Diferenciais dos direitos das pessoas com deficiência ao redor do mundo
Apesar da briga de direitos humanos, além dos direitos específicos das pessoas com deficiência, ser de ordem mundial, eles variam conforme as cidades, estados e países, obviamente.
Aqui no Brasil, os direitos das pessoas com deficiência variam MUITO. Em geral, de acordo com a deficiência e necessidades. Por um lado, é bacana, porque não dá direitos desnecessários a ninguém. Por outro, deixa alguns deficientes em desvantagem geral, uma vez que ele tem menos condições que as pessoas sem deficiência e menos direitos que outras pessoas com deficiência.
Eu canso de bater na tecla de que as deficiências não são homogêneas. Especialmente a deficiência auditiva que é justamente a que menos causa limitações físicas, mas que mais isola em relação às outras deficiências. Apesar de tentarem pregar que existe um modelo de surdo universal, isso é mentira, porque existe diversos graus de perda auditiva e existe diversas maneiras de se lidar com ela. São pelo menos QUATRO subgrupos dentro deste universo:
– Surdos, surdos sinalizados ou usuários da língua de sinais: o estereótipo vulgar e errôneamente conhecido como surdo-mudo, que fala tão-somente a língua de sinais. (não acho que surdos sinalizados são vulgares ou errados, só o estereótipo de chama-los de ‘surdos-mudos’ considero errado, que fique claro)
– Surdos oralizados ou usuários da língua portuguesa: um subgrupo pouco conhecido da maioria, mas familiar de quem lê o DNO, blog do SULP ou o Crônicas da Surdez, pessoas que tem perda auditiva severa a profunda, que não se beneficiam pelas próteses auditivas convencionais a ponto de ter discriminação auditiva (mas que podem se beneficiar com o Implante Coclear ou o BaHa, podendo ou não ter discriminação auditiva da fala, satisfatória, com tais tecnologias), mas que não fazem uso ou não se interessam pela lingua de sinais, uma vez que falam oralmente – com pouco ou muito sotaque, mas falam através da voz – e lêem lábios e são fluentes na língua portuguesa falada e escrita.
– Surdos bilingues: seriam os surdos oralizados que também fazem uso da língua de sinais, com fluência em ambas.
– Deficientes auditivos: são aqueles que conseguem ter boa discriminação auditiva da fala (esse é o ponto chave, os surdos oralizados, em geral, conseguem até discriminar algumas coisas que ouvem, mas não conseguem discriminar uma conversa sem usar a leitura labial) com próteses convencionais. Ou que simplesmente têm perda leve ou moderada. Muitos sequer se consideram deficientes auditivos.
Aqui no Brasil, existe muita discussão de quais direitos são comuns das pessoas com deficiência. Por exemplo, as vagas preferenciais de estacionamento são exclusivas de deficientes físicos ou pessoas com mobilidade reduzida. Um deficiente auditivo não tem direito àquelas vagas (por mais que alguns tentem dizer que tem sim). Alguém me disse que nos EUA existem vagas demarcadas inclusive para deficientes auditivos (com o diferencial de que elas NÃO têm a faixa lateral, já que surdos e deficientes auditivos não têm necessidade de espaço extra).
As filas preferenciais, teoricamente, são para essas mesmas pessoas, além de gestantes, idosos e pessoas com crianças de colo. Mas, os deficientes auditivos PODEM usar sim essas filas, uma vez que, na necessidade de conversar com o caixa, o atendente da fila preferencial tem (ou deveria ter) mais paciência de falar com uma pessoa com dificuldade de comunicação. E, teoricamente, também deveria saber pelo menos o básico da língua de sinais (embora eu não saiba dizer se isso realmente é cumprido).
Aqui, em aeroportos, a gente vê somente o símbolo de deficiencia física nos lugares preferenciais para se sentar. Na Europa, esses assentos preferenciais tem o símbolo de TODAS as deficiências. Por quê? Porque todos os avisos de aeroporto são sonoros. Um deficiente auditivo tem alta probabilidade de perder um vôo simplesmente por não ouvir uma chamada. Por isso, ele se senta em lugares demarcados, onde os comissários de terra ou de bordo possam dar um atendimento especial para essas pessoas. Isso não é bacana?
