Dando voz aos surdos oralizados

Segunda-feira da semana passada, dediquei um post a vencer o medo de falar em público, tendo voz de surdo oralizado, que querendo admitir ou não, dificilmente vai soar como voz de ouvinte, a menos que se tenha usado o IC desde a janela de neuroplasticidade e nunca aberto mão, por um dia que seja, do uso dele, porque a voz se deteriora rapidamente (tá, um dia é exagero, leva uns anos). Mas, ainda assim, nós temos o direito sim, de falar oralmente, sem vergonha nenhuma. Sem nenhum zé mané pra encher o saco “se é pra falar assim, seria melhor usar língua de sinais”. Usa LS quem quer e quem gosta, não quem tem sotaque diferente, francamente…

Mas, tem diferença grande um surdo oralizado pra outro. A minha voz afrancesada (hahaha) vocês já conhecem. Só que vocês sabem que eu nasci ouvinte e devem pensar “mas a Lak fala com essa fluência toda e esse sotaque de portuguesa-francesa-carioca-whatever porque já ouviu”…

Então trouxe a vocês a voz do meu irmão gêmeo de luta pró respeito e reconhecimento aos surdos oralizados, meu melhor amigo, Raul Sinedino.

Um breve resumo sobre o Raul: nasceu surdo em 25 de julho de 1977 (bem antes do IC se tornar uma tecnologia disponível), em decorrências de rubeola gestacional. Teve a surdez detectada aos 8 meses e fez fonoterapia e passou a usar AASI convencional com essa idade. Foi implantado já adulto, nunca aprendeu a língua de sinais, por opção própria…. O resto, vou deixá-lo contar ele mesmo, no video a seguir…

http://www.youtube.com/watch?v=E2tDg9KR9T0

Alias, feliz aniversário adiantado, bro! No fim,  quando você deveria ser homenageado, acabou foi homenageando o DNO!

Beijinhos sonoros,

Lak

42 Resultados

  1. SôRamires disse:

    Muito legal, acompanhei pelas legendas mas repeti a dose sem legendas e com fone de ouvido! Só posso dizer que é uma alegria ver o resultado do esforço do Raul e de seus pais em busca da oralização e da integração ao vasto mundo!
    Já tinha ouvido o Marcus e a Jackie num vídeo de um programa feito no Rio (lembra? a apresentadora me pediu para indicar alguém do Rio e o Marcus e a Jackie se ofereceram) e tinha adorado ouví-los falar.
    Já conhecia o Marcos de Brasília, um carioca tão falante que ninguém imagina que seja surdo desde bebê!
    Parabéns aos surdos e aos pais e também aos fono que insistiram na oralização com pleno sucesso! 😀

  2. Juliana disse:

    Adorei o vídeo!!! Eh não gosto de falar em publico não por vergonha, eh pq meu pensamento eh mais rápido e na hora de falar “como” as palavras… Fico supernervosa e insegura… 😯 Preciso sincronizar mente e fala para que fique bem entendido… Ai ai ai…
    Aproveito para dar os parabéns antecipado ao Raul!!! 😀

  3. SôRamires disse:

    Cada um usa a voz que tem, tive um namorado gago que às vezes era difícil entender, e daí? Era o jeito dele falar. Uns têm voz fina, outros voz rouca, outros têm sotaque…nem todo mundo na vida vai trabalhar como locutor da BBC!

  4. Raul disse:

    Obrigado, Lak 🙂

    Adorei o texto. Principalmente por ter abordado a questão do preconceito de algumas fonoaudiólogas na questão de: “se é pra falar assim, seria melhor usar língua de sinais”.

    O importante é ter sucesso em passar a mensagem, não importando a qualidade da mesma, até por que temos uma deficiência.

    Beijinhos, 😎

  5. Greize disse:

    Gostei bastante,aprendendo cada vez mais essa luta, dos dois lados, oralizados e SL.Que travam desde a infância,e os que perseveram na fonoterapia, mesmo com o preconceito.Vão longe.E toda tecnologia é bem vinda.
    Sucesso.
    Bjus

  6. Gabi Antunes disse:

    Nossa que felicidade ver esse vídeo, eu fiz leitura labial! Amei como ele colocou, a questão das LIBRAS, concordo com ele, e o fato de ele ter ouvido a folha seca, espero que essa moda pegue, e já já quero mandar o meu pra Lak pra vcs verem como é minha voz, igual a dele! 😀

