É possível fazer fonoterapia morando no interior?

Morar em cidades pequenas é um paraíso: mais qualidade de vida, menos stress, vizinhos que se conhecem, nada de trânsito. Mas, como todas as coisas, tudo tem seu lado negativo. E para quem depende da tecnologia para ouvir, pode representar um entrave a mais: como lidar com a necessidade de um profissional de fonoaudiologia para fazer a reabilitação auditiva tão necessária?

Quem explica para o DNO sobre isso é a Lina Nardes, mãe do Leonan, implantado de 8 anos, que mora numa cidade com menos de 20.000 habitantes.

Moro em um bairro rural de uma cidade pequena, onde não existe fono.

Minha saga por fono não se deu por conta da surdez do Leo. Mas por problemas de deglutição, quando ele ainda tinha oito meses de vida.

Por ser uma cidade pequena, só consegui fono na cidade vizinha a 50km de distância. Íamos uma vez por semana para as sessões. Assim que ele começou a comer via oral, paramos com as sessões.

Quando o Leo tinha 1 ano e 5 meses, confirmamos a surdez e ele passou a usar aparelhos auditivos. E voltou a fazer as sessões com a mesma fono. Nisso, foi indicado que fizesse fono pelo menos três vezes por semana, para ter um bom resultado. Começamos a viajar essas três vezes por semana, durante 6 meses. Ainda assim, ele não apresentou resultados com os aparelhos e precisamos optar pelo implante coclear. Logo após a ativação, indicaram que ele continuasse com as três sessões semanais de terapia.

Tentamos por dois meses, mas se tornou inviável. Além de caro, era extremamente cansativo para todos nós.

Conversei com a fono e expliquei a nossa situação. Perguntei se seria possível fazer sessões apenas uma vez por semana. Ela respondeu que não era o ideal, mas que se era a nossa única opção, ela poderia adaptar as sessões com o Leo, contanto que nos comprometêssemos a realizar o restante da reabilitação em casa.

As sessões com ela, uma vez na semana, eram um pouco mais longas que o habitual. E ela nos passava material para que pudéssemos trabalhar com ele em casa.

Mas eu levei isso a sério! Não me limitei a reproduzir o material que ela nos passava. Eu o estimulava o máximo que podia, usando todo o tipo de estímulo e transformando qualquer atividade que fizéssemos juntos num aprendizado.

Confesso que tive medo que essa escassez de sessões pudesse comprometer os resultados da reabilitação do Leo, que além de tudo, é um caso considerado tardio: ele implantou já com 3 anos.

Mas deu tudo certo, graças ao nosso comprometimento, nossa dedicação e, sobretudo, pelo esforço do próprio Leonan, que é uma criança curiosa, inteligente e esperta!

Hoje, ele tem cinco anos de implante coclear, é bem oralizado, está em fase de alfabetização, já no terceiro ano do ensino fundamental.

Se a terapia apenas uma vez por semana funciona?

Bom, posso dizer que no nosso caso funcionou. Especialmente porque havia uma família muito comprometida com a terapia em casa!

Afinal, a reabilitação não pode ser limitada somente à sessão de fono, a família precisa abraçar de verdade a opção pelo implante coclear! As sessões de fono são apenas uma parte do processo, mas a maior parte do tempo, a criança está em casa com a família. E esse tempo precisa ser bem aproveitado para a estimulação da criança.

Pessoalmente, eu acredito que não é a quantidade de sessões que faz a diferença na reabilitação. Mas a qualidade da sessão somada ao trabalho complementar. Se a família pode fazer três sessões semanais, ótimo! Mas, se assim como nós, só tiverem a opção de fazer uma vez por semana, tudo bem também. Fazendo a nossa parte, um ótimo resultado é possível.

Ninguém disse que é fácil, mas aqui em casa, sei que valeu a pena!

– Lina Nardes

Aliás, tem um grupo de mães e pais de implantados no Facebook especialmente dedicado a troca de ideias sobre estimulação em casa, chamado Atividades Para Crianças Implantadas. Super indico, especialmente para quem está começando a trilhar essa vida agora.

Beijinhos sonoros,
Lak Lobato

1 Resultado

  1. Anne disse:

    Eu tenho perda auditiva desde criança, mas só tive a comfirmação da porcentagem aos 11 anos e aos 12 anos comecei a usar aparelho.
    Dos 16 aos 18 anos fiz fonoterapia uma vez por semana para melhorar a fala em uma cidade que fica a 36km distância.
    E eu também fazia os exercícios passados em casa.
    E posso dizer que eu tive um resultado bom, pois ela me deu alta indicado que já tinha melhorado minha fala.
    Atualmente sou estudante do 7º período de Jornalismo e já ministrei palestras na área da deficiência e superação.

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