Batman & Robin
Um dos maiores assuntos de debate de quem usa o Implante Coclear unilateral é usar ou não o AASI (aparelho individual de amplificação sonora, as próteses convencionais comumente chamadas de aparelhos auditivos) no ouvido não-implantado.
Como tudo o que se refere ao IC, essa decisão varia conforme o caso. Normalmente – na verdade, acredito que em 100% dos casos, mas não sou especialista e prefiro não afirmar com veemência e acabar falando bobagem – os usuários do implante coclear são surdos bilaterais severos e/ou profundos.
Daí, o dilema: usar ou não usar o AASI?
A maioria dos leigos acha que o IC é feito sempre bilateralmente , mas infelizmente, isso não ocorre com tanta frequência assim. Depende de uma série de fatores e o principal impecílio é de ordem financeira. O IC é caro, muito caro. Até onde eu sei, o SUS não cobre IC bilateral nem mesmo em casos de crianças. E os convênios fizeram uma mudança no rol de procedimentos cobertos (já falei disso aqui) e conseguiram descartar o IC bilateral inclusive. Daí, sobra poucas alternativas para quem não tem audição em ambos os ouvidos.
Apesar disso, em crianças pequenas, tem sido mais comum o uso dessa modalidade bilateral e existe adultos biimplantados também.
Mas, como já disse, não é tão frequente.
A princípio, quando a audição residual é relativamente boa, recomenda-se implantar de um lado e continuar usando AASI do outro. Não apenas por motivos financeiros, a parceria entre o IC + AASI pode ser vantajosa, visto que o IC capta um pouquinho menos de sons graves que os AASIs, muito embora seja uma diferença muito pequena e usar IC dos dois lados tenha suas vantagens também.
Quando alguém que já usa ou pensa em usar o IC me pergunta se eu uso o essa duplinha e o que acho disso, costumo responder que sim, pelos seguintes motivos:
– Apesar de no começo ser estranho, porque ouvimos sons diferentes entre o IC e o aparelho comum, com o passar do tempo, o cérebro começa a fundir os sons e acostuma a achar que ambos são um só, fazendo com que a gente ache que ouve igualmente em ambos os ouvidos.
– O AASI auxilia o IC nas frequências mais graves, como já disse. Embora na auditiometria a diferença de percepção seja de meros 5 decibéis, o que não é quase nada, sinto muito mais segurança para afirmar que ouço sons graves nos volumes limites mínimos.
– O IC é uma tecnologia que capta e converte sinais de rádio em impulsos elétricos, o que significa que não ouvimos por via aérea, mas estimulos eletricos artificialmente produzidos, o que faz com que algumas pessoas com surdez adquirida acharem que ouvem de maneira ‘diferente’. Já vi falarem, por exemplo, que é uma sensação do som chegar no cérebro diretamente, sem passar pelo ouvido (impossível de se imaginar sem conhecer, eu sei). O AASI usa a audição residual e, portanto, ouve-se por via aérea. O cérebro também faz essa junção dos aparelhos a ponto de achar que ouvidos por via aérea bilateralmente.
– Por fim, usar o AASI mantém a cóclea e o nervo auditivos estimulados, caso algum dia eu pense em fazer o IC no ouvido direito ou use uma outra tecnologia mais moderna (por exemplo, as células troncos, embora eu não tenha tanta fé nelas assim). Cócleas e nervos não-estimulados podem sofrer atrofia, como qualquer parte do corpo não usada.
É claro que isso tudo depende de se ter uma boa audição residual, porque não adianta colocar um aparelho num ouvido completamente surdo e não ter nem mesmo um ganho mínimo. Não é todo mundo que pode ou consegue usar ambos.
