Deslumbramentos sonoros bilaterais 3
Super sem tempo para postar…
Uma pena, porque a fase atual de deslumbramento sonoro tem sido absolutamente incrível no quesito compreensão do som.
De repente, me dei conta de como sentia falta de ouvir música. Fico um tempão ouvindo sem parar. Quando gosto, volto e ouço umas dez vezes seguidas, o que deve estar enlouquecendo meus vizinhos, mas nada que eu me importe, porque se eles ouvem para enlouquecer, é sinal de que nunca foram surdos e devem ser gratos por isso hahaha
Ainda choro de soluçar quando me deparo com alguma música que, por razão desconhecida, foi marcante e me deixou saudade. Pego-me chorando, por exemplo, por ouvir a música de abertura de uma novela antiga. Choro pelo tempo que queria ouvir e não podia. E lembro de situações que meu coração doeu de vontade e me vejo falando comigo mesma “oh, Lakinha, você ainda vai poder, não se preocupe” hahaha
Domingo fomos eu e Edu para Penedo, RJ. Descobri uma coisa engraçada ao meu respeito. Sempre fui de viajar calada e achava que era porque a paisagem mudava o tempo todo. Mas não é só isso, porque ouvindo, gosto de ouvir o som que o carro faz na estrada. Meu pensamento viaja pra longe. Edu ligou o rádio umas vezes e aquilo me irritou. Gosto do barulho do vento entrando pela fresta da janela, do barulho do motor, do barulho dos outros carros que passam. A paisagem faz parte, mas o pacote completo depende do som.
Em Penedo, fomos até o rio, que é o mesmo de Visconde de Mauá. Foi lá que passamos o último natal que eu ouvi e o barulho daquele rio, depois de quase 26 anos (é, completa isso em fevereiro) foi uma dádiva sonora. Fiquei um tempão ouvindo a água de olhos fechados. De vez em quando, eu colocava a mão para sentí-la correr entre os meus dedos, mas só o som já me bastava. Quase entrei numa espécie de transe. Ouvir com os dois ouvidos, como já disse, transporta os sons para dentro de nós. E, naquela hora, havia um rio inteiro correndo pelos meus pensamentos. Nem me importei que a água estava gelada, que as pedras estavam molhadas. Tudo isso não importava, só importava o prazer de ouvir.
Porque ouvir é o que, na minha opinião, nos conecta com o mundo. Como falei no meu facebook: o Implante Coclear não cura a surdez, mas cura o isolamento da alma!
Edu me pegou com sorriso no rosto mais de uma vez. Sorriso bobo, só porque eu entendia alguma coisa que algum desconhecido me dizia. Algo como “bom dia!” “Posso ajudar?” “Você quer provar nosso licor?”. Coisas inesperadas, ditas pelas minhas costas, mas que mesmo assim, eu era capaz de entender. Tive que me conter várias vezes, porque tinha uma vontade louca de dar um abraço em cada uma dessas pessoas, vê se pode…
Essas 4 semanas que se passaram desde a ativação tem sido um instante mágico da minha vida. Dou-me conta de que, mesmo sendo surda há 25 anos, sou uma pessoa totalmente auditiva. Bizarro, né? Passei a vida ouvindo as pessoas me dizerem “eu não suportaria se estivesse no seu lugar, porque sou muito ligada a som”. Creiam, ninguém é mais ligado ao som que eu, apenas essas pessoas não foram colocadas à prova! Se é possível ser feliz sem ouvir? Certamente… Mas, sinceramente, ouvindo tudo sempre fica muito melhor!
Beijinhos sonoros em stereo,
Lak
Lindo, Lak. Eu sabia que era o som do riacho que tinha te emocionado. Me emociona muito também.
A natureza sempre me emociona… muito…
Beijos
Oi Lak, eu estou aqui ainda mergulhada no silencio, faz tres semanas q fiz meu implante binaural, e ouvir seu relato sobre os sons me traz expectativas e um frio na barriga… O que será que eu vou ouvir depois do implante? O médico já me avisou que nao é nenhum milagre… Mas a gente fica pensando… : -O que será que eu ouvia??? Como serão os novos sons???? Gente!!! Fala a verdade!!! Quem nunca ouviu e quem só ouvia com os aparelhos auditivos, mesmo sem entender direito muitas coisas como ERA o meu caso (se deus quiser!!!rsrsrsr) é uma expectativa maravilhosa!!!! Espero que as minhas emoçoes sejam tao lindas como as suas Lak Lobato, e desjo a todas as pessoas q procuram um implante coclear a mesma dádiva que a gente conseguiu, pois nas filas de espera do ambulatori da otorrino tive a oportunidade de conhecer pessoas maravilhosas e me emocionar com a historia delas!!! Bjao Lak, que a gente viva para as emocoes sonoras!!!!
