Delícias sonoras [3]
Sabe aquele ditado que diz “a felicidade está nas pequenas coisas”?
Pois é, a gente se dá conta disso quando é privado das coisas mais simples. Basta que acabe a luz. Ou o açucar do café. Ou o crédito do celular bem quando você precisa fazer uma ligação inadiável. São coisas pequenas que, à priori, não fazem tão grande diferença assim.
Reaprender a ouvir é mágico, sempre falo. Mas é também cansativo, porque exige uma enorme readaptação de hábitos. Hábitos que não foram criados da noite pro dia, mas ao longo de semanas, meses e anos em que foi preciso sobreviver, de alguma forma, sem audição nenhuma.
E eu sou boa em driblar a surdez, mesmo que exija uma saída não convencional.
Uma delas era um macete bobo, quando estivesse sozinha em casa, já que não poderia atender o interfone. Houve épocas que eu morava em andar baixo, bem de frente pra portaria e ficava de olho até a pessoa chegar. Depois, quando mudei-me para apartamento em andar mais alto, tinha o hábito de descer e ficar esperando a pessoa na portaria. Depois, quando o celular virou algo banal, era pedir pra pessoa dar um toque no celular, que eu descia pra buscá-la. Enfim, sempre foi possível receber visitas estando sozinha em casa, não deixei de ter vida social só porque não tinha audição.
Ontem, sábado, o Edu precisou sair e eu fiquei em casa esperando pra ir buscar a Kali – já falei bastante dela aqui, ela é minha amiga desde que me entendo por gente – no aeroporto (ela mora no RJ) até que ela me mandou um SMS e disse que preferia vir de taxi. Moro bem perto do aeroporto, portanto, a corrida não é cara e realmente, era mais rápido do que eu sair pra buscá-la (não combinamos horário, porque o vôo dela atrasou e eu pedi pra ela ligar quando estivesse chegando). Respondi o SMS dizendo pra ela, como de hábito, dar um toque no celular quando chegasse, que eu desceria para buscá-la.
Mas apaguei o recado.
Escrevi: “Interfona quando você chegar.”
Pode parecer bobagem mas, pra mim, é um passo enorme de independência, saber que posso confiar tão-somente na audição para resolver um problema.
Bateu uma insegurança : “ai, meldels, será que eu consigo atender o inferfone estando sozinha em casa?” – pensei, porque seria uma situação totalmente nova. E até avisei-a para, qualquer coisa, avisar via celular quando chegasse. Precisava de uma rede de segurança, né? hehe
Mas, o interfone tocou (admito que levei uns 3 segundos pra reconhecer que tratava-se do interfone, de tão poucas vezes que ouvi-o tocar), atendi e ouvi o porteiro falar, embora não tenha entendido, porque ele falou tão baixo, que parecia um ratinho. Respondi: Ok, pode mandá-la subir. E desliguei.
Pouquissimo tempo depois, ela estava aqui na porta, pois tinha dado tudo certo…
Bobagenzinha, eu sei, mas um passo enorme pra independência. Sim, o Implante Coclear vale a pena!
Beijinhos sonoros e ótima segunda,
Lak
Que coisa boa! As pequenas grandes conquistas! Você me fez lembrar de uma dificuldade que eu tinha quando comecei a dirigir. A minha concentração na ação de dirigir era tamanha que eu não conseguia “ver” ninguém na rua, só focava nos carros e nos espelhos retrovisores…Um dia consegui não só ver uma amiga como (o máximo!) acenar prá ela rsrsrsrs! Já se vão muitos anos mas até hoje me lembro da alegria daquela conquista!
Curta mesmo e prá comemorar cante bem alto com a Kali “Forever, wherever,You’ll stay in my heart…”
Beijos!!!! 😉
Hahahahaa é verdade, tirar CNH é seguido de um grande periodo de adaptação, até aquilo virar automático. Pra alguns demora mais, pra outros menos, mas eu levei longos meses pra me adaptar totalmente. Boa lembrança!!
Beijos
grandes alegrias surgem nas pequenas vitórias
sempre um passo de cada vez, pense nisso
Yes! Beijos
…aos poucos o implante vai te devolvendo essas coisas simples de que é composta a vida da gente…vivaaaaaa! 😀 😉
YES… e quando vc faz o seu? haha
Eu aqui feliz, feliz de vc mais uma vez sentir-se independente, livre,
delicia e embora não tenhamos por hábito prestar atenção são esses
momentos que nos fazem sentir bem.
