O que é a audiometria e como interpretá-la?
A audiometria é um exame realizado para avaliar a audição do paciente.
Sempre que existir uma queixa de dificuldade para escutar ou entender a fala e o sons é importante realizar uma audiometria.
Mas o que é esse exame?
Realizado por fonoaudiólogos, em uma cabine ou sala acústica, tem por objetivo avaliar o mínimo de som que o paciente é capaz de escutar. Dividido em 2 partes, esse exame pode identificar a presença de perda auditiva e orientar médicos e fonoaudiólogos quanto aos processos de intervenção.
A audiometria pode trazer muitas informações ao médico, ao paciente e também a família do deficiente auditivo.
Audiometria vocal
Na audiometria vocal avaliamos o desempenho do paciente para reconhecer sons da fala, em condições ideais.
Durante o exame é apresentada ao paciente uma lista de palavras, foneticamente equilibrada, para que o paciente repita cada uma delas. O ideal é que a logoaudiometria seja realizada com material gravado. Neste exame avaliamos a discriminação para as palavras (índice de reconhecimento da fala – IRF) e também a menor intensidade que o paciente entende a fala (limiar de reconhecimento de fala – LRF).
Já ouviu alguém dizer “escuto, mas não entendo”? Isso acontece porque a fala é distribuída entre as frequências graves (sons grossos) e as agudas (sons finos).
Muitas vezes a perda de audição é maior nas frequências agudas, permitindo que o paciente escute a fala, mas não entenda corretamente.
Talvez você esteja pensando: mas sou surdo, não falo. Como farei esse exame?
Não se preocupe, o fonoaudiólogo irá identificar a melhor forma de avaliar você. Para aqueles pacientes com perda profunda identificamos o limiar de detecção de fala (LDF).
Audiometria tonal
Na audiometria tonal avaliamos a quantidade de audição do paciente, em cada orelha, testando a audição para sons graves (grossos) e agudos (finos). Neste exame o fonoaudiólogo apresenta um estímulo em cada frequência, reduzindo a intensidade, de forma a encontrar o som mais fraquinho que o paciente é capaz de ouvir.
Você sabia que o ouvido humano é capaz de detectar sons de 20Hz a 20.000Hz? A Audiometria tonal convencional vai testar sua audição nas faixas de frequência entre 250Hz e 8000Hz e isso já nos trará muita informação sobre como o paciente escuta. Já a audiometria de alta frequência testará a audição até 16000Hz ou 20000Hz dependendo do equipamento.
Realizamos este exame de duas maneiras: por via aérea e por via óssea.
Quando testamos a audiometria por via aérea estamos avaliando a audição com um som que entra pela orelha externa, passa pela orelha média (aquela parte que tem os ossículos do ouvido) e depois chega na orelha interna estimulando a cóclea. Na avaliação por via óssea estimulamos diretamente a cóclea.
Você deve estar se perguntando por que é necessário testar das duas formas.
Algumas doenças como otite ou otosclerose, ou ainda má formação na orelha externa e média, podem apresentar melhor resposta por via óssea que por via aérea. Estes dados auxiliam o médico a planejar a melhor forma de reabilitação auditiva para cada paciente.
Para crianças pequenas a audiometria é realizada da mesma forma, buscando identificar como é a audição em cada frequência. A diferença é a forma como é realizada a avaliação. Ao avaliar crianças precisamos adaptar o protocolo de avaliação de forma personalizada, utilizando brinquedos e estímulos visuais para condicioná-las.
Baseados no resultado da audiometria tonal que classificamos o grau, tipo e configuração da perda auditiva. De acordo com a classificação da OMS (2019) dividimos a audição em grau normal, leve, moderado, moderadamente severo, severo e profundo.
Por que é importante conhecer o grau de perda auditiva?
Conhecer melhor como você escuta, com e sem dispositivos auditivos, irá proporcionar a você e sua família melhor compreensão sobre o que é capaz de escutar, as dificuldades que têm e assim direcionar melhor as estratégias de comunicação.
Entenda o audiograma e os graus de perda auditiva
Neste gráfico, chamado de audiograma, a faixa cinza é chamada de banana da fala. Nela encontramos os sons da fala distribuídos por frequência e intensidade na língua portuguesa. É nesta faixa que a voz humana é escutada.
Podemos encontrar perda auditiva de grau leve a profundo. No entanto, é importante saber que não só o grau da perda interfere na compreensão de fala, mas também a configuração da curva audiométrica.
É comum pacientes apresentarem audição melhor em frequências baixas e perda maior em frequências altas. Nestes casos o paciente pode escutar a voz, mas não entender.
A reabilitação auditiva tem como objetivo amplificar todos esses sons da fala até a intensidade que o paciente possa escutá-la.
O mesmo pensamento serve para sons ambientais. No gráfico vocês podem observar sons como canto dos pássaros, toque do telefone ou latido de cachorro.
Um paciente com perda de grau severo ou profundo terá dificuldade não só para compreender a fala, mas também para ouvir a maior parte dos sons ao seu redor.
E para finalizar, um lembrete: sempre guarde seus exames de audição. Eles são importantes para avaliarmos se houve uma mudança na sua audição ao longo do tempo. Além de ser muito importante na avaliação da reabilitação auditiva.
Para pacientes com perda auditiva as audiometrias tonal e vocal realizadas com e sem dispositivo eletrônico (prótese auditiva, implante coclear ou ancorado no osso) irão ajudar o fonoaudiólogo a avaliar a melhora de desempenho após a adaptação desses dispositivos.
Sempre que realizar uma audiometria peça que o seu fonoaudiólogo lhe explique o gráfico para que possa compreender melhor a sua audição.
Fonoaudióloga Andrea Soares – CRFa – 2 -11424
Fonotom Audição e Equilíbrio