Andréa, eu desejo o mesmo pra você: um universo sonoro inteiro, bem emocionante…
Eu acho que o binaural deve ter um resultado bem rápido, heim?
Talvez metálico no começo, mas logo você acostuma e passa a achar natural.
Sobre milagres… é questão de perspectiva. Milagre comparado com audição natural perfeita, provavelmente não é. Mas quantos de nós tem essa opção. É um milagre sim, tecnologico, se comparado ao silêncio… Portanto, mergulhe de cabeça nessas fantasias e se permita sonhar com tudo que vc quiser. Se conseguir, ótimo. Se não… não faz mal tb hehe
Beijos
Adeus, isolamento!!!! 🙂
Eu comecei a ler e me dizia, não vou chorar, não vou chorar…até que senti uma aguinha quente descendo pelo meu rosto. A sua foto está bonita demais e transmite tudo isso que você disse. Agora além da aguinha descendo no rosto o nariz começa também a se manifestar. É como sempre: 😉 você ao se descrever nos descreve! 😀
ouvir lava a alma mesmo hahaha
beijos
Não sou propriamente um amante da natureza. Meia hora no mato já deu, fim de semana numa fazenda só com algum atrativo que não me deixe esquecer que sou um ser essencialmente urbano. E olha que moro num Estado rural. Mas tem uma coisa que sempre mexeu comigo: a água. Falar do mar é covardia, sou capaz de ficar horas contemplando, ouvindo as ondas e viajando. Mas também tem a água doce, do Rio Paraguai, em Cáceres/MT, que é apaixonante, ou as cachoeiras em curva, maravilhosamente assustadoras de Presidente Figueiredo/AM. Quando for a Manaus, dê um pulinho lá (120 km).
Você sabe o quanto fico feliz ao ler seus relatos, as (re)descobertas, as emoções novas ou represadas. Minha única preocupação é que agora já não vou poder falar mal de você pelas costas, tenho que me policiar.
Grande beijo!
não sou muito de mato tb, mas as vezes faz bem… Ouvir faz mais bem ainda… hehe
beijos
Lak! vc não imagina a felicidade que tb estou sentindo por esse novo momento da sua vida!
Qdo li a matéria tb tive vontade de chorar, mas depois ri, ri muito de alegria por vc. bjs carinhosos ♥♥♥
😀
Obrigada, Chris… Beijocas
Puxa Lak, vc sempre me emocionando intensamente, seus relatos são um presente para alma, saber desse seu reencontro com os sons, desde as músicas que nos transportam a épocas diferentes até o som da água, lindo, vivo, relaxante!!!! que bom estar de volta a esses barulhos tão intensos, tão reais, que nos deixam mais felizes. 🙂
🙂
Para mm foi o som das odas da praia!
O barulho de rio e cachoeira já é maravilhoso por si só, mas quando vem com todo esse significado e deslumbramento… aí é uma festa!!!! Festa no seu coração e nos dos privilegiados que podem acompanhar suas descrições!!!
Amo vc!
Bjs 😀
Oi Lak, não estou muito no face.Mas estou tentando ver os blogs.
Que foto, linda só quem sabe da sua história sabe o que ela representa, me dá vontade de chorar….chorei.rs 😡
Como não valorizamos as coisas mínimas.Um dia me chamaram eu estava de costa para a pessoa, na hora hora respondi:Oi!Aquilo para mim foi a glória.Milagres é isso, coisas dos dia a dia.
Deus usa sim a tecnologia em nosso favor, ilumina esses seres para nos proporcionar os sons.Sua foto me lembrou um trecho de uma música:
“Nos galhos secos de uma árvore qualquer
Onde ninguém jamais pudesse imaginar
O Criador vê uma flor à brotar…”
Bjos sonoros, duplos!!!! 😉