Banquete de casamento
* Título do post referente ao filme de Ang Lee. Título original: “Hsi Yen”.
Hoje é um daqueles dias que eu tiro pra contar um trechinho da minha vida em que a surdez foi coadjuvante, mas não o personagem principal.
Mesmo antes de ficar surda, eu já era uma pessoa incomum. Meus pais são vegetarianos e me deram um nome nada comum. Eles nos deram uma educação desrepressora, onde sempre tivemos abertura para falar de qualquer assunto. Eram – e são – pessoas próximas, com quem eu tenho intimidade. Portanto, na escola, eu me destacava pelo fato de não comer hamburguer e ter um nome que ninguém conseguia pronunciar…
Se isso pode ser a “fórmula chave” para eu potencialmente me transformar numa pessoa problematica e complexada, prato cheio para um psicanalista, foi a base necessária para eu lidar maravilhosamente bem com a minha deficiência. Eu já sabia que ser diferente não tinha nada demais e o que incomoda os outros, não precisa incomodar você.
Quando eu era mais nova, tinha comigo a proposta de não casar. Não que eu tenha aversão a compromisso, mas é que, para a maioria das pessoas, casamento sempre está intimamente ligado a ter filhos. E eu nunca quis ser mãe. A maioria das pessoas estranha quando falo isso e exige motivos. Mas não tem justificativa que seja aceitável. Apenas não tenho vontade e não vejo razão pra me obrigar a “tentar, pelo menos” com algo irreversível.
Eu tive alguns grandes amores e, com um deles, até cheguei a cogitar casamento, mas a gente não conseguia chegar a um consenso justamente nesse ponto. Ele achava que filho era algo natural, você tem e ponto. Eu não concordo, pelo menos, não pra mim. Então, chegamos no casa-ou-separa e eu conclui que preferia arriscar passar o resto da vida sozinha, do que impedir alguém de realizar um sonho (porque o preço que a pessoa cobra por isso, com o passar do tempo, é altíssimo) ou me sentir na obrigação de abrir mão das minhas convicções.
Tempos depois, solteira, eu estava num bate papo do MSN, com um monte de pessoas que eu só conhecia virtualmente, quando alguém emitiu uma opinião parecida com a minha: “eu não quero ter filhos, mas se um dia sentir falta, eu adoto, porque a adoção é uma maneira linda de se tornar pai/mãe, que a sociedade não valoriza.”
Lendo isso, eu pensei “puxa vida, existe alguém que pensa igual a mim…”, mas em momento algum me ocorreu que, aquela pessoa que deu esse parecer poderia ser a mesma pessoa com quem eu viria a me casar.
Com o passar do tempo, a gente foi se aproximando, especialmente pela afinidade que sentia. Também tinha o fato que, assim como eu, ele tinha tido uma grande perda e sabia o que era você ter que continuar vivendo, mesmo quando parece a dor te paraliza, ele perdera a mãe aos 11 anos, coincidentemente, no mesmo dia que eu perdi a audição (mesmo dia, anos diferentes).
Dessa afinidade, nasceu uma grande amizade. Que acabou se transformando num grande amor. A gente se conheceu, começou a namorar e a planejar a vida juntos.
Quando decidimos casar, a idéia inicial era não fazer nada, apenas casar e ponto. Depois, decidimos fazer uma pequena comemoração, só para a família e os amigos mais chegados. Nada de pompa ou gastos excessivos – apenas fazer tudo do nosso jeito, para as pessoas se lembrarem como algo singular.
Quando chegou a parte da música – confesso que o Edu nem pensou nisso, ele tem o hábito de ter a música como algo individual dele, que ele não compartilha comigo e, portanto, só pensa em ouvir música quando eu não estou por perto – eu decidi que queria que tocasse somente músicas antigas, dos meus tempos de “ouvinte”. Por conta disso, as músicas que tocaram foram músicas de serenata, um rápido show dos “Trovadores Urbanos” e, o resto do tempo, música ambiente.
