Abraço sonoro
Pensando seriamente que o nome do blog já não anda condizendo muito com as minhas postagens, já que de uns tempos pra cá, meus posts são basicamente dedicados ao prazer de ouvir. Via IC, som meio metálico, dependendo de aparelho, pilha e mapeamento, que não é igual a audição natural [insira aqui sua crítica favorita ao implante coclear] mas ouvindo e escutando com prazer. Daqueles prazeres que regozijam a alma, sabe?
Ah, desculpa, deixa eu começar de novo: Feliz 2013, galera!
Mas voltando às minhas elucubrações sobre o prazer de ouvir, preciso falar sobre o abraço sonoro.
Não, beijinhos sonoros são o bordão do blog, mas não vou entrar no mérito do beijo fazer barulho. Pelo menos, não hoje…
Falo sobre o som do abraço.
Durante toda a minha juventude, com exceção da infância, fui deficiente auditiva. E tem coisas que, depois de 25 anos sem grandes compreensões sonoras, eu simplesmente ignorava ou tinha esquecido que existia.
Uma delas é o hábito das pessoas, a maioria delas pelo menos, de falar durante o abraço. Nem mesmo com o primeiro IC eu tinha percebido isso. Fiquei intrigada porquê e depois dei-me conta que as pessoas costumam se abraçar colocando a cabeça virada pro lado direito. E eu ouvia pelo esquerdo, né?
Mas, enfim, agora ouvindo bilateralmente, mas muito melhor pelo direito, descobri esse lance do abraço sonoro.
Sim, as pessoas abraçam umas às outras e fazem votos. “Feliz Natal!” “Feliz ano novo!” “Que bom te ver!”
Nas primeiras vezes que ouvi, achei que era porque estavam me testando, para ver se eu entendia o que elas diziam sem olhar. Mas, depois percebi que isso é natural. O abraço vem junto com uma frase, com um monte de palavras, ditas bem ao pé do ouvido.
Veja bem, eu tenho 35 anos, mas às vezes, me sinto uma criança em fase de descobertas. E, algumas descobertas, me parecem quase ilógicas. Fico analisando para achar um sentido nelas, porque me parece insensato que tal coisa faça barulho…
Mas, quanto ao abraço, admito que o que sinto é um certo deslumbramento. Sempre soube que o som é o que nos conecta como comunidade. As palavras ditas verbalmente são a maneira que encontramos de tocar a alma dos outros. Seja de maneira doce ou cruel, ela é a nossa emoção compartilhada, que sai de nós e entra ali na outra pessoa. Quando não temos essa percepção, acabamos nos conectando menos com as pessoas ao nosso redor.
E quando abraçamos alguém e continuamos falando, é também uma tentativa de acariciar a alma, já que o corpo sozinho não consegue fazer isso tão bem.
Acredito que na maioria esmagadora dos casos, as pessoas não tenham intenção real de fazer isso. Fazem mais por hábito, por costume, por conveniência. Mas a intenção primária de falar durante o abraço é essa sim.
Sei que, pra vocês ouvintes, esse som não tem nada demais. Mas, sou uma criança deslumbrada, né? C’est la vie….
Beijinhos sonoros,
Lak
É Lak eu tenho esse hábito de falar durante o abraço e fiz isso no nosso último encontro do Jairo e só depois me dei conta, mas já tinha feito.
Seu blog continua tirando lágrimas dos meus olhos com seu deslumbramento que acho lindo !
Beijos e Feliz 2013 😉 😉
Pensa que no próximo, além de vc poder fazer isso, ainda vai ser compreendida. Não é o máximo?
Beijos