu perceber (o que é frustrante pq sei que tá muito perto!)… mas todas as vezes que vejo, eu fico contente e passo a acreditar que vai ser um dia bom pq fui capaz de surpreender uma coisa rara, uma ocorrência que na verdade existe só pra mim… então apesar do racionalismo besta, eu me sinto bem acreditando num “contratinho de felicidade” instantânea com o mundo! 😛 … acho que são esses os meus “5 minutos de abundância sonora” que vc falou!!! (nessas horas de enchentes, de acidentes, tanta coisa difícil, a gente só deseja que as pessoas lembrem que sempre podem inventar contratinhos assim, né! 🙂 )… mais beijos!!!
ô Leila… depois eu quero ver sua explicação sim!!! (com o Kid Abelha eu não conhecia, não!… o Belchior tb canta um trechinho numa música 😉 ) beijos!!!
Bom, eu se fechar meus olhinhos e fizer isso mal ouço a TV kkkkkkk
alias eu as vezes acho que alguns sons que eu ouço eu não estou realmente ouvindo, eu acho que estou ( aquele lance de sinestesia), porque eu fecho os olhinhos e ouço menos do que o normal kkkkkkk. Mas amei o post Lakinha!!!! Ah e eu postei no meu blog viu?
BEIJOS
Finalmente. VC ficou mal assim ou foi pregui?
Fiquei mal mesmo Lakinha!!!! Não foi preguiça não rs
lindo post lak!
cada dia q passa, vc me conquista com as suas palavras.. vc deve ser uma pessoa muito especial! bjss 😛
Eu tento… bjs
Oi Lak !! Td bem ??
Texto lindo !!!
Sabe… faço isso de vez em qdo… Dou muita importância aos cinco sentidos… valorizo muito mesmo, cada um. Sou do tipo de deitar no chão, lá no meu quintal e ver as nuvens passando no céu… Qdo me deito tarde, gosto de ouvir o silêncio da noite. Qdo vou à praia, gosto de ficar olhando o mar… aquela imensidão !! Gosto tanto que nem escuto nada… Mas gosto tbém de escutar música bem alto. O pessoal daqui de casa até reclama… rs Muito louco td isso ?? Ah, deve ser sim… Mas gosto é gosto… rs Bjo 😛
Qualquer pessoa que consegue fazer isso, de apreciar o mundo 100% sem precisar ser lembrada de desligar o piloto automático de vez em quando, é especial….
“Assim como você” Beijinhos
Lak, como comecei atrasada, leio seu dia e volto um pouquinho atrás, com tanto gosto, que só não fiquei em dia ainda, porque dona de casa, tem horários apertados!!!!
Chorei lendo seu texto, porque traduziram meus pensamentos que tenho olhando pro meu filhote. Sabe amo arte, desde pequena dou umas pinceladas…Alguns gostam e dizem que são boas, mas, sou muito crítica duvido disso. Por conta desse meu lado, sempre achei a visão o mais fantástico dos sentidos. sei olhar as coisas apreciando sua beleza, moro na baixada fluminense que é um lugar
muito sem graça, por isso temos que ser espertos para descobrir a beleza. Que
estar num céu, na força de um brotinho de nada, na criança maltratadinha de sorriso lindo! Porém depois do Luís Marcelo, a audição entrou na minha vida. Ouço algo que me agrada e imediatamente, penso como ele ouve aquilo? E do mesmo jeito que experimentava a visão, passei experimentar a audição. Se ele não estivesse na escola nesse momento, e estivesse aqui comigo, com certeza já teria perguntado a ele se estava escutando o barulho engraçado a galinha d’angola que canta no quintal de baixo. Claro, fico aliviada quando não consigo dormir por causa de um vizinho maluco tocanco fank tarde da noite e ele, nessa hora, com cara de anjo dormindo…
Adoro seus comentários, Luiza. Você faz meu blog valer a pena!!
é sempre bom ter alguém pra nos lembrar das coisas que caem no automatico, né? Um filho então, deve ser fantástico!!
Beijinhos