O mais engraçado é que, pra mim, com a parceria entre o IC e o AASI, a própria maneira de ouvir com o aparelho mudou. Se antes, resumia-se a som e silêncio, numa maneira “anassônica” (no máximo, eu conseguia diferenciar quando havia barulho e quando estava silencioso e identificar alguns poucos padrões) hoje em dia, se desligo o IC e, por algum motivo, continuo usando o AASI, eu consigo identificar muito mais sons do que antes, já que a memória auditiva se encontra muito mais trabalhada.
Quando comentam que o motivo para desistir de usá-lo é porque o AASI machuca (afinal, ele tem um molde que fica dentro da orelha e esse molde incomoda, coisa que o IC não tem) explico que uso o AASI menos horas por dia do que o IC. A parte externa removível do Implante Coclear, normalmente uso todo o período que permaneço acordada, tirando somente para tomar banho. Já o AASI, normalmente uso somente na rua, no trabalho, na casa dos outros. Quando estou em casa, deixo a orelha descansar e fico dependendo apenas do IC.
Apesar de todo esse discurso em prol do uso do AASI no ouvido não-implantado, respeito e entendo quem, mesmo com uma boa audição residual, prefere não usar, seja pelo motivo que for. O importante é que a pessoa se sinta bem com seus aparelhos e ouça da maneira que achar melhor.
Beijinhos sonoros,
Lak
Lak:
Estava pensando nesse assunto estes dias, pois dia 16 fiz 3 meses de implantado e 2 de ativado.
Você falou tudo o que tinha de falar. Perfeito. Sabe que nesses meros dois meses, eu já senti uma enorme diferença. Hoje eu já não consigo, estranho mesmo, em usar o AASI sem o IC. A diferença na percepção dos sons é brutal, muda da água para o vinho. A dra. Ana Tereza me pediu para eu usar um pouco o IC sozinho. Também dá diferença, hoje, só o IC é como seu eu ouvisse os sons mais abafados. Enfim, eu concordo que a duplinha do barulho é fundamental. 😀
Abração,
Que bom que você também prefere os dois juntos. No começo é absolutamente esquisito. Mas, com o tempo, eles se tornam inseparáveis, né? Beijos
Além de informar tudo o que eu queria saber, a dupla Batman e Robin caiu bem!!! Vou apelidar o ASSI quando comprar um dia, de Chris O” Donnell…
Valeu Lakita pela informação preciosa!
HAHAHAHAHAHAHAA
Vim só para dar um alô, já que não tenho a menor condição de opinar. Tô sentindo sua falta lá no cafofo, tá com raiva d’eu? Beijim.
Huahauhau claro que não. É que das ultimas vezes que fui, tava sempre post antigo. Ai perdi o habito de ir. Indo agora. Beijos
Eu também não tenho muito como opinar…mas como sempre gostei de estar em boa companhia penso que juntos devem funcionar muito melhor!
Beijos!!
hahaha
Mas vc pode não ter como opinar, mas certamente vai poder falar a respeito com mães e parentes de crianças candidatas ao IC e recomendar essa dupla até que ela seja implantada dos dois lados. Util, né?
Beijo
Oi Lak!
Parabéns pelo seu primeiro aninho de IC, dia 21. Não poderia me esquecer disso, já q o meu foi dia 14. rsrsrs…
Venho tentando o AASI na outra orelha também, e faço como vc, uso algumas horas por dia e, em casa, fico só com o IC. mas, fala sério.. tem hora q fico confusa demais com tantos sons não identificáveis ainda.
Sabemos q isso é normal, no meu caso, já q passei muitos anos sem ouvir e nunca fui usuária de AASI e o IC vem revolucionando minha vida. Com muita fé e persistência, tenho progressos q as fonos não esperavam q viessem tão rapidamente, pelo já explicado acima.
Mas, como brasileiras, não desistimos nunca, não é? Hoje, assim como vc, sou uma grande incentivadora do IC!
E viva o implante coclear!!! 😉
Saudades e grande abraço!
