Minha história na Associação AMADA
Gente, mais uma coluna maravilhosa aqui no DNO, escrita pela Keilah Ayres, da AMADA (Associação Amazonense de Apoio aos Deficientes Auditivos e Usuários de Implante Coclear), falando sobre Direitos e Deveres de usuários de tecnologias auditivas.
Em sua estreia no blog, Keilah conta um pouquinho das suas aventuras como mãe de um adolescente implantado!
Introdução por Lak Lobato
Em um dia qualquer do ano de 2006, estava eu a brincar com meu filho, e de repente, ele me olha e fala “MAMÃE”. Nossa!
Naquele momento o tempo congelou, tudo ao nosso redor parou, era eu e ele! Eu não acreditava O DIA TÃO ANSIADO CHEGOU! Meu filho falou “MAMÃE”! Ele tinha então 6 anos de idade.
Diferente de muitas mães, que ouvem essa palavra mágica ate é o primeiro ano de vida de seu bebe, eu tive que esperar longos seis anos. Euler Neto, é deficiente auditivo, pré-lingual, com perda auditiva severa a profunda bilateral e usa implante coclear (IC) unilateral desde seus 4anos e cinco meses. Seu processo de habilitação auditiva foi muito lento devido a idade que realizou o IC. Se foi fácil? Não! Por muito tempo me perguntei: “Será que fiz certo? Será que é esse caminho a seguir? Será que ele irá conseguir?” Eram tantas perguntas, poucas respostas e muitas críticas.
E foi durante esse processo de oralização do meu filho, que fui aprendendo a como lhe dar com essa realidade tão nova para mim e minha família. E buscando sempre o melhor para meu filho, conheci pessoas maravilhosas com as quais aprendi e ainda aprendo muito!
Dentre essas pessoas, minha amada amiga e fonte de inspiração, Tatiane Braga (mãe do primeiro bebe implantado do Estado do Amazonas), que vendo a necessidade de mostrar para o maior número de pessoas, as maravilhas propostas pelo IC, fundou em 2008 a Associação Amazonense de Apoio ao Deficiente Auditivo e Usuário de Implante Coclear – AMADA.
Sempre digo, eu não seria 1/3 da mãe que sou hoje, se não fosse a Amada em minha vida. E desde 2016 presido essa associação, que desempenha um papel de extrema importância, orientar as famílias no processo de (re)habilitação auditiva. Processo esse que requer muito comprometimento da família, conhecimento de seus direitos e deveres.
A Amada presta aos seus associados, através de profissionais voluntários, serviço gratuito e Fonoterapia, Psicologia, Orientação Jurídica, Serviço Social, Avaliação Psicopedagógica, além de realizar a cada mês a Orientação Familiar, evento que conta com palestras ou rodas de conversas com profissionais da área de saúde auditiva e áreas afins. Já realizamos cerca de 200 atendimentos nesses onze anos de trabalho. Já auxiliamos na reabilitação de centenas de implantados sejam crianças ou adultos. E um trabalho árduo, mas que compensa ao vermos, principalmente nossos amadinhos e amadinhas, crescendo oralizados, independentes, capazes de desafiar esse mundão de Deus em pe de igualdade com os ditos sem deficiência. Muito ainda a de se fazer! Os desafios são gigantes. Principalmente no que diz respeito a manutenção dos aparelhos de IC e a metodologia educacional. Uma luta que, junto a outras associações de varias partes do Brasil, iniciamos recentemente e que ainda terão grandes embates para que enfim, nossos cyborgs, os surdos que ouvem e falam, deixem de ser invisíveis perante a sociedade e tenham seus direitos e capacidades respeitados. E isso terei o enorme prazer de compartilhar com todos vocês em um outro capítulo.
Agradeço de coração a amada amiga Lak Lobato pela oportunidade de poder compartilhar com todos vocês minhas experiencias e conhecimentos adquiridos nessa longa jornada, e espero com isso poder contribuir para levar informação a todas as famílias e usuários de tecnologias para que um dia consigamos alcançar a tão desejada e justa INCLUSÃO SOCIAL
Forte abraço, amados(as)!
Keilah Ayres