No fim, acabou sendo uma ocasião linda, exatamente como eu: simples e singular. E eu, conto essa história por dois motivos:
1. Para que as pessoas se lembrem que ninguém precisa ser igual a ninguém para ser feliz. Ainda que o mundo não te aceite como você acha que deveria ser aceito, é mais importante você encontrar alguém parecido com você (fisica, emocional ou psicologicamente), que te aceita e simplesmente ser diferente juntos, já que não importa o quão diferente você se sinta, existe alguém compatível com você!
2. Porque essa ocasião faz 2 anos hoje e eu não poderia deixar meu aniversário de casamento ficar de fora no blog hihihi
Recadinho especial pro Edu: Amor, obrigada por cada momento que compartilhamos. Que esse aniversário se repita por muitos e muitos anos. Te amo muito. E melhoras! (ele tá doente hoje!)
Beijinhos
Lak
P.s. eu não gosto muito de falar dele aqui, porque ele é muito reservado como pessoa e eu respeito a privacidade dele. Mas, esse post é especial, né? hihihi
Lak q linda sua história 😀 . Parabéns pelo aniversário de casamento. Eu tb nunca quis ter
filhos por vários motivos, mas minha família é grande e tenho vários sobrinhos. 😮 Não me arrependo dessa decisão. Bjs pra vc e Edu 😉
Hehehe mais uma coisa em comum, Fabi!!
Obrigada, viu?
Grande beijo.
p.s. aposto que você é uma ótima tia!!
Primeiro…PARABÉNS!!! 😀
Todo mundo tem suas esquisitices, opniões, defeitos e doideras…encontrar alguém que não só respeite mas também compartilhe delas todo dia com você é mta mta sorte msm…
Beijinhos!!
Sim, eu me considero uma pessoa abençoada nesse ponto. Afinal, o Edu me aguenta e vice e versa. Acho que essa é a chave haha
Beijinhos e obrigada.
Primeiro, Parabéns à vocês!
Segundo, acho corretíssima a tua “decisão” de não ter filhos. Se os outros não gostam, que se lixem…hehehe
Eu sonho em ser mãe, e acho que, fazer uma coisa que não se sonha em fazer, deve ser no mínimo ruim.
Muitas felicidades!
Bjs
Melhor ser honesto e admitir que não quer, mesmo sofrendo constante reprovação, que rejeitar uma criança, que não pediu pra nascer, né?
Mas, o contrário tb é válido. Quer quer, deve se virar do avesso, porque certamente valerá a pena!!
Espero que você realize seu sonho logo.
Beijos e obrigada.
êêêe!!! parabéns tb Lak!!!
legal sua estória via msn!… comigo todo tipo de chat sempre serviu mais pra “desconhecer” as pessoas kkkkkkkkk… (odeio de morte!)… quanto aos filhos eu olho pros amigos meus já pais e acho muito estranho… não mudaram nada!!!! hahahaha… diferente das amigas que mudaram mais, eu acho… a idéia de filhos tb não me agrada nem um pouco hj… mas… quem pode saber… 😛
beijos!!!
Parabéns pros dois! 😛
Obrigada, Raul.
Oi Lak
Meu nome é Tania e acompanho seu blog,já há algum tempo, sou casada com um cadeirante e moramos em Porto Alegre e agora venho te convidar pra você ir ao nosso blog também.
Parabéns pelo casório, muita felicidade a vida a dois é complicada mas é boa demais,bem vinda ao meu mundo,o mundo das mulheres casadas e felizes,hehehe
beijos aparece lá
Particularmente, não tenho reclamações da vida a dois. O resto da vida é que é complicada hihihi
Visitarei o blog de vcs, com certeza.