Quando estive na Europa em novembro, testei todas essas praticidades. Realmente, deficientes auditivos são tratados como passageiros VIPs e entram na frente (aqui no Brasil também, basta avisar no balcão e pedir esse atendimento).
Só para vocês verem como é a demarcação por símbolo, uma foto minha num desses assentos especiais da sala de embarque:
Ah, outra coisa, também temos desconto nos ingressos de museus e monumentos da França. Basta avisar e mostrar o aparelho ou IC. Eventualmente, podem pedir algum comprovante. A carteirinha de Implantado vale como identificação junto com o passaporte.
Beijinhos sonoros,
Lak
Lak, quando redigimos o manifesto Sulp resolvemos de comum acordo que o movimento e a denominação “Surdo usuário da língua portuguesa” abrigaria todo e qualquer surdo ou deficiente auditivo que se comunique em português independente do grau de perda auditiva, do uso de próteses ou implantes, de ser pré ou pós lingual; isso para alertar aos legisladores e outros especialistas que trabalham com deficiência que nem todo surdo usa a língua de sinais e que necessitamos instrumentos mais abrangentes para nossa integração social e cultural.
Aos poucos conseguiremos mostrar nossas necessidades específicas.
E o DNO é fundamental para que a diversidade dentro da surdez seja reconhecida e respeitada. 🙂 😀 😉 além de ser um blog delicioso de ler.
Isso mesmo, Sô!
Beijocas
Concordo com a importância dessa discussão e acho que o debate precisa motivar o avanço na garantia dos direitos de quem possui alguma deficiência (física ou sensorial). Ponto pacífico! Mas eu juro que me deu um ataque de bobeira quando comecei a imaginar o que significava aquele símbolo abaixo do cadeirante…. é assento para gente simpática? Comediantes? Gente boba? Múltiplas personalidades?
Ai, desculpa, mas tive que compartilhar minha bobice com vc! 😈
HAHAHAHAHAHAHAH Juro que pensei a mesmissima coisa.
Num faço a menor idéia, seriã…
Beijos
Bem bacana o post! Realmente aquelas placas indicadoras deveriam abranger todas as deficiências, para não ficar nebulosa essa questão de que direitos temos. E quer dizer que posso usar a fila preferencial então?
Pode, se vc sentir necessidade… Eu evito usar, mas é um direito que nos assiste sim. Quem sabe se vc vai conseguir se comunicar na boa? Ou vai pedir pra repetir 500 vezes? Enfim, é um direito da pessoa com deficiencia auditiva sim, por mais que tentem negar…
Vagas e assentos preferenciais é que não concordo, mas no caso da fila, dou o braço a torcer que pode ser necessario sim. Entonces…
Beijos
Kali…nem tinha reparado, você é ótima…será para indicar dupla personalidade? parece mesmo aquele símbolo do teatro, então seá para atores? 😈
hahahaha deve ser deficiencia intelectual, acho.. não sei, to supondo…
Agora que li nos comentários (é, também gosto de ler os comentários hehe), esse símbolo é estranho mesmo 😛 Acho que deve ser para deficiência mental… tipo esquizofrênico. Sei lá.
huahauhau a gente não sabemos… mas vai pela suposição…
Prezada Lak,
Adorei o seu blog. Já está inscrito entre os meus favoritos. Sou advogada, moro em Maceió/AL, e há dez anos realizo pesquisas sobre inclusão social, direitos humanos e direito ao trabalho, principalmente da pessoa com deficiência.
Quando tiver um tempo, me visite no meu blog.
Um abraço.
Que bacana! Podexá que passo lá sim.
Beijocas.
Minha alma de pesquisadora não sossegou enquanto não achei o que significa esse símbolo dessas duas carinhas:
Copiei de um site francês que tinha o mesmo desenho.