  7. Raul disse:

    Gabi, manda sim. Eu confesso que relutei bastante em expor esse vídeo. Fiz ele tem 2 semanas a pedido da Lak para poder divulgar na palestra do SENAI, mas como ficou muito em cima da hora, ela acabou não divulgando. Fiquei 2 semanas pensando se valeria a pena me expor ou não, em virtude de terem detonado a belíssima voz da Paula Pfeifer. Mas cheguei a conclusão que precisamos falar no Youtube! E espero que o meu video encoraje outros surdos oralizados a botarem a boca no trombone! 😈

  8. Simone disse:

    A-D-O-R-E-I!! Simplesmente maravilhoso. 😉 😀

  9. Mariana disse:

    Parabéns pelo vídeo, Raul! Adorei, deixem que falem bem ou mal da sua voz! O importante é a mensagem 🙂 Realmente foi chatíssimo e bem nada a ver o que aconteceu com Paula Pfeifer quando ela publicou o vídeo, mas é como meu pai disse quando eu era pequetita e implicavam com a minha voz, ‘Você não tem problema nenhum, são eles que têm problemas, ignore!’ 🙂

    Beijos

    • Avatar photo laklobato disse:

      Minha mãe falava isso também (não em relação a voz) “se implicam com algo que não tem nada a ver com eles, os errados são eles e não você, nunca mude quem vc é”.
      Beijos

  10. Heron disse:

    Veio pra arrumar, veio pra arrumar!!! KKKK.
    Pô cara, show o vídeo. É isso ai, tem que mostrar ao mundo, que realmente não somos deficientes e somos eficientes de fazer tudo isso. Orgulho cara!!
    Obs: Mesmo eu não te conheço pessoalmente ainda, tu es cara. Um abraço prometido pessoalmente no encontro se eu for. rs. Boa tarde para todo mundo.
    Lak, seu blog é fantástico!

  11. Gabriela Souza disse:

    😀 aaaaeeee Raul!!! Nós estamos orgulhosos de você!!! Também sou surda de nascença, em decorrência de rubéola gestacional. Comecei a fazer fonoterapia com 11 meses de idade, usei AASI até os 13 anos, voltei a usar com 17 anos e fiz implante coclear com 20 anos. Só comecei a usar LIBRAS no ano passado, pq agora realmente estou convivendo com outros surdos que utilizam essa língua. Parabéns pelo vídeo e coragem!!!!

  12. Ligia disse:

    Caraaaaaaaaaaaaaa..sou timida tambem kkkk e pra falar me atropelo toda rssss..ando tentando ser mais tranquila mas é dificil..quando tem reuniao no meu trabalho eu nao falo nada..so fico calada e prestando atencao tentando entender..e nem sempre é facil porque teria que cada um falar de uma vez pra eu prestar atencao e entender..so que fala um dai fala outro ja tenho q ficar virando cara pra um e outro pra poder pegar os dialogos rss…qualquer dia farei um video no youtube tambem pra voces me conhecerem..ate porque sou de Manaus e maioria nao me conhece mesmo devido a distancia..sei que voces ja fizeram varios encontros quem sabe um dia eu apareca..vou pensar em fazer um video mas dai tenho que com minha equipe de producao..camarim e tal pra ficar bem legal kkkk beijos

  13. João Gabriel disse:

    Oi Lak e Raul… Lak, estou gostando muito do seu blog, é bom ver os surdos oralizados desabafando, e se defendendo, e mais ainda, honrando a surdez.. E Raul, não sei se lembra de mim, eu e voce já tinhamos discutido sobre oralismo e LIBRAS. Mas já são águas passadas. Então queria dizer uma coisa: acabei de ver um video seu no blog de Lak Lobato, fiquei admirado o que contou sobre a folha seca de qual você ouviu pisando. E pude ver o seu rosto feliz, sendo oralizado, e implantado no video. Eu sei como é complexo aquele grupo de surdos sinalizados. E está certo sobre a imposição de LIBRAS, e também sou contra. Cada tem a sua própria escolha, como eu escolhi a ser oralizado desde sempre. Mas agora estou usando LIBRAS, ha 3 anos.. já sou bilingue. O que vejo, a cada pessoa. Tem direito de ter a sua própria felicidade. E sou feliz mesmo assim, sendo oralizado e sinalizado. Abraços

    • Avatar photo laklobato disse:

      JG, se você encontrou a felicidade no bilinguismo, perfeito. Nós encontramos a felicidade no IC e na oralização. Tem quem tenha se encontrado somente na LIBRAS. Há espaço de sobra para a coexistência. É a única coisa que falta: brigarem pelas próprias necessidades, sem tentar invalidar a escolha dos demais. Nós não somos contra LIBRAS, só queremos respeito pela nossa escolha de não usá-la, porque preferimos ouvir através do IC, usar leitura labial e falar em português oral, a revelia do nosso sotaque…
      Beijocas e bom ter comentário seu aqui no DNO.

