Delícias sonoras de 2012

Faz bastante tempo que não falo dos meus encantamentos sonoros, né?

Pois é, é que conforme o tempo vai passando, os sons vão se tornando cada vez mais familiares e os deslumbramentos ficam espaçados. Que nem gente grande hehehe

Mas assim, algumas coisas ainda me encantam, me comovem, me fazem derramar algumas lágrimas por poder ouvir.

No final de dezembro, estive em Saquarema. Fazia uns 6 anos que eu não ia lá. Saquarema, que fica na região dos lagos, litoral do Rio de Janeiro, é um lugar muito especial pra mim, em diversos sentidos. Praticamente cresci lá. Ia pra lá todos os anos. As vezes, mais de uma vez por ano.

Foi lá, inclusive, que passei o último verão que ouvi, então muitas das minhas últimas lembranças sonoras, estão ligadas a Saquarema.

Quando voltei lá, agora implantada, tive uma surpresa maravilhosa. Como o mar estava revolto, o barulho das ondas se fazia marcante mesmo antes da gente colocar o pé na areia. Eu gosto do barulho do mar, já contei aqui, já inclusive coloquei um vídeo da primeira experiência ouvindo o mar…

Imagem da praia de Itauna, em Saquarema. O céu azul com poucas nuvens, o mar num tom azul profundo, revolto, e a areia bege clara. Há também uma placa vermelha indicando sinal de perigo.

Mas, ouvir o mar de Saquarema me arrancou boas lágrimas, porque o barulho lá é único. E também, foi o último barulho de mar que ouvi. E ele estava exatamente do mesmo jeito, 25 anos depois: forte e sonoro, de ondas que quebram de maneira poderosa e que arrancam até um pouco de medo disfarçado entre os risos “melhor a gente não entrar na água não hehe”

Comecei a chorar assim que me dei conta da familiaridade do som. E continuei chorando por um bom tempo. Porque é engraçado, quando me dou conta que eu tinha medo de nunca mais ouvir  tal coisa de novo, acabo chorando por alívio.

No mesmo instante, publiquei uma foto no Facebook e me deliciei com os comentários de quem ficava encantado de saber que eu tinha realizado um sonho que eu nem conhecia…

Poucos dias depois, estava no Rio de Janeiro, para participar do encontrinho de Implantados que houve lá e visitar a Joana, minha babyborg favorita e fui com o pai da Joana e o irmãozinho dela, Miguel, passear pelo local onde o encontro foi realizado, Forte de Copacabana.

De repente, ouvi um barulho familiar e olhei pro céu (foi de reflexo, porque na realidade, nem sabia direito o que era aquele som). Descobri imediatamente o que se tratava: o barulho do teco-teco que “arrastava” uma faixa de propaganda. Lembrei de estar na praia quando criança e que eu adorava aquele barulho. Delícia…

Imagem de um pequeno avião vermelho, arrastando uma faixa, num céu azul com poucas nuvens.

E uma terceira emoção de ouvir…

Edu, o marido, passou mal esses dias e acabou indo parar no hospital. Na sala de avaliação primária do pronto atendimento, testavam um monte de coisas: pressão, temperatura, oxigenação, etc.  Enquanto ele respondia um inquérito sobre dores e sintomas, ouvi um barulho repetitivo. Pensei ‘é um relógio? mas alto assim?’. E perguntei: “Edu, que barulho é esse.” Mas, antes mesmo que ele pudesse me responder, “minha ficha caiu” e me dei conta que, pela primeira vez, estava ouvindo os batimentos cardíacos dele.

O mundo, com seus incontáveis sons e barulhos indescritíveis, é um lugar deslumbrante!

Adoro que o Implante Coclear me permita fazer parte dele!

Beijinhos sonoros,

Lak

22 Resultados

  1. Marisa Teixeira disse:

    Fiquei toda arrepiada… emocionante mesmo…
    E lindo vc se emocionar com os batimentos cardíacos do Edu… que amor..

  2. SôRamires disse:

    Ai como ouvir é bom! A gente só descobre a enorme importância quando deixa de ouvir né? Beijos! 🙂 🙂 🙂

  3. Evelyn Freitas disse:

    Nossa lak que delicia… Cada vez que vejo minha pqna descobrir ou reconhecer algum tbém não consigo conter as lagrimas… Mas chorar de felicidade é bom demais!!!! Beijos querida!!!

  4. O Edu disse:

    Tão importante quanto tudo isso é que agora você pode ouvir quando te chamo. Saber que quando eu precisar, é só gritar seu nome e você vem me acolher é uma sensação bastante reconfortante.
    Obrigado por estar ao meu lado em todos os momentos difíceis. 😀

  5. Rogerio disse:

    Nem falemos de música, que é covardia. Mas aprendi com você – eu, um ouvinte – a ouvir. Aprendi que ouvír é bem diferente de escutar. Ouvir é sentir a delícia do som, é interagir com o mundo, com os sons da natureza e do cotidiano. Dia desses parei para ouvir um bem-te-vi, coisa impensável há bem pouco tempo. Acho que nada se compara, porém, ao som das ondas quebrando. Sinto falta do mar, morando aqui no Centro-Oeste, mas no carnaval vou me vingar em Natal.
    Seu texto emociona.

    • Avatar photo laklobato disse:

      A audição pode ser natural, mas ESCUTAR o mundo, é um ato consciente, racional. A maioria de nós costuma deixar os sentidos no automático, até que se vê sem ele.. Só aí, se depara com a importância dele: quando já é tarde demais. Mas, por sorte, a convivência uns com os outros nos faz lembrar do que é importante, sem precisar perder nada, não é mesmo?
      Beijinhos

  6. Renata disse:

    Mais um post emocionante, Latika. E que lindo comentário do Edu!! :)) 😳

  7. greize disse:

    Nem sei o que comentar, só que ouvir é muito bom, este post me deixou emocionada.Bjussss 😉

  8. Diana disse:

    E vc me fez chorar mais uma vez, sua lindaaaaaaaaa!!!!!!!!!!!!!

  9. Marcelo P. disse:

    Delicias sonoras! Muito bom mesmo, e que delicia poder ler isso aqui.
    Beijos!

  10. Bruno Sequeira disse:

    Dessa vez posso falar que estava lá !!! Presencie um dos momentos!!! Parabéns Lakinha!!! Mais um post lindo!! 😀

  11. Mariana disse:

    ow, não sabia que dá pra ouvir o coração assim, desse jeito! que surpreendente, amei! :~~~~~~~~~~~~

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