Bebês modernos
Bom, criança pequena com deficiência é uma coisa que faz a maioria das pessoas morrer de pena, infelizmente.
Digo infelizmente, porque “pena” é um sentimento que considero miserável, já que olha o outro de cima, sabe?! Como sou ruinzinha pra explica os porquês dessa minha visão, recorrerei ao grande mestre Milan Kundera, que explica esse sentimento com uma maestria única:
No livro “A Insustentável Leveza do Ser” Milan Kundera dedica um capítulo inteiro à questão da atitude humana de compaixão. Sob uma perspectiva filológica, Kundera compara o sentido da expressão nas línguas latinas e nas línguas germânicas, e as implicações dessa nuance de sentido na vida psicológica e sentimental dos indivíduos. Kundera afirma que as derivações latinas da palavra compaixão significam simplesmente piedade, um sentimento que se impõe quando um indivíduo está em posição de superioridade frente a um outro que sofre. Assim, a compaixão torna-se uma relação de poder dominadora, na qual um indivíduo se sobrepõe sobre outro, podendo oferecer-lhe sua compaixão como um presente, sem porém compartilhar do sentimento que leva o próximo a sofrer. Nas línguas germânicas, porém, compaixão assume um sentido de “co-sentimento”: o indivíduo que sente compaixão sofre junto com o seu próximo, o mesmo sentimento. Para Kundera, a compaixão é muito mais terrível do que a piedade porque a incapacidade humana de transpor os limites da subjetividade faz com que o sentimento careça de um certo esforço imaginativo que quase sempre multiplica a dor do próximo, fazendo-a mesmo maior do que a do próximo.
Fonte: Wikipédia
Mas, felizmente, criança lida bem com as características pessoais, visto que criança tem muito menos sentimento de auto-comiseração que adulto – talvez porque tenha menos consciência da gravidade da situação – e, a menos que alguém ensine que ela deve se sentir mal consigo mesma, criança pequena tira de letra no quesito lidar com as adversidades da vida.
Uma coisa que sempre me deixa meio perplexa é a maneira como crianças incorporam as próteses e equipamentos auxiliares em si, coisa que adulto nenhum consegue ser capaz de fazer. Adulto – tipo eu – reclama pra caramba e sempre se sente meio injustiçado por ter que fazer algo diferente que o “normal”.
Enfim, floreios introdutórios (um amigo meu sempre usava esse termo nos emails dele, quando vinham com muita embromação antes dele falar o que queria e eu plagiei na cara dura mesmo) à parte, achei essa cadeira de roda especial para os pequenos um luxo:
http://news.bbc.co.uk/2/hi/technology/6592075.stm
O mais fofo da matéria são as crianças contando que os amiguinhos de escola falam “eu gosto do seu carro, de onde você tirou isso?” Já que tem aparência de brinquedo.
E ainda chega a 3,2km por hora e é fácil de desmontar, pra caber no bagageiro de um carro pequeno.
O ruim, é claro, é que doi no bolso. Custa entre 1700 e 2000 libras (o que, pra nós, sairia mais de 8 mil reais – sem impostos).
Tenho que confessar que achei a iniciativa o máximo. Duvido que alguém olharia com pena pra uma criatura pequena “dirigindo” uma máquina desse porte.
Beijinhos
Lak
Lak, eu vejo a postura de pena como falta de conhecimento. Imagine que a pessoa simplesmente não tem base pra entender que o mundo da pessoa com qualquer tipo de deficiência é aquele, ela interage com o mundo da forma que o lê e acha que é a única forma possível.
Basta ver o desespero de alguém que tenha que usar muletas por 15 dias, não consegue nem sair pra trabalhar.
Tenho que plagiar o Alex, é tudo uma questão de perspectiva e adaptação à realidade vivida. Somos todos deficientes, em maior ou menor grau: se meu amigo Joaquim não consegue andar como eu, eu nem tento dançar como o Carlinhos de Jesus, simplesmente não tenho a menor chance. Isso não faz de nós meros coitadinhos, mas pessoas que simplesmente têm suas características próprias, diferenças naturais, qualidades e limitações. Pena? Não, obrigado.
Lak, você escreve maravilhosamente bem. Um grande beijo.
Super obrigada, Rogério. O Alex fica roubando a cena por aqui, já reparou? hahaha
Concordo com o Alex e o Rogério.
Pena? Não, obrigada [plagiando tb, hihi]…
O pior de tudo é sentir pena de si mesmo. Assim ninguém vai pra frente.
😥 Ola, Boa noite gostaria de fazer parte deste grupo, se me permitirem. Sou mais um Deficiente Auditivo do Brasil. tenho 49 anos e a 20 anos atraz descobri que tinha uma doeça chamada “Colesteatoma” nos dois ouvidos, na época fiz cirurgia nos dois ouvidos e depois de 20 anos recebi a amarga noticia de meu atorrino, não adianta fazer mais nada, agora voce controla com aparelho, e pra te ajudar vou fazer um laudo do seu grau de deficiençia, para te ajudar a voltar a trabalhar agora como deficiente auditivo. Legal 49 anos nas costas e desempregado, vou procurar um emprego com um laudo de deficiente auditivo……… Ta louco vai ser dificel ingolir…….desculpe=me o desbafo.
Peça ao seu otorrino e manda ver. Apesar das vagas de cota ainda não serem um sonho, já é bem melhor que não fazer nada! Dou mó força, vá a luta!
Grande beijo e não se preocupe em pedir desculpas por esses desabafos, que tem horas que todo mundo merece hehehe