Identificação de usuários de Implante Coclear em Emergências
Esses dias, lá no grupo de Implante Coclear no Facebook, surgiu um debate sobre como proceder em casos de necessidade de realizar uma ressonância magnética. Um assunto bastante complexo para quem utiliza uma prótese com implante (parte interna) que possui imã. Embora muita gente não perceba, o nome do exame “Ressonância Magnética” já deixa bem óbvio que é uma realizado por uma máquina que gera campo magnético, algo nada indicado para quem tem imã no corpo, que pode ser atraído pelo campo gerado pela máquina.
Já escrevi um texto específico do tema. E reforço que é um exame que implantados necessitam de autorização do médico especialista (ou alguém da sua equipe) em implante coclear, que sabe qual o aparelho que o usuário utiliza e quais as particularidades desse modelo e como deve-se proceder.
Porém, o medo que surgiu no debate foi: e em casos que não dá tempo de avisar que somos implantados. Por exemplo, num acidente em que chegamos desacordados no hospital?
Pronto, começou uma onda coletiva de pânico e diversas sugestões de como devemos ser identificados.
Aqui no Brasil, nós não temos muito a cultura de usar pulseiras, plaquetas ou tatuagens de identificação em casos de doenças/deficiências/condições especiais de saúde. Já em países como os Estados Unidos ou alguns da Europa, é comum esse tipo de identificação de pacientes. Gente, por exemplo, que tem alergia a determinados medicamentos ou doenças crônicas como diabetes/epilepsia.
Daí me bateu curiosidade de ver como são esses acessórios e dei uma busca no Google:
Fiquei apaixonada por esse colar, lindo né?
Porém, soube que os médicos emergencistas brasileiros não tem o hábito de buscar esse tipo de coisa (pulseira, colar ou tatuagem), o que eles costumam buscar são identificações na carteira….
Quem nos explicou sobre isso, foi a Drª Marcella Borges, que é médica de emergência e radiologista:
- Em geral os emergencistas dão uma olhada na carteira do paciente (em busca de documentos, contato de familiares, etc. Vale a pena deixar um cartãozinho do IC nela).
- Se você estiver acordado, basta avisar aos médicos.
Se estiver desacordado, não vão fazer uma RM (demora muito, o paciente não pode mexer, é caro, não dá para esperar o convênio autorizar, tem que revirar o paciente em busca de metal…).
RX, ultrassom e mais raramente, tomografia, são os preferidos.
Mesmo a tomografia não é feita em pacientes instáveis (a menos que se pense em trauma de crânio) pela necessidade de deslocar o paciente, posicionar e por demorar mais que um RX ou ultrassom (que podem ser feitos na própria sala de emergência).
Achei útil repassar essas informações, para quem lê o blog mas não participa do grupo.
Acredito, então, que o melhor é que tenhamos um cartão de identificação na carteira (o meu da Cochlear, veio no meu kit de implante coclear, mas não sei como todas as marcas procedem, mas acho que até mesmo um cartão caseiro, com explicações sobre o implante coclear e suas restrições possa ser útil).
Mas se alguém quiser usar alguma proteção extra, tipo uma pulseira, plaquinha ou tatuagem, quem sabe a gente não cria essa cultura de identificação médica habitual para implantados não pegue por essas bandas também?
Até porque os médicos, mesmo numa emergência, chegam os sinais vitais do paciente. Uma pulseira pode ser um excelente alerta para ele verificar a carteira, por exemplo. Mas lembrem-se de não colocar nada muito enfeitado ou colorido demais. Quanto mais óbvio for o recado, mas eficiente ele será. Ainda que não seja um protocolo nacional, nada impede que com a frequência desse tipo de recurso, não passe a ser.
Beijinhos sonoros
Lak
Lak me veio uma dúvida. A respeito do aparelho Baha também implica nas mesmas condições dos implante coclear para realização de ressonância? ??? Os mesmo cuidados bem como a intensidade da ressonância? ?? 😮😮😮
Felipe, vai depender de qual Baha estiver sendo usado. Se for o Baha Connect (aquele com pino externo), não há restrições quanto a ressonância. Se for o Baha Attract (o de imã), ai são sim as mesmas restrições do IC. 🙂
Hunmmm….. entendi. Estava lendo isso devido uma colega daí do grupo mencionar o uso da ressonância.. aí fiquei curioso. E O baha mais moderno é o Attract.
Pelo que ando lendo, ambos são modernos, é que depende do caso e da indicação mesmo. Mas tb soube que o IC é indicado para surdez unilateral tb e tem um resultado bem bom.
Sou resistente a mudanças mas preciso saber senão nunca vou dirimir minhas dúvidas.
Precisa saber o que? 😛
Como faço para ter a audição do lado esquerdo….. aí fico com resistência a mudança. Fico com medo de mexer no meu ouvido sabe….
O baha você chegou a testar? Porque, o que eu sei, é que ele pega a audição do lado bom e cria uma espécie de eco no lado não-bom. Criando, assim, uma audição mais encorpada.
Por outro lado, ele não trata nada e você continua não ouvindo desse lado, apenas tem a sensação auditiva.
Nesse caso, o IC pode ser uma alternativa válida. Porque embora seja uma audição artificial bem diferente da sua audição natural, ouvir naquele ouvido você vai….
Ainda não testei. Esse mês estarei voltando ao meu médico lá da minha cidade para estar fazendo os exames de praxe. E vou aproveitar e ir naquele médico que vc indicou e fazer o teste com aquelas faixas e sentir a experiência.
Faz isso, Felipe. E me mantenha informada!