Desenhando de ouvido

Como tenho estado com muita coisa na cabeça – que não vou listar aqui, porque o blog é para ajudar os outros e não meu divã particular – tenho tido muita insônia e, por tabela, a criativade vai pro espaço.

Ontem a noite, estava conversando com uma amiga no MSN, que me contava das desventuras amorosas dela, enquanto a madrugada divagava silenciosa e preguiçosa. Como ela demorava um tempinho para digitar, peguei um lápis e uma folha de papel e comecei a rabiscar.

Confesso que desenhar não é um talento que tenho. Ainda que eu tenha tido surtos de desenhista em vários períodos da minha vida (mas sempre reconhecendo que é uma competência que me falta), faço isso mais como atividade corriqueira do que qualquer outra coisa e 99,99% dos meus desenhos vão pro lixo, sem sequer mostrá-los para alguém.

O lance é que, ontem a noite, a única coisa que eu ouvia era mesmo os meus dedos pressionando fortemente o teclado (todo mundo que convive comigo reclama que faço isso com uma força absurda e o barulho é altissimo!), mas enquanto ela contava os pareceres dela, a sala mergulhava num silêncio quase visível…

Exceto… pelo som do lápis riscando a folha. Primeiro, percebia um barulho gostoso, mas que não chamava tanto a minha atenção.. Depois, dei-me conta de que se tratava do lápis formando o desenho… E o som mudava conforme traço que eu fazia. Comecei a desenhar com mais e menos força, fazendo todos os tipos de movimento que me cabiam, para compor aquela ‘orquestra-desenhística’ que só existia na minha cabeça.

Foi engraçado, a sensação que dava era que o desenho não estava apenas saindo da minha cabeça. Estava entrando também, de volta, através do som…

Fiquei pensando se abandonei minha carreira de desenhista (eu gostava de desenhar quando criança, mas nunca tive talento hahahaha) porque sem o som, o desenho entra menos na cabeça. Depois, conclui que não, apenas meu talento é outro: escrever.

No mais, cometo a ousadia de inserir aqui meu (tenebroso) desenho de ontem a noite, só para vocês verem o que era a forma visual produzida pela orquestra de lápis-e-papel

Beijinhos sonoros (e torcendo pra criatividade voltar logo),
Lak