Eletromagnetismo pessoal
Passei o dia no hospital ontem!
Não, calma. Fui fazer o resto dos exames que faltavam, para confirmar a possibilidade de fazer o Implante Coclear. Não que antes não fosse certeza, apenas precisava confirmar a condição física para tanto (e olha que eu tô chutando os resultados, porque só sexta/segunda).
Um dos exames de ontem realmente me deixava apreensiva: ressonância magnética. Muita gente faz e diz que não achou nada demais. Mas também tem muita gente que diz que sofre nesse exame, porque ficar meia hora dentro de um tubo de metal não é assim, gostoso, sabe? Ainda mais quando você tem claustrofobia (medo de lugares fechados). E, o pior, eu tenho!
Uma das primeiras lembranças que eu tenho, era de ter uns 3, 4 anos e estar brincando no meu quarto, juntamente com minha irmã (1 ano mais velha) e minha melhor amiga, a KK (sempre falo dela por aqui, 1 ano mais nova). Estávamos brincando com um baú de madeira, onde ficavam nossos brinquedos. Tiramos tudo de dentro (acho que minha mãe tinha mandado fazer isso pra limpar e depois, o baú ficou vazio e foi a festa), entrava uma e as outras fechavam a tampa e ficávamos rindo). Quando chegou a minha vez e fecharam a tampa, eu comecei a gritar e pedi pra sair e nem era nada demais… Enfim, lugar fechado não é comigo!!
Bom, voltando do tunel do tempo, ontem foi prova de fogo. Cheguei no hospital (porque tinham me falado que lá era tranquilo e eu segui a dica) . Cheguei, entreguei os pedidos do médico e já avisaram que eletrocardiograma só tinha noutra unidade. Bom, a ressonancia tinha hora marcada, então eu cheguei tipo 8h30 no hospital. O recepcionista disse que ia me mandar fazer abreugrafia (raio X do pulmão) antes da ressonancia por causa do contraste. Mas demorou tanto, que o técnico da ressonância veio me buscar e disse que o contraste de ressonância não faz mal nenhum e não tem efeito colateral (o da tomografia, eu não tomei, porque era a base de iodo e eu sou alérgica a camarão).
Bom, por conta da claustrofobia, eu li todas as informações possíveis e à disposição na internet sobre o exame. Fui com uma roupa bem confortável e sem nenhum metal, o que facilitou na agilidade do exame. Como, ainda assim, eu estava muito nervosa, o técnico ficou conversando comigo antes. Ele passava uma serenidade que transbordava. Disse que era um exame muito tranquilo, que a única coisa que poderia me incomodar era a sensação de aprisionamento, mas que ele me daria a campainha para eu pedir pra parar a qualquer momento.
Perguntei se o contraste tinha efeitos colaterais. Ele disse que raramente. Perguntei quais e ele respondeu que era melhor eu não saber, pra não ficar imaginando coisas. Depois dele deixar a agulha no meu braço já pronta pra receber o contraste, fomos pra sala onde fica o equipamento. A sensação que me deu, foi de que eu seria colocada pra dormir e enviada numa capsula para outra dimensão hehehe
Deitei na prancha do exame, o técnico perguntou se eu queria protetores auditivos, porque o exame é muio barulhento. Eu respondi que não, porque eu não ouço quase nada. Ele respondeu: Olha, é barulhento mesmo, mas você quem sabe. (confesso que me arrependi, porque é barulhento mesmo!!) Depois, prendeu minha cabeça com umas almofadas e um capacete de metal. Colocou a campaínha na minha mão e disse: Qualquer coisa, me chama.
Entrei no tubo e me dei conta do quão estreito ele é. A sensação de pavor tomou conta do meu corpo inteiro. Mas, a cada segundo que passava parecendo uma eternidade, eu pensava: “São trinta minutos em troca de se quebrar 22 anos de silêncio, vale a pena.”. Ademais, eu tinha seguido a dica do Raul e pedido pra minha mãe ir comigo. O tempo todo ela ficou segurando minha perna e eu tentava manter a mente fixa ali, imaginando que eu estava fora do tubo, olhando meu corpo semi-inserido no tunel de metal.