O DNO é curtura!
Symbole d’accueil, accompagnement et accessibilité :
Símbolo de recepção, acompanhamento e acessibilidade:
Ils sont utilisés pour indiquer les lieux ne présentant pas d’obstacles, où les personnes en fauteuil roulant peuvent se déplacer sans avoir besoin d’assistance, les services et aménagements destinés aux personnes déficientes auditives, aux personnes handicapées visuelles.
São usados para indicar que o local não têm obstáculos, em que as pessoas de cadeiras de rodas podem se mover sem necessidade de ajuda, os serviços e facilidades para pessoas deficientes auditivas, visuais.
Hehehehe valeu!!
Muito bom!
Uia, vc por aqui? Eba! Beijos
Eu lembro dessa placa no Charles de Gaule.
Acho show pais que prepara toda uma estrutura para facilitar a vida de pessoas deficientes ou com dificuldades de locomoção.
E como é ai em Londres??
Beijos
O unico problema aqui é que nem toda estação de metro ou de trem tem elevador. São muito antigas e a reforma anda lenta. A previsão é até 2018 ter acessibilidade em pelo menos 80% das estacões. A meta é até 2020.
Os onibus aqui tem rampas e elevadores.
Os avisos sonoros e visuais para a pessoa saber a paradapredomina no transporte publico britanico.
Lojas, supermercados e farmacias tem pessoal treinado para atendimento. O mesmo para aeroportos e transportes publicos.
As vagas para deficientes engloba todos os tipos de deficiência, e também englobam idosos com dificuldade de locomoção ou quem os transporta. Quem estacionar nessas vagas e não tiver o adesivo da prefeitura de Londres, tem as rodas do carro travadas.
A fiscalização é feita pelos conselhos municipais, o que seria sub-prefeitura em SP. Nos shoppings as cameras já denunciam.
Aliás muita coisa é pega por camera em Londres.
Há transporte publico especializado em transporte de deficientes pouco autônomos para usarem o transporte comum e suas acessibilidades.
É o “Dial a Ride”. Leva o deficiente para onde ele precisar, seja academia de ginastica, medico, teatro, o que for.
Os black cabs também tem estrutura e os motoristas são treinados para atenderem deficientes.
O ruim é pro deficiente visual que lê lábios. Tem que se contorcer pra ver o motorista falando. Eles usam uma proteção contra malucos que assaltam com faca, eles ficam em uma cabine separada do passageiro. Então os deficientes auditivos tem que ficar olhando pelo espelho o movimento dos labios. Ou então o motorista escreve e o passageiro também.
Mas a gente SEMPRE usa o espelho pra ler lábios dos motoristas. É impossivel ele ficar virando a cabeça pra conversar sem um acidente de trânsito.
Beijos e obrigada
Caraca! Quis dizer deficiente auditivo que lê lábios! Coloquei deficiente visual! ehehe! Preciso parar de usar o colirio aluginogeno! ahaha!
Ah, faço ginástica no YMCA, uma ONG americana que fornece abrigo pra sem teto, tem atividades recretativas para crianças, restaurante a preço de custo e uma academia de ginástica muito boa e equipada.
Tem dois alunos lá que são deficientes e eles usam esse serviço Dial a Ride. Tem horário certinho pra busca-los e talz.
Bacana!!
Ehehe! É verdade lak!
Ou a pessoa lê os lábios do motorista através do espelho ou se arrisca a sofrer um acidente de trânsito porque o taxista olhou pra trás. 😀
Acho perfeito esse Dial a Ride. Nem toda estação de metro ou parada de onibus é próxima do local onde a pessoa quer sair ou ir.
Bem conveniente o transporte.
Aqui tem o Atende, mas parece que a pessoa só pode fazer 1 trajeto por dia…
Mas acho que isso acontece porque o serviço não deve ter em todos os bairros e se eles fizerem vários trajetos pra mesma pessoa, fica impossivel atender a todos em uma cidade como SP.
