Aprendendo a NÃO ouvir
Estava eu vindo pro trabalho de ônibus hoje. O lance é que agora trabalho num bairro que tem muito mais trânsito que antes e prefiro deixar o carro em casa e vir de ônibus, porque eles pegam corredor-de-ônibus e vem/vai mais rápido. E, como hoje dei sorte – não sei se foi o horário – o ônibus estava super vazio e pude vir sentada num canto, lendo meu livrinho de orações (é, de vez em quando, eu fico espiritualizada até demais).
Enquanto o ônibus seguia o trajeto, eu lia passsagens deliciosas do mestre Paramahamsa Yogananda sobre encontrar a paz e o equilíbrio interior, até que me dei conta de que minha mente se concentrava de tal forma no livro que nenhum barulho externo me incomodava ou atrapalhava a minha leitura.
De repente, minha mente voou longe e lembrei do dia que experimentei as próteses auditivas externas, uma das quais uso até hoje, na orelha não implantada (Widex B32). Isso foi há cerca de 4 anos atrás, depois de ter ficado vários anos sem aparelhos – por falta de grana mesmo.
O barulho do ar condicionado era tão forte e constante que, em menos de 2 minutos, me causou dor de cabeça. O cérebro, desacostumado de exercitar a parte auditiva, se sentiu ‘agredido’ por aquela sensação inesperada. E, no começo, era realmente difícil e cansativo passar o dia inteiro ‘ouvindo’.
Mas isso também aconteceu muito por que o AASI (aparelho de amplificação sonora individual, as tais próteses externas) tem a ‘falha’ de produzir um chiado constante e cansativo.
Quando passei a usar o Implante Coclear, percebi imediatamente que o som produzido é puro e sem chiado. Mas, com o uso simultâneo com o AASI, eu ainda ouvia o chiado chato. Só com o tempo é que meu cérebro foi começando a ignorar cada vez mai esse chiado e chegou num ponto que ele simplesmente não percebe mais.
Hoje, quando vinha para o trabalho, ouvia o burburinho do barulho do ônibus, do trânsito, das pessoas que habitam nessa cidade fervilhante de vida que é São Paulo, mas nada que dissipasse minha mente da concentração produzida pela leitura das palavras confortantes do mestre Yogananda. E pude perceber que, além de reaprender a ouvir, reaprendi a não-ouvir também, mas de forma consciente e sem necessidade da surdez física! Para mim, dar-me conta disso produziu uma sensação de plenitude!
Beijinhos sonoros,
Lak
Oi Lak !
Td bem ?
A vida sempre traz um aprendizado novo, né ? E sempre para melhor.
Esse post, sem dúvida nenhuma me ajudou muito, pois eu consegui juntar uma grana para comprar o AASI e como o meu vai o ser o externo, vou brigar com os chiados. Só espero não ouvir nenhum fantasma….rsrsrsrr
Bjs
Hahahaha fantasma garanto que vc não ouve não. Mas, no começo, pode ser cansativo. O ideal é começar devagar, usando o AASI algumas horas por dia apenas e ir aumentando.
Por outro lado, independente do tempo que você use, se sentir-se cansado dos chiados alguma hora, não sinta a menor culpa de tirar os aparelhos da orelha um pouco. Eu fazia muito isso quando usava apenas AASI.
Beijocas
Lak, parabéns pela experiência de hoje!Creio que vc fez meditação, pois nada a perturbou!!!
Já respondi seu comentário, obrigadinha.
Márcia 😮
Não sei se eu estava meditando, já que eu estava lendo, mas… hehehe enfim, nada me incomodou mesmo. Beijos.
Aprender a ouvir os sons interiores é fundamental para nosso equilibrio. Beijos!
Concordo plenamente. A experiencia foi fantástica.
Beijcoas
Nossa, essa do chiado é clássico, mas graças a Deus passei a me acostumar, principalmente quando é ouvir músicas mais barulhentas e vem uns sons esquisitos juntos…rss Mas chiados de aparelhos diversos é o fim, só aturo durante o dia, mas quando vou dormir é aí que tiro e durmo na boa 😀
Saudades que vir aqui!
Coisas boa aconteceram nesses 30 dias: Fui chamada pra trabalhar, como pedagoga, no concurso que eu fui aprovada ano passado. Depois de resolver toda a burocracia (documentos, exames médicos etc…), agora vou passar por uma capacitação antes de trabalhar de vez. Estou Tão feliz!
Bjos e uma ótima quinta!
Eita, parabéns, Marcela! Eduque bem a nova geração, viu? hehe Beijão
Ai, os temidos chiados, ehehe. Esses chiados me davam uma tremenda dor de cabeça, até que parei de usar os AASIs aos 14 😛 Mas no meu AASI novo não percebo ou eu me acostumei… Agora, não consigo imaginar como será ouvir com IC, só sei que vou me surpreender. =)
Bjim, Lak! 😀
Surpreenda-se, Mari… Beijos
A clareza com que vc descreve as impressões é muito, muito interesse de ler e conhecer. Me concentrei aqui, alguns instantes, no barulho do ar-condicionado da Redação…. qse tive um troço e foi difícil abstrair novamente….. caramba, como os sentidos são infinitamente maiores do que podemos perceber… beijosss
hahahahaa é, perceber o funcionamento automático da mente é algo que me fascina demais!!
Beijinhos