Como o exame é longo, pude analisar a situação de diversas óticas. Pensei em como a minha vida é peculiar. Porque, depois dessa cirurgia, eu iria simplesmente nascer de novo, coisa que já fiz quando perdi a audição. Achei graça disso, porque eu sigo a fé hindu e, para os hinduistas, o ciclo de morrer e renascer significa evolução espiritual até a perfeição. E, estar naquele tubo era parte dessa transformação. Entoei alguns mantras mentalmente e, no fim, acabei suportanto o exame com graça e elegância, sem nenhuma reclamação, nem acionar a campaínha nenhuma vez (até porque sair do tubo e entrar de novo não me animava nem um pouco). Muita gente sugeriu que eu tomasse um sedativo para aguentar o exame com mais facilidade, mas como eu faria outros exames, não quis arriscar mascarar o resultado deles.
Por fim, o exame acabou, segui para a abreugrafia, depois pra o eletro. Depois do hospital, fomos para o laboratório onde eu tomei as vacinas (ai meus braços!) e voltei pra casa. Tinha pedido o dia de folga, visto que não sabia o tempo que tudo isso iria levar.
Quando dei-me por mim, já estava em casa, pensando como vale a pena enfrentar os medos! Pode até ser que a gente sofra na hora, mas depois dá aquela sensação de orgulho de si, sabe? hehehe
Beijinhos,
Lak
Lakinha quanta força. PARABÉNS ! ! ! Só em ler, já senti q esse exame exigiu demais de vc. Eu tb sei o q é superar os medos. Tinha muito medo de montanha russa e passei um dia inteiro no Six Flags q é um parque só com elas em todos tamanhos e velocidades. Não sabia q suportaria um dia inteiro, mas no final, até queria voltar. A cada dia torço pra q seu transplante seja o marco do seu renascimento e q transcorra o melhor possível. Bjsss 😀 🙂
Hahaha valeu, Fabi. Exigiu mesmo, mas a sensação de vitória depois é priceless!! Imagino que tenha sido assim com vc e as montanhas russas!
Beijinhos
A viagem começou. Só um furinho e entrar dentro de um buraco de ressonância.
Que a viagem seja bem agradável para a outra parte de sua vida: ouvir. Principalmente as vozes das pessoas que te amam e convivem ao seu lado. Era o que eu mais queria, e como vc disse, o resto é lucro, bonus e assim vivemos. Te desejo tudo de bom nessa viagem!
Fiquei emocionada com sua decisão.
Um beijãozãozão!
Hehehe valeu, Leiloca. Vc sabe que você é uma das minhas inspirações, né? Beijão!
Primeiro parabéns, né?!? 😀 Imagino como deve ser difícil pra alguém que não se sente confortável em lugares fechados fazer uma ressonância! Eu que não tenho problemas com isso já achei bem desconfortável qd fiz….
Enfrentar nossos medos e nossos problemas sempre dá uma sensação mto boa no fim, né?! De olhar pra trás e pensar… “Pronto acabou..nem foi assim tão ruim”
Beijinhos!!
Concordo, exceto que eu olho pra trás e penso: “Foi pior que eu imaginava” hahahaha mas foi por uma boa causa!!
Sabe o mais engraçado, o exame em si não doi nada. Mas o desconforto é tanto, que a gente acaba preferindo até injeção!
Beijos e obrigada.
Coisa importantíssima essa: o medo da dor é muito pior que a própria dor.
Descobri isso quando tentei salvar meu cachorro de um bando de gatos maiores que êle, sai arranhada e tive que tomar injeção antirrábica e naquele tempo eram aplicadas na barriga. Depois da primeira vacina e uma abraço do médico bonachão vi que tinha passado medo sem motivo, foi só uma picadinha (e seriam mais 29 nos dias seguintes).
O barulho é forte mesmo porque eu já sou veterana nesse exame e mesmo assim parece que a máquina está explodindo na minha cabeça.
Ainda bem que você tem essa cultura de hinduismo e mantras, isso ajuda um montão. Depois de minhas aulas de yoga nunca mais temi o dentista.
Vamos em frente menininha que a torcida é grande!
O medo da dor é pior que a dor em si, concordo. Mas confesso tb que sair da máquina foi a melhor sensação do mundo. Um alivio inexplicável.
Como você faz, Sô? Te dão fone de música e tal? Ou nem…
Pois é, meditar, mentalizar, mantralizar (será que existe esse termo) ajuda MESMO! Pode não curar o medo, mas te deixa mais confiante pra lidar com ele.
Consulta de retorno com o médico já marcada! Agora vamos que vamos!! Com torcida fica até mais gostoso hehehe
Beijos
Nossa Lak, fazer ressonância para um claustrofóbico deve ser horrível mesmo. Eu que não sou, fico tensa a cada exame (umas 4 ressonâncias por ano). Mesmo depois de 9 anos fazendo ressonância, ainda sinto pavor no meio do exame, como já contei lá no meu bloguinho.
