Cyborg on Ice

Segunda de manhã chego (tarde, por causa do rodizio de placas de automóveis aqui em SP) na agência e, antes mesmo que eu pudesse sentar, chegam me perguntando: “Ei, Lak, você está ocupada?”

Não deu nem tempo de falar sim ou não, a Dani já foi completando: “Vamos precisar de umas pessoas para uma ação lá no lugar tal. Você pode?”

Explico, Dani é uma menina aqui da agência. Ação é algum trabalho em publicidade, a área que eu trabalho porque, como já disse, de blogueira eu tenho apenas o entusiasmo, mas pago as contas como publicitária.

Respondi que sim – oba oba oba, adoro esses trabalhos fora do escritório – e fui  encontrar o pessoal que também ia.

Basicamente, a ação era gravar um vídeo patinando no gelo. DE-LI-CIA!

Mas, como nada é perfeito, eu já comecei implicando com alguma coisa. A placa da pista dizia “Proibido o Uso por Pessoas com Necessidades Especiais”.

Lendo aquilo, pensei em como esse termo é vago. Quais necessidades especiais?  Deficientes físicos? Sensoriais? Diabeticos? Celíacos? Veganos? Todas as pessoas, se você for ver, tem alguma necessidade especial. Uma placa deveria usar o termo correto, especificando “proibido o uso por deficientes físicos ou pessoas com labirintite”, por exemplo.

Até brinquei com o povo na hora “será que isso se refere a todos as pessoas com deficiência? Então também não posso usar.” E riram de mim, dizendo que eu estava de desculpinha besta pra não participar.

Era brincadeira mesmo, porque adoro patinar no gelo e tal, mas aquela placa me incomodou de fato.

Quando a gente estava se preparando pra entrar na pista, me veio uma situação inusitada: exigia o uso de capacete.

Qual o problema disso? Não dá pra colocar capacete em cima da antena (a menos que ele seja feito sob encomenda) da parte externa do Implante Coclear. Precisei tirá-lo.

No começo, me deu aquela sensaçãozinha de “ahhhh, não quero mais”. Mas depois, achei que 30 minutos sem o IC não iria me arrancar pedaço, afinal leio os lábios muito bem e posso me virar sem o IC. Voltei à minha condição de surda oralizada e tudo bem, a diversão não foi menos completa por isso. Com direito a uma bela queda de bunda no chão e uma dorzinha no coccix que persiste até agora…

Mas, tudo bem. Só falei disso pra mostrar que fazer implante não impede ninguém de se divertir!!

Beijinhos sonoros (e de bumbum dolorido)

Lak

14 Resultados

  1. Ale disse:

    Lak, nao da para colocar o capacete com o IC????
    Eu coloco o capacete no Felipe para andar de bicicleta… será que estou fazendo alguma coisa errada? :S
    O que me falaram foi o seguinte: que se ele for fazer escolinha de futebol, lutas marciais, esse tipo de atividades, que era para colocar um protetor na cabeça para proteger o aparelho (é tipo um elastico grosso – tem ate um goleiro de um time na europa que usa), por causa de boladas e/ou chutes e quebrar o IC.
    Eu ate tenho em algum lugar do meu note um site para comprar isso.
    Beijos

  2. Bruna disse:

    Também não entendo essa história de necessidades especiais… acho que as pessoas usam isso porque ficam constrangidas em falar deficiência. Eu não me considero portadora de necessidades especiais. Primeiro porque portar algo implica em poder se desfazer desse algo quando se quer, e não posso me desfazer da esclerose. E também, porque não tenho necessidades especiais, e sim, deficiência motora.
    Acredito que usam esse tipo de denominação por ignorância mesmo.
    Ah, e que ótimo que vc se divertiu!
    Bjs

    • Avatar photo laklobato disse:

      Eu acho que isso é coisa de quem acha que deficiencia é feio e errado e deveria ficar escondida. Tipo “vamos disfarçar”… Mas fica vago tb… Enfim…
      Beijinhos.Saudade de vc.

