Dissecando Pinoquio
Essa é uma visão completamente subjetiva de Pinoquio e há quem discorde veêmente dela. Mas, a graça de ver o mundo à sua maneira é justamente compartilhar essa visão…
Enfim, quando estive em Veneza, na Itália, fiz questão de comprar um Pinoquiozinho de madeira pra pôr na porta do meu quarto. Houve quem me perguntasse por que eu queria colocar um bonequinho mentiroso, cujo nariz cresce e apronta poucas e boas…
Mas é que eu me identifico com Pinoquio de uma maneira especial. Vejo nesse personagem de Carlos Collodi (pseudônimo de Carlos Lorenzini) um habitante do mundo dos que tem uma deficiência. Por que? Porque ele não era igual as outras pessoas, ele era de madeira.
Por conta disso, ele passa a história inteira aprontando poucas e boas, com a esperança de um dia virar um “menino de verdade”.
Ainda que essa não fosse a intenção original do autor, a história sempre foi um exemplo de superação pra mim. Todas as etapas que Pinoquio passa lembram as etapas de superação que uma pessoa com deficiência passa ao longo da vida.
Primeiro, ela se nega a aceitar que simplesmente não é igual ao padrão comum de pessoas (assim como o Pinóquio com sua forma de madeira). Depois, ela tenta negar isso (tal como Pinoquio, quando foge da escola). Passa por um etapa de rebeldia e depressão, antes de chegar à aceitação.
Pinoquio é enganado, renegado, ridicularizado. Coisas que são comuns com quem faz parte de uma minoria e, enquanto ele se nega a aceitar isso e mente pra si mesmo, o nariz dele cresce e sua mentira se torna cada vez mais visível.
Mas, o que importa mesmo é que no final, ele se transforma num menino de verdade e isso, pra mim, tem todo o simbolismo da superação, que nem sempre se dá pela cura física completa. Cada deficiente, à partir do momento que se aceita de fato, encontra seu “menino de verdade” dentro de si da sua maneira. Seja com um tratamento fisico, seja por uma redescoberta de si, seja por uma mudança de percepção.
Por isso que eu queria um bonequinho pra porta do meu quarto: para me lembrar que a superação existe.
Alias, acredito que essa mensagem não seja exclusiva para quem tem deficiência, mas para qualquer pessoa que sente que não se enquandra, que tem problemas…
“Não desista de tentar o seu melhor!”
Beijinhos,
Lak
😎 😈 👿 🙁 😀 SÓ PRA TESTAR OS BONEQUINHOS!
Olá Lak,
Belo texto! Realmente temos que nos aceitar para que possamos enxergar o “menino de verdade” que existe em nós.
Bjos! 😀
Fazendo isso, podemos até nos descobrir anjos de verdade! hehehe
Lak,
Esta história faz todo o sentido, lembro-me há anos ainda criança a ver o Pinóquio através do canal televisivo, porém não tinha legendagem o que me entristecia profundamente mas nas expressões bem vivas conseguia interagir e criar diálogos inventados por mim.
Mais uma vez, a inexistência de legendas reforçou-me a paridade linguística, e como você tão bem descreveu no post: mais uma prova de superação! 🙂 😀
Beijos
Sun
Opa, obrigada pela visita.
Também faço muito isso, quando não tem legenda num programa: imaginar o diálogo. Mas é tão natural que, quando me dou conta, já vi metade do programa hahaha
Superar-se a si mesmo é uma arte, né?! Somos artistas de nós e isso é fantástico.
Grande beijo e seja bem vinda ao blog.
Fiquei sem palavras. Descreveu muito bem. 😎
Bem legal…não enxerguei o Pinóquio por este ângulo. Parabéns! Também adorava o Pinóquio. 😀
Oi Lak, adorei o texto, muito bom mesmo. Me fez pensar bastante.
Eu tenho uma visão um pouco diferente. Pq ando partidário do todos na realidade somos deficientes, alguns tem deficiências aparentes, outros não, mas são deficientes do mesmo jeito.
E nessa linha vejo o menino de madeira como alguém que quer apenas ser igual a todos, pq no fundo todo mundo é sempre igual (algo que falei no meu blog).
Alex, a graça é justamente cada um compartilhar a visão que tem a respeito… Vejo deficiência, porque ele simplesmente não tinha a mesma compleição física que os demais.
Mas a sua visão tb é pertinente.
Obrigada por compartilhá-la.
Beijinhos 😉
Brilhante…
São seus olhos… hihihi 😳