Mas com certeza vale a pena todo e qualquer esforço agora. Com certeza o resultado vai compensar.
Bjs
Nossa, vc faz ressonância a cada 3 meses? Entra inteira ou só a cabeça?
Detestei a situação, confesso. Estou chocada com a sua frequência! Que terrivel!!
Vale a pena sim, com certeza!
Beijo
Nossa Lakinha eu fiz ressonancia em 2007 pra descartarem possibilidade de tumor causando a surdez ( qdo ainda estavam procurando a causa) e putz, foi horrivel, eles tiveram q parar umas 3 vezes pra eu m parar d tremer e m acalmar. Soh na 3 vez q deu certo, mas eu tambem tenho claustrofobia e n é pouca ( elevadores, especialmente os apertados me dao panico). Enfim espero q esteja tudo certinho Bj bj bj
Nossa, Di, que horror!! E vc foi sozinha?
Mais duas para a coleção: a intolerância ao iodo (e, infelizmente, ao camarão) e a fobia. A sua, claustro; a minha, Ágora. Dona Ágora me persegue há uns 11 anos, e como nunca nos demos bem resolvi chutar o balde. Agorafobia, para quem não sabe – ninguém é obrigado a conhecer essas esquisitices – decorre de uma disfunção cerebral que provoca mal estar, desespero e vontade de sair correndo de ambientes cheios de gente. A gente fala brincando, mas é uma coisa que para ser horrorosa tem que melhorar muito. De repente bate aquela taquicardia, sensação de desmaio iminente, dificuldade respiratória. Hoje já faço compras normalmente no supermercado e – ousadia das ousadias – vou ao estádio com meu filho. A receita é teimosia, dosada e progressiva, defendida por psicólogos da linha cognitiva comportamental. A sensação de vitória, como você falou, não tem preço.
No que depender da torcida, você vai ter que mudar o nome do blog.
Porém, independentemente do que ocorrer, você vai continuar sendo nossa Lakinha.
Um beijo, linda.
hahahaha sabe que eu pensei nisso, do nome ontem… Mas, surda eu continuarei sendo sempre. Bastará desligar o implante e pronto, volto ao meu mundinho visual-silencioso.
Conheço bem a ágorafobia, pq já tive uma crise dentro de um shopping cheio (a reação é a mesma).. enfim, fobia é dose, mas vencê-la é priceless!
Beijão
p.s. e nada de camarão pra nós, heim? haha
No dia minha tia tinha ido comigo, mas ela ficou na sala de espera. Ai eu fiquei lá tendo os piripaques e tremendo que nem uma louca. Só d epensar que provavelmente terei que fazer de novo já me dá desespero.
Querida, alguém tem que entrar na sala com vc! Se vc fizer aqui em SP e antes da minha cirurgia, topo ir com vc ficar fazendo massagem na sua perna (depois não vou mais poder, snif snif).
Faz diferença tremenda nessa hora!!
Beijos
Olha que garota!
Vou te dizer acompanhar não é mole não. Sabe, por conta de problemas (já resolvidos) cardíacos, o filhote faz de dois em dois anos uma tal de cintilografia pulmonar, é um exame que tb precisa de contraste, colocam ele naquela maca horrível e gelada e vem um trambolhão em cima dele, transformando-o em um recheio esquisito, sobra só maozinha que se agarra a minha. Vou te contar eu preferia ser o recheio que a acompanhante…
Coisa de mãe mesmo… Minha mãe vive dizendo isso. Mas eu falo: Proteger demais caleja. E quem cresce diante de provações tem o carater super fortalecido!
Beijinhos
Bom, obviamente eu não me lembro dessa história do baú… kkkkkkkkkkkk. Mas acho que me lembro de uma foto da gente em cima dele! 😀
Torci muito pra dar tudo certo com o seu exame! Eu nunca fiz pq tenho os pinos na perna e não posso fazer (é proibido para protótipos de Robocop)! kkkkkkkkk
De qualquer maneira, o melhor disso tudo é o verbo: que ficou no passado! Do tipo “já foi”!!!!
Beijooooos
Você era muuuuuito pequena, meu… Essa é dos tempos que vc roubava iogurtes e fugia pra se lambuzar com ele na sala hahahaha
Pois é, deu tudo certo sim, sobrevivi e já passou, graças aos deuses!!
Verdade que quem tem metal no corpo não pode mais fazer mesmo. Depois da cirurgia, não poderei tb.
Beijos, Kalicop.