Puxa, lembrei quando tive um problema que me deixou sem poder tomar
uma chuveirada por 4 mêses, embora eu adore uma banheira já não dava
mais, banheira é pra curtir…chuveiro é necessário,diário, prático, rsrsrs bom
ficaria aqui falando sobre as vantagens dele, já que tive esses simplórios
4 mêses pra descobrir. Imagino vc com 23 anos de estrada…retornando as praticidades do dia a dia, como um mero interfone que passa a ter a conotação de maravilhoso interfone e, sem esquecer abençoado IC! bjs carinhosos 😎
Pois é…. 😳
Adoooooooro essas pequenas coisas que fazem a gnt valorizar mais! Pequenas conquistas são grandes vitórias. bjoo Lak
Pois é… me sinto realizada hahahaa
Beijos
É tão emocionante ler suas experiências. Elas sempre me fazem chorar. Adoooro cada uma delas. Parabéns linda por mais esta experiência. Está ficando cada vez mais independente e reconhecendo os mais variados sons, né? Beijões sonoríssimos. 😛 😉
Ei, sumida!! Saudade… Beijos
Nenhuma conquista é pequena, ou não seria conquista. Pode parecer aos desavisados uma coisa corriqueira, mas só quem a experimenta sabe a delícia da superação, do progresso, do rompimento de barreiras. Fico aqui vibrando e me deliciando com seus relatos. Um grande beijo.
E ontem, eu fiquei perplexa de descobrir que a maquina de pesar pão de queijo faz barulhinho (quando digita e quando sai a etiqueta) juro que NUNCA iria imaginar que tal coisa podia fazer barulho hahahaha
Beijos
Tá vendo? Da próxima vez vou prestar atenção, porque também NUNCA notei que a tal máquina faz barulhinho. Depois te falo.
hahahahahaha se ouvi antes, tb não notei…
O que talvez você não tenha noção é da felicidade imeeensa que a gente sente quando acompanha os seus passos com o IC!!! Quando recebi sua msg me dizendo para interfonar, pensei “UAUUU”, claro que mandaria SMS se por acaso não desse certo, mas… VOCÊ OUVIU, ATENDEU E RESPONDEU!!!!! Aí foi só partir pro abraço e subir o elevador com os olhos cheios d’água!!!!!
Emoção tão grande quanto foi no momento em que você me disse que minha voz é rouquinha… ai, muuuuito feliz!!!!!!!!
Agora só falta a gente se trancar no seu carro e cantar atééééé dizer chega! 😀
Beijos estalados, abraços apertados e muuuito sorriso no rosto!
hahahaha chorei aqui… Beijinhos
Olá Lak, tudo bem?!
Gosto mesmo de ler o que você escreve!
Você consegue transmitir em poucas palavras toda a emotividade e ansiedade sentida no momento, confesso que fiquei ansiosa pra chegar logo no final e saber se vc ouviu o interfone, quase pulei alguns trechos, apesar de serem pequenos….rs, daqui a pouco você vai mudar o titulo do blog, essa frase, Desculpa não ouvi, está ficando no passado.
No post anterior sobre a moça que foi de uma grossura extrema, vou dar meu pitaco aqui, posso? rs
Percebi que você está bem acima das grosserias de pessoas assim, mas se deixou levar pelo momento, entretanto, o fato mostrou que você tem muitos amigos que gostam de você e do que escreve
Lak estes são os riscos que as pessoas públicas enfrentam, você é inteligente e formadora de opinião, e infelizmente isso chama a atenção de muitas pessoas e dentre elas algumas que não tem nada a aferecer são vazias de conteúdo e de amor. Sei que o momento já foi superado, mas deixo aqui meu abraço a você e continue sendo essa pessoa maravilhosa que vc é! Não pare nunca de escrever! Beijos
Hehehehe pois é, ja me cobraram uma mudança no nome do blog, mas se vc ver, o verbo está no passado. E eu sempre terei um passado silencioso. E é sobre ele que eu escrevo aqui, porque quando falo no presente, encho eles de sons.
Sobre o post anterior, sim, todo mundo tem uns dias de impaciência. E o que me irritou foi a reincidiência de, na falta de argumentação, partir pra agredir a deficiência. E, no que isso significa, de modo geral, quando a gente releva errinhos, errinhos, errinhos e vira uma bola de neve no quesito desrespeito.
Ademais, é legal falar de tudo que cerca uma pessoa com deficiencia, né? Infelizmente, somos propensos a isso, então, trouxe à debate.
Beijocas
Independência é tudo nessa vida! 😀
Parabéns!
A propósito, amei seu blog!
Vou vir sempre que eu puder!
Bjos!
Hehehe verdade, tudo de bom!! E, com o tempo, vai ficando cada vez mais fácil atender o interfone. Fiz isso ontem, com a maior calma hehe
Beijos