Em alto e bom som…
Durante os meus 23 anos enclausurada na surdez (há quem se ofenda com isso, mas a surdez, pra mim, é como viver numa bolha de isolamento de som) e, principalmente, no período anterior à minha cirurgia de IC, os ouvintes vinham me perguntar, indagar, criticar, ficar de lamuriações quando ao fato de não poder ouvir música.
Apesar de que eu adorava música quando criança e os primeiros sem ela não terem sido assim tão bons, música sempre foi a última das minhas preocupações quando pensava se um dia poderia ouvir de novo. O que eu gosto MESMO são os sons que nos conectam ao cotidiano… Coisas que a gente ouve, identifica de longe e fala “é, isso tem um som!”. Eu gosto do burburinho das pessoas conversando perto de mim, gosto de risadas, gosto do barulho de água, do barulhinho da natureza, dos bichinhos, das máquinas, das coisas bestas do cotidiano, que fazem a vida fervilhar em poesia sonora, dizendo “eu existo, estou viva!”.
Mesmo porque ouvir música requer um certo esforço mental para entender letra, para perceber o detalhe dos instrumentos e eu achava muito cansativo (ainda acho, se for pra ouvir música e fazer mais alguma coisa) ouvir música o tempo todo. Gosto as vezes, bem de vez em quando.
Essa semana, não sei por quê, me deu a pira de ouvir música todos os dias. Teria ouvido o dia todo, se não estivesse sem o adaptador do fone especial do IC (é que eu tenho os acessórios do Freedom e uso atualmente o N5 e existe uma peça ridiculamente pequena que adapta esses acessórios ao atual aparelho, mas o meu escafedeu-se e tô sem poder usar os cabos)…
Por isso, resolvi dedicar o post a algumas músicas que me fazem feliz….
A primeira música, eu cheguei a ouvir quando criança, no último ano de audição natural. Mas não foi na voz do Caetano, foi a versão RPM cantada pelo Paulo Ricardo. Lembro que fiquei de pirraça numa aula de inglês porque não queria copiar a letra que a professora passou na lousa. Só de pirraça mesmo, porque eu adorava a música.
A versão aí é legendada, porque com legenda fica mais fácil para eu acompanhar a letra…
Ou então, essa aqui, que me deixou emocionada de ouvir a voz do John Lennon:
Enfim, tantas músicas deliciosas, tanta vida pra descobrir e redescobrir…
O coração bate em compasso com tudo isso e eu agradeço ao milagre tecnológico que é o implante coclear. Enfim, a vida é completa!
Beijinhos sonoros e bom final de semana,
Lak
Bom dia,
Pois Lak, hoje em dia o que mais eu sinto falta pelo fato de não ouvir é musica mesmo…é engraçado que algumas musicas ficam na cabeça e mesmo que eu não as ouça bem acho que minha memória auditiva me faz lembrar delas…agora as musicas novas não tem sonoridade nenhuma pra mim acho elas feias não sei se é por causa do aparelho auditivo ou as musicas são ruins mesmo…heheh…mas continuo na batalha do implante espero que dessa vez eu consiga…Sucesso sempre pra vc…bjs Magda 🙂
Torço muito por você, viu? Se for caso de IC, que venha o IC. Se os aparelhos resolverem, problema nenhum, porque eles também ajudam muito.
Beijos
Que bacana, Lak e a dica do Edu,Oasis, gostou?Eu prefiro o U2.
Estou reaprendendo a ouvir,só consigo no youtube pelo pc,firmando a mente na músicas novas , tinha medo antes, mas com as letras vamos tentando.É treinamento auditivo também, e no final dá prazer.
Tb lembro dessa música com o RPM, gente o Paulo Ricardo parece que dorme no formol, o vi outro dia na tv, ta igualzinho.hahaha.
Boas descobertas sonoras.
Bjim
é legal e tal, mas não tenho histórico emocional com eles ainda hehe
Beijos
Quando perdi a audição minha primeira preocupação foi com a música…passei a comprar mais discos (eram de vinil naquele tempo) e a assistir concertos de montão de todos os gênios musicais estrangeiros e brasileiros…e fui estudar música! Por sorte não cheguei à perda total como eu temia e meus AASI são sempre regulados para ouvir música, é o que eu exijo da fonoaudióloga. Porque algumas regulagens cortam sons muito altos e uma orquestra sinfônica tem isso de ir de baixinho a estrondoso e eu quero ouvir tudinho.
Que legal Lak você estar voltando ao mundo musical! E viva a tecnologia, abençoados os avanços da medicina!
😀
Ouvir músicas é um desafio e tanto, que requer concentração e treinamento.
No começo do IC, tentei mas era muito difícil e acabei deixando de lado. Mas com o tempo, comecei a assimilar melhor o ritmo das músicas, e agora muitas vezes consigo identificar se é uma mulher ou um homem que está cantando. Pode não ser grande coisa para os ouvintes, mas para nós é sensacional! Sem palavras …
Ainda é uma batalha longa e árdua, e que vale muito a pena. O negócio é tentar e não desistir. Como diria o mito Ayrton Senna: “Se você quer ser bem sucedido, precisa ter dedicação total, buscar seu último limite e dar o melhor de si.”
Valeu!!!
Abraço