  14. Gabi Antunes disse:

    Rauuuuuuuuuul, vo mandar sim, hauhauhauhauhauhua, conseguir uma câmera e já já vo fazer, farei o vídeo em frente ao Rio Amazonas pra mostrar a bela paisagem e fazer inveja! kkkkkk
    Olha não precisa de receio não, fez bem, mamãe viu o vídeo e ficou mega feliz, feliz porque você tem uma história igual a minha! Afinal, todo vcs!

    Não fiquei sabendo sobre os comentários da voz de Paula, cadê?? Cadê?

  15. Letícia Lins disse:

    Lak,
    Adorei o depoimento do seu “querido irmão”, Raul. rsrs 😉
    Está parabéns… Isso é ótimo, mostra que existem surdos oralizados capazes de fazer tudo como ouvintes….

    Ah, a fono da santa casa de SP já tinha em pedido para filmar, mas sou meio tímida para isso!!! hahaha 😯 Vou tentar falar…vamos ver, né?

    Beijos p/ vc e Raul!!! 😀

  16. Letícia Lins disse:

    Ah, Raul, Parabéns pelo seu aniversario adiantado!!!! 😉
    Beijos

  17. Maíra Bonna Lenzi disse:

    que bonitinho! 🙂

  18. Aline disse:

    Meu (possessiva eu né?! rsrs) muso é demais né?! Agradeço ao Raul quase td que o Bê é hj no quesito oralização, foi através dele que decidi lutar pelo IC, pela oralização.
    Obrigada muso.
    PS sua fala está mto melhor. Lembra de uns papinhos q batíamos ao celular, e depois tirávamos a limpo no MSN?
    Saudade!!!
    Lak, cada dia gosto mais dos seus posts e do blog.

  19. Paula disse:

    Hahahaha Raul, minha belíssima voz? Tenho trauma até hoje daquele vídeo! Juro! Hahahahahahaha!!!!

    Vocês dois são uma duplinha do barulho (literalmente!), AMO!!!!!

    Bjos duplos!

    • Avatar photo laklobato disse:

      Entendo seu trauma, mas saiba que as pessoas que falaram aquilo, julgaram sua voz da maneira errada!! E vc tem vozerão. Quem conhece voz de surdo oralizado e julgou de maneria devida, falou que é linda e sexy!!
      Beijinhos

  20. Raul disse:

    Aline, quero o vídeo do Bê! Se vire aí! 🙂 Lembro desses papos sim, haha! Saudades!

    Vais no encontro do Rio no dia 25? Caso sim, certeza que vamos nos ver por lá!

    Beijos e obrigado pelos elogios! 😀

  21. Raul disse:

    Paula, vc não deveria ter trauma nenhum. Muitos amigos meus ouvintes viram o seu video e elogiaram a sua voz. Todos falaram: sensual, natural e 100% audível. Não é isso que importa?

    Vc deveria fazer mais vídeos!

    Beijos

  22. Gabi Antunes disse:

    Paula, eu vi teu vídeo, bandos de filhos de uma égua, sempre falo isso pra pessoa que começa a criticar minha voz quando me conhece na primeira vez.

    É sempre essa velha história, chega uma hora que eu canso de falar e digo pra enganar ainda mais o tapado que fica perguntando pq minha voz é assim, eu digo: Sou Portuguesa e o tapado: é?

    E ainda conto pra ele como é o lindo Portugal (sendo que nunca fui pra outro país) ao contrário de vcs que são chiques. Chego em casa na maior risada contando pra mamãe, amigos, o que houve kkkkkkkkkk 😳

  23. Rogerio disse:

    Conheci o Raul no nosso último encontro do blog do Jairo. Lembro que brinquei com ele “ah, você é o famoso Raul!”. Que bom que ele se animou/tomou coragem para gravar o vídeo e detonar os preconceitos.
    Estava na Itália e, na fila para comprar uma passagem de trem, havia um garoto fanho (italiano). De repente uma mulher começou a rir dele e eu, pra variar, fiquei tiririca. Fiquei tão puto que acabei falando com ela em espanhol: ‘y si fuera el tu hijo?’ Vê se pode, eu arrumando encrenca no país dos outros, mas acho que ela entendeu, baixou os olhos em sinal de vergonha e parou com a palhaçada. Quando se trata de preconceito ou descaso, continuo com minha velha máxima: quem cala consente, e quem se cala é cúmplice.
    Então, rendo loas ao Raul por ‘dar a cara a tapa’, a exemplo da Paula, e a receita é se lixar pra quem critica. Gente pequena não tem capacidade sequer pra se aceitar, o problema são eles.
    Beijão, Lak.

Participe da conversa! Comente abaixo:

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.