  3. Rogerio disse:

    Ahahahahahah, seja sincera: ninguém filmou a bundada?
    Necessidades especiais tenho várias (uma Hayabusa na garagem, por exemplo), mas no contexto que você trata no post, devo ser portador de uma dessas necessidades especiais, porque em matéria de patins, skates e quetais, eu não consigo sequer ficar parado em pé sobre os malditos. É uma frustração que tenho, porque deve ser o maior barato sair deslizando por aí, seja no gelo ou no asfalto.
    Estive recentemente num parque aquático, e a placa no toboágua era bem explicadinha: proibido o uso por deficientes físicos (achei exagero, porque há situações em que existe risco, outras não), grávidas, cardíacos, pessoas com labirintite, crianças menores de X anos desacompanhadas, etc.
    Imagino que um capacete adaptado ao IC deve ser bem caro, se considerarmos o que comprei em fibra de carbono e próprio para altas velocidades (digamos que sou quase um easy-rider), e foi os olhos da cara, em dólar.
    Em post de um mês e pouco atrás, você falou que ainda não conseguia compreender sem dificuldade a fala. Já superou essa fase, também?
    Você é danada. Beijão.

    • Avatar photo laklobato disse:

      Oi, Rogs…
      Então, não. Compreender a fala ainda vai demorar muuuuito. Tô em fase transitoria. As vezes entendo, as vezes não.Já consigo falar ao telefone, mas tem que ser conversa de contexto fechado (tipo, multipla escolha da minha parte para o interlocutor). Mas sabe, nem é preocupação de prazo. Quando e SE rolar, rolou. Ate lá, estou aproveitando.
      Haha filmaram minha queda sim. Vamos ver se vai parar no youtube.
      Beijos

  4. SôRamires disse:

    Ninguém filmou a bundada???
    Que inveja morro de vontade de patinar mas morro de medo de me quebrar toda.
    Esse mania de querer usar nomes pomposos para não ofender as pessoas é um saco!
    Felizmente hoje em dia não se usa mais portador, nem necessidades especias, somos simplesmente pessoas com deficiências (motoras, sensoriais, etc)

    • Avatar photo laklobato disse:

      Pior é que filmaram sim. Assim que estiver no youtube, eu copio pra cá hahaha
      Pois é, odeio essa mania de falar bonito pra não dizer nada.
      Beijos

  5. Mari Hart disse:

    Ahhhh,mas eu quero ver a bundada assim que ivre disponível no you tube!Qta a ncessidades especiais…muito vago isso hein!?Quem não tem uma necessidade especial?!Ainda sonho com o dia que esse tema não será mais um tabu,e onde poderemos falar abertamente,cada um com sua necessidade.
    Bjos,vc é linda!:)) Adoro!

    • Avatar photo laklobato disse:

      Mari, não acho que “necessidade especial” se resuma à deficiencia, ai que está… Por isso, o termo fica vago pra constar numa placa!
      E, tb odeio tabus. Eu falo da minha condição com naturalidade. As coisas são assim pq são assim, não tenho culpa nem motivo pra me envergonhar…
      Beijinhos

  6. zuleid disse:

    Eu tenho uma necessidade especail: Cercar-me por pessoas com capacidade para entender e aceitar as diferenças e os limites dos outros! Será que com esta minha “necessidade especial” eu posso patinar??? KKKKKK!
    Eu nem me importaria de cair…só gostaria de conseguir ficar por um segundo em cima dos patins…
    Também fico esperando o filme. 😉

  7. Marcela Cordeiro disse:

    Essa de plaquinhas de necessidades especiais é fato!
    Nunca patinei no gelo, mas tenho um irmão motociclista, quando eu usava um retroauricular, tinha esse probleminha, dava microfonia e tinha que tirar…rss
    Agora essas de placas…tsctsc.
    Tinha que ver nas filhas dos bancos, como tenho uma carteirinha de PNE, com foto e meu nome, uso pra pegar ônibus na minha city e pegar meia entrada, sempre tenho essa carteirinha em mãos pra eventuais problemas, como essa do banco:alguns me aceitam como PNE, outros dizem que surdo não é PNE, vê se pode!

    Bjos!

    • Avatar photo laklobato disse:

      Querida, o termo em si é errado e não se usa mais. Agora é Pessoa com Deficiencia, que evidencia que estão falando das pessoas acometidas por alguma deficiencia fisica, motora ou sensorial.
      Sobre surdo ser deficiente… Eu acho que é, já que ele tem deficiencia auditiva, concorda?
      Mas, nas filas, é complexo mesmo. Tem quem diga que pode, que não pode e, no fim, fica a criterio de cada um.

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