O futuro implante coclear do Almir

Meu amigo Almir, que é do Espírito Santo está aguardando a cirurgia dele de implante coclear. Mas já está tão animado com a ideia, que já quer inspirar pessoas a buscarem as próprias soluções auditivas indicadas pra cada caso.

Por isso, ele decidiu compartilhar a história dele aqui no DNO e, quem sabe, ajudar alguém que ainda esteja no mesmo estágio que ele: de expectativas! Depoimento lindo de viver!

Meu nome é Almir Lopes Amado Junior, tenho 37 anos, sou oralizado e usuário dos AASI, fui diagnosticado em surdez neurossensorial profunda bilateral.

Quero contar uma breve história da minha vida:

Eu nasci ouvinte numa cidade no Centro de Brasília e, quando eu tinha 5 meses de vida, peguei uma pneumonia, com febre recorrente, tive que  tomar medicamentos muito fortes.

A partir de 1 ano de idade, já estava de mudança da minha terra natal para Vitória/ES. Foi quando minha mãe começou desconfiar que havia algo errado com minha audição, por conta de várias tentativas de comunicação, de falta de respostas e ausência de percepções de barulhos ao redor. Na minha fase até 1 ano e dois meses de idade,  o que mais chamou atenção de minha mãe, era eu não acordar com barulhos que qualquer bebê da minha idade acordaria.

Depois de muitos médicos, meus pais tiveram que me levar a uma consulta do Otorrinolaringologista especializada em Surdez, no Hospital Bonsucesso do Rio de Janeiro e fui diagnosticado neurossensorial bilateral severa a profunda causada por medicação Ototóxica. Assim, deste então, sou considerado surdo de nascença, antes de aprender à nomeclatura correta, ou seja, pré lingual.

Aos três anos, comecei usar com mais frequência do uso AASI em dois ouvidos e minha mãe foi um fator importante da minha vida para fazer um treinamento auditivo e desenvolvimento da fala. Ela, apesar de nunca ter se formado em fonoaudiologia, pesquisou e estudou muito para me dedicar integralmente ao meu desenvolvimento auditivo.

Sempre estudei no Colégio Renovação,  em Vitória, até completar o ensino médio. Esta escola possui uma filosofia de formação do ser humano e teve estrutura para me atender alunos com deficiência. O mais importante foi a ponte entre equipe pedagógica e a minha família, para que eu pudesse me adaptar e ensinar o melhor caminho e método de ensino dos professores.

Em meado dos anos 90, foi quando tinha 11 para 12 anos conheci a Fonoaudióloga Simone Vitti Virgínia, que começou fazer parte da minha vida. Durante todo processo de reabilitação auditiva (três anos de fonoterapia), fui aprimorando a minha fala através dos exercícios sobre fonéticas, fonemas, pronúncias e tipos de sons, terapia orofacial e interpretação de texto.

Neste período, a festa da colação de grau, no Ensino Fundamental, nunca iria imaginar que meu nome fosse pronunciado pela diretora da Escola,  todos me olharam… Tremi dos pés a cabeça!! Foi a minha primeira vez que usei o microfone e tive uma sensação inexplicável e só conseguia falar algumas frases do agradecimento e fui muito aplaudido e ganhei uma Placa de destaque: “Melhor exemplo do aluno com deficiência auditiva da escola”.

Tudo isso para mim foi lindo e maravilhoso!!! Vi minha mãe chorando e me sentir muito orgulhoso!!! Nunca vou esquecer neste dia, pois devo tudo a minha minha mãe guerreira!! E tive outra experiência sensacional: também fui orador da turma da Faculdade na colação de grau!! Sou muito sortudo pra ser escolhido. Resumindo: a palavra certa é “Gratidão”!

Porém, nessa fase nem tudo são flores, até chegar aí  e já com 24 anos, veio ao longo do percurso, os obstáculos e as batalhas, que todo ensino superior tem, eu tive que transcender a tudo isso, desde de a entender as aulas, a ignorar preconceitos e enfrentar ironias, mesmo quando tudo parecia está dando errado e, logo apareceu uma mulher linda que já tinha trancada a matrícula da faculdade que entrou na minha sala e sentou atrás de mim. Esta mulher se chama Isabel, com quem fiz amizade, namoramos e casamos. Nós tivemos a cumplicidade, um apoio ao outro, estudamos juntos, enfrentamos as dificuldades e continuamos assim mesmo, sem olhar pra trás.

Assim, concluímos o Curso de Educação Física em Bacharelado na Faculdade Estácio de Sá. Logo após, cursei licenciatura na Faculdade Universitário Claretiano. Hoje sou muito grato pelos ensinamentos e acolhimento dos professores, coordenadores, diretores e funcionários envolvidos, diretamente e indiretamente, para me tornar um bom profissional e humano.

Sou muito esforçado e não desisto fácil, na vida pessoal e profissional né?!! Desde que completei 30 anos de idade, comecei a sentir de que a minha perda auditiva estava progredindo aos poucos, e várias tentativas de encontrar os AASI, que nunca me sentia satisfeito ou quase todos eles não cobriram a minha necessidade de ganho auditivo. Comecei a me senti muito isolado e excluído no mundo ouvintes, que sempre irá fazer parte da minha vida devido aos estímulos e educação da minha família e ao mundo mercadológico, por isso enfrentei uma frustração que durou quase 7 anos sem perspectiva de qualidade de vida.

Aos 36 anos, vi que estava cada vez mais difícil de lidar com o público e alunos da minha área, como Professor de Musculação, Técnico Esportivo e Personal Trainer. Eu me isolei muito e fazia de tudo para não participar em reuniões, festas, encontros, cursos e etc…

Depois de muito sofrimento, falei assim: BASTA!!

E pensei: “Isto é qualidade de vida?”

Como reagir? Depois de muitas reflexões e conversas com minha esposa, que sempre me apoiou e esteve ao meu lado, tive um feedback da minha vida e trajetória, mudei radicalmente através da reforma íntima: ACEITAÇÃO!!!

A partir daí, tomei iniciativa para buscar mais informações da internet, pra falar verdade eu já sabia sobre blog da Lak Lobato e Paula Pfeiffer naquela época, mas não me aceitava. Depois de muita leitura e fiz  amizade do grupo delas, HOJE eu assumo a minha surdez!

Pensando em qualidade de vida, precisei correr atrás e me encorajei a fazer o Implante Coclear!

Estou TORCENDO muito para ser candidato ao Implante Coclear!!!! 
Quero voltar a “escutar”, mais do que “ouvir”. Quero ter a liberdade de expressar através da minha surdez, sem medo! Sei que existe limitação de cada indivíduo, um ser único, mas quero sonhar mais!!! Somos capazes do que ser antiquado limítrofe, somos eficientes e aquém daquilo que acreditamos o verdadeiro valor é o amor a si próprio!!

Torça por mim! Preciso de vcs!!!

Aos meus, Muito obrigado pela atenção e pelo seu tempo!

Almir Junior

Beijinhos sonoros,
Lak Lobato