Saudades e grande abraço
Hahaha amanhã farei um post sobre o 1o aniversário. Parabéns pra você tb. comemoramos praticamente juntas! =D
Pois é, os sons ficam confusos de qualquer maneira, não é o AASI que vai fazer a diferença. Mas, vale mais a pena usar ambos, concorda? Somos naturalmente feitos pra ouvir dos dois lados. Pq dispensar um dos ouvidos?
Beijãozão
p.s. vc vai ao encontro do FIC em Camps?
Lak é também cultura!!
hahaha
Lak, o post foi bem esclarecedor! Achei interessante quando tu falou que quando usa o AASI, voce consegue identificar melhor os sons… culpe o IC! 😀
O molde realmente incomoda. por falar nisso, o meu tá machucando desde antes de ontem (ha quase um ano que uso o mesmo), mas amanhã vou lá visitar minha fga.
Bjs
Quando o molde está machucando, Mari, não tem muito o que fazer… Deixar 1 dia de folga (se vc conseguir, consigo fazer isso desde que eu não saia de casa), passar pomada e até mandar fazer um novo. Sniiiiiiiiiiiiif. Melhoras pra orelha ai.
Beijo
Olá…to convencida da importância da duplinha, só preciso refazer o molde pois o que fiz em Bauru não deu certo.
Depois de 15 dias da minha ativação o meu IC resolveu começar a machucar a minha orelha, dá sempre a impressão que está caindo e eu fico o tempo todp dando uma ajeitada nele, a fono me recomendou colocar um molde invisível p ver se ajuda…falando nisso como me refiro a parte externa do IC, eu não sei o nome? Processador?….
O meu IC é diferente do seu, o meu é da Med-el.(opus 2).
Bjinhos
Ah, ta explicado pq a minha explicação sobre sensibilidade não fez sentido. Deixa pra lá! Não conheço o Opus, mas sei que é tão bom quanto e, nalguns casos, até melhor, viu? hehe
A parte externa se chama processador mesmo, tá certa. Ou simplesmente aparelho… sei la haha chame como quiser.
Que chato que fica caindo. Mas o que me sugeriram que eu gostei foi colar na cabeça com cola de peruca. Funciona e alivia o peso na orelha.
Beijinhos
Adorei a dica da cola, devo encontrar em casas especializadas em perucas né?
Obrigadinha…
Com certeza… e é bom pra descansar a orelha do peso tb. Beijos
Uau, parabéns pra vc nessa data/decisão querida.
Pra comemorar, nada como uma boa viagem de férias.
Um beijo enorme e divirtam-se.
Beijos e abraços sonoríssimos
Angela
Obrigada, Angela.. E, apesar de não ser de propósito, a viagem será uma excelente maneira de comemorar essa data, né?
Beijão
Olá, Lak!
Há algumas semanas precisava apresentar um trabalho na faculdade sobre deficiência auditiva e achei seu blog. Li quase todos os posts e me emocionei com alguns deles.
Parabéns pelo blog!
Recebi um email sobre um hospital que está oferecendo aparelhos auditivos e achei interessante divulgar em seu blog.
Não consegui averiguar a veracidade, mas espero que seja verdadeiro e que possa ajudar.
Segue abaixo o email que recebi:
HOSPITAL CEMA
Informem a quem necessite. Poderá ser de grande ajuda. Não há procura
por aparelhos para deficientes auditivos no CEMA, em São Paulo.
O CEMA – Hospital especializado em otorrinolaringologia – recebe
aparelhos para deficiência auditiva pelo Sistema Único de Saúde (SUS)
e está ameaçado de perder a cota por falta de pacientes. Se você
conhece alguém que precisa do serviço, encaminhe para o CEMA.
A pessoa passará por uma avaliação clínica e receberá o aparelho
gratuitamente.
CEMA – Hospital Especializado
Rua do Oratório, 1.369 – Moóca
São Paulo – SP
telefone: (11) 2602-4000
Grande beijo,
Aline
É spam, por isso não divulgo aqui. Mas valeu pela boa intenção.
Abraço