Beijinhos e obrigada.
ahh Lak, eu acho super normal vc não querer ter filhos. Afinal eu tenho 3 e não recomendo pra ninguém, vc sabe… 😀
Vc sabe que eu amo a história do seu casamento. Eu acho vcs dois certos um pro outro. E torço que o vosso casamento seja assim como o meu. Eterno enquanto dure. Os meus parabéns e mil felicidades pra vcs dois…
Mari, não tem nada que possa superar a essa benção. Tudo o que eu mais quero é que daqui há 17 anos, eu esteja falando com a mesma propriedade e doçura que você fala do seu casamento. Você é meu exemplo!!
Beijinhos e obrigada
Desculpe o atraso, ontem nao consegui entrar na net..
Mas deixo aki meus Parabens a vcs!! Q Deus abençõe mais ainda essa união..
e que os Anjos proteja sempre vcs!
Felicidades..
Ps. Eu sempre falei pra minha irma, q bate papo, msn.. é um otimo lugar pra encontrar amigos e quem sabe um grandeeee amor.. pra quem nao sai de casa.. mas ela axa supeeer estranho.. eu como amoo internet, encontrei o meu lindooo e amado namorado, futuro noivo em outubro pelo bate papo.. e nos damos muitooo bem.. amo muitoo ele.. 😀
Bjinhus.
Parabéns aos dois!!!
O amor é lindo! 🙂
Parabens querida! Voce ja tinha me contado essa historia de não querer filhos, o que achei super normal. Acho q o bom da vida é isso, as pessoas se amarem e se respeitarem acima de tudo. Prosperidade ao casal.
Beijinhos
oi Lak, adorei a sua historia, tenho 23 anos sou formada em pedagogia e estou terminando minha pós-graduação em LIBRAS, estou fazendo um artigo para conclusão da pos em meio a procuras sobre surdez na net encontro vc e uma lição de vida em um momento critico da minha vida.queria saber se posso sitar algo sobre vc na minha apresentação. por favor se der responda por e-mail
Desde ja obrigada e parabéns pelo aniver de casamneto
Espero que possa convesrsar com vc por msn e aprender muito mais nessa minha caminhada que so esta no inicio,não tenho Blog mas tenho e-mail e estou no orkut `pkna_nessa@hotmail.com
Num sei como posso te ajudar a respeito da libras, uma vez que é um idioma que não tenho nenhuma fluência. Como você deve ter lido por aqui, eu sou surda oralizada, falo portugues oralmente e leio os lábios.
Mas, se ainda assim, você encontrar algo válido pro seu TCC, fique a vontade, a informação está a disposição na internet justamente para que possamos ajudar uns aos outros.
Volte sempre e bem vinda ao blog.
Beijos e obrigada pelos votos.
Ah, Lak, amor, amor, amor, quem quer isso? É por isso você decidiu contar a história? risinhos! Ok, não pode faltar isso no casamento! Eu parabenizo você e Edu pelo seu niver de casamento, viu? Que Deus abençoe muito a vocês e que nada falte na vida de vocês! A opção de ter filhos ou não nunca impede a felicidade de vocês, viu? 😉
Tomara que aconteçam coisas que façam rolar mais blogs seus!! hehehe!!! 😎
Beijos com carinho.
Simone.
Oi Lak!
Estive fora, saimos uma semana de férias. Luís Marcelo adorou, ficou mau humorado na volta pra casa! Mas o papai tem que trabalhar!
Sabe, como é engraçada essa nossa vida, leio a sua história e lembro da minha, porque sempre fui avessa a idéia de casamente. Sempre tive certeza que não geraria filhos, e que um dia adotaria…Bom o casamento aconteceu primeiro, mas levei minha convicção bem próxima dos 40, fui mais longe que você! Os 40 tb era minha meta para a adoção, consegui tb realizar, meu casamento que já dura 10 anos me faz muito feliz, e meu filho é o desafio que da sentido a minha vida.
Adora pessoas enamoradas, elas são sempre especiais…
Um feliz Edu, para uma feliz Lak….
Adotar não é uma meta, é apenas uma possibilidade. No momento, nem vontade disso eu tenho. Nunca tive… hehehe
Delicia heim? 1 semana de férias faz um bem danado.
Bem vinda de volta!
Beijocas