O dial a ride tem em toda a cidade de Londres, em vários conselhos, o que facilita a diversidade de trajetos. Mas um dos alunos da academia que usa esse serivço, disse que quando começou também tinha restrição de trajeto por pessoa.
é, não dá pra comparar Londres com SP.
olha eu aqui te visitandooooooo…..
beijocas 😀
huahuahaua fofa!! Beijos
Muito bacana isso! 🙂 E o mais legal é que os franceses (a maioria, pelo menos) sabem como tratar essas pessoas. Num supermercado lá, uma mulher (todas as atendentes tinham descendencia asiática, achei curioso isso, hihi) disse quanto deu as comprinhas, ao contrário daqui…
Bão demais esses descontos! Quando fui a Paris, só tive tempo de visitar um museu, o Louvre. Nem pro Pompadour pude ir. 🙁
Bjos
Hehehe prepara a carteirinha de implantada, a próxima vez que for!
Beijo
Concordo o DNO tb é “culturaaa””..rss.Aprendendo até símbolos internacionais chique bemmm.Sobre fila preferencial, Eu Uso.Antes não.Mas depois que aconteceu um episódio, pensei, é p/ DF então vou usar.Fui na fila normal, banco cheio, correria, o caixa com pressa, eu pedindo p/ repetir, dai a fila atrás de mim quase, tendo um ataque de fúria.Nunca mais.Se é preferencial devem ser treinados p/ terem mais paciência.E agora não tenho problema nenhum, mtos atendem com calma.Aqui em BH tem um projeto de todos os correios terem um caixa preferencial para DA, estão dando cursos de LIBRAS direto,se vc não sabe ,sem problemas eles te atendem com mta educação e paciência .
Ai França, país da inclusão.Essa do museu então.Amei!!bjuss 😀
Legal, mas não falo Libras. Acho essencial que se lembrem de falar no curso que sempre haverá deficientes auditivos que se comunicam pela voz. Que os funcionarios estejam aptos a atender os oralizados tb.
Beijos
ixii Lak isso eu não sei…vou ver com uma professora lá, se é explicado isso, pq tb não sei LS, e te falo ok.Só sei que educação e paciência eles tem, vc sabendo ou não.
bjim
Mas eu não quero falar Libras e não quero que tentem me empurrar isso. Acho que os cursos de Libras não deveriam se limitar a esclarecer o idioma, deveriam falar tb da diversidade que existe e o quanto é importante respeitar todos os tipos de deficientes auditivos.
Mas, enquanto tentarem vender o estereotipo do surdo universal, eu vou bater nessa tecla. Que ensinem o idioma, sem tentar enfiar TODO deficiente auditivo no mesmo saco.
Beijos
Calma mulher, eles não te empurram não..rssr.Tem fila e senha.Brincadeira.
Perguntei a uma instrutora se no curso os alunos(atendentes) são esclarecidos sobre a diversidade que existe, de todos os tipos.E a resposta foi a seguinte: “Explico sim. Explico e contextualizo que cada surdo é diferente e se comunica diferente, seja oralizado, por lingua de sinais ou outros tipos, e todos devem ser respeitados por isso.”
Indiquei uns Blogs, inclusive o seu, ela vai repassar aos alunos.Sou professora e sei que, tem que “Bater” na tecla mtas vezes,com alunos.Bjus ..Mué brava uai.hehehe 😮 😉
Sensacional. Eu respeito a Libras, quem faz uso dela e concordo que se ensine pelo menos o básico para todas as pessoas. Com a condição sine qua non de ensinarem também sobre a diversidade e prepararem as pessoas para atenderem todos os tipos de deficientes auditivos. Não acredito num modelo único e universal de surdos, porque isso seria um desrepeito à individualidade.
Do contrario, existe espaço para coexistirmos todos em paz.
Eu até sei o basico da Libras e poderia facilmente ajudar um surdo que só se comunique por ela. Mas, não me interessa que um ouvinte fale comigo por mínimas nem me diga que ‘quer falar comigo no meu idioma’. Meu idioma é o português. Falado
Beijocas