Perda auditiva tem solução?

Essa é uma pergunta frequente de muitas pessoas que perdem a audição no decorrer da vida. Ou de pais de crianças que nascem sem audição ou perdem nos primeiros anos de vida.

A verdade é que a medicina já evoluiu o bastante e há soluções tecnológicas para cada tipo de perda, caso a pessoa tenha um diagnóstico adequado e faça uma intervenção no momento certo.

Porém, existem tantas soluções que muita gente fica confusa com as diferenças de uma tecnologia para outra e nem sabe exatamente o que deve procurar.

Pensando em esclarecer as principais dúvidas de leigos como eu, trago uma entrevista que fiz com a Fga. Dra. Nayara Fernandes e a Fga. Dra. Kelly Chaves da MED-EL, que nos trouxe muita informação legal sobre este assunto.

Lak: Nayara, vou começar com uma dúvida básica que acho que todo mundo tem: com tantas opções de implantes auditivos, como saber qual é o mais adequado para o paciente?

Nayara: A perda auditiva pode afetar um ouvido ou ambos e pode ter várias causas. Há diferentes tipos e graus de perda auditiva. Por este motivo, foram desenvolvidos tantos tipos de soluções, para que os médicos possam indicar aquela que irá tratar diretamente a área afetada na proporção correta. Geralmente, os candidatos a implante auditivo procuram muita informação sobre o processador de áudio (dispositivo externo). Já o dispositivo interno é escolhido pelo médico. Mesmo assim, é importante pesquisar sobre as opções de dispositivos internos para saber o que você pode estar ganhando ou não com determinada escolha, pois ele deve ficar por anos implantado em seu corpo e sua opinião, quanto ao conforto ou necessidades do dia a dia ou do futuro, têm um grande peso nesta decisão.

Atualmente temos o implante coclear, para pessoas com perda auditiva neurossensorial severa a profunda; o implante EAS, implante híbrido que combina o implante coclear com um aparelho auditivo; o implante auditivo de tronco cerebral, para pacientes com a cóclea está severamente ossificada ou o nervo auditivo ausente; o sistema de condução óssea (implantado ou não), para quem tem perda auditiva condutiva e mista ou perda unilateral; e as próteses de orelha média, que transmitem o som diretamente para os ossículos do ouvido.

Lak: Quem pode se beneficiar do implante coclear e como ele funciona?

Nayara: Como disse, os implantes cocleares são indicados para pessoas com perda auditiva neurossensorial severa a profunda. Neste tipo de perda auditiva, as células ciliadas do ouvido interno (veja na imagem) estão danificadas e não podem detectar os sons adequadamente. Um implante coclear estimula as áreas onde as células ciliadas estão danificadas. Por meio dos eletrodos, envia sinais elétricos para o cérebro, onde são interpretados como som. 

O sistema de implante coclear dispõe de dois componentes principais. O primeiro é o dispositivo interno, implantado cirurgicamente, contendo o feixe de eletrodos que será inserido na cóclea. O segundo componente é o processador de áudio usado externamente, destinado a detectar e enviar os sons para o implante interno. 

Sistema de Implante Coclear da MED-EL e seus tipos de eletrodos.

Lak: E qualquer eletrodo serve?

Nayara: Cada cóclea é de um jeito. Por isso é importante que o eletrodo seja do tamanho certo para cada indivíduo, um eletrodo que não cobre ao máximo a extensão da cóclea deixa de entregar algumas frequências sonoras.

Esta é a razão pela qual a MED-EL disponibiliza o maior portfólio de eletrodos, para que cada indivíduo obtenha o eletrodo que melhor se ajusta à sua cóclea. Possibilitando aproveitar todo o potencial da estrutura coclear com eletrodos que alcançam toda sua extensão. Isso garante o que chamamos de maior correspondência tonotópica, ou seja, melhor compatibilidade de frequência ao longo da cóclea, permitindo que o desempenho auditivo evolua mais rapidamente, proporcionando qualidade de som mais próxima do natural.  E junto com a tecnologia FineHearing oferece ainda mais benefícios como: melhor compreensão da fala em silêncio e ruído, melhor experiência com música, capacidade de ouvir todo o espectro de sons, com menor esforço auditivo e mais qualidade de vida.

Lak: Kelly, por que falam tanto sobre ressonância magnética? É preciso pensar nisso antes de implantar?

Kelly: A Ressonância Magnética é um exame avançado, cada vez mais solicitado, mas nem todo implante existente é compatível com a máquina que faz o exame e, num caso destes, o paciente precisa fazer uma cirurgia antes do escaneamento para remover o implante ou o ímã. Só para fazer a RM. Por isso é importante considerar isso antes da escolha do implante.

É um dado estatístico. Todos nós precisaremos nos submeter a um exame de Ressonância Magnética (RM) em algum momento de nossas vidas. As máquinas de RM contêm imãs poderosos – tão poderosos que podem até erguer um carro! Durante o exame, esses grandes ímãs podem exercer tração sobre o pequeno ímã de um implante, que se não foi preparado para isto, pode causar dor, desconforto ou mesmo danifica-lo. Implantes projetados com segurança e confiabilidade, não sofrem danos nem causam desconforto durante a RM.

A tecnologia do ímã diamétrico da MED-EL é auto alinhável, e na linha SYNCHRONY permite que você se submeta a RM de até 3,0 T. Com os implantes SONATA e CONCERTO, você também pode se submeter a RM de até 1,5 T sem precisar removê-lo, sem riscos de deslocamento, ou desmagnetização do ímã ou qualquer dano ao implante. Isso significa que você não precisa se submeter a uma cirurgia extra apenas para realizar um exame de RM e nem precisa se preocupar com dor ou desconforto. A MED-EL oferece a garantia de segurança para ressonância magnética.

Lak: Como funciona o Implante EAS?

Kelly: Algumas pessoas ouvem bem os sons graves, mas não ouvem os agudos, o que dificulta a comunicação a ponto de impossibilitá-la. Se o aparelho auditivo não é mais capaz de devolver todas estas frequências, há uma solução que aproveita a audição restante e estimula a cóclea diretamente para obter os sons que faltam.

O EAS, Implante de Estimulação Eletroacústica, combina dois sistemas: o implante coclear para sons agudos, inacessíveis ao paciente e o de amplificação sonora, igual do aparelho auditivo convencional, para os sons graves que este paciente ainda escuta. 

Sistema de Implante de Estimulação Eletroacústica (EAS) da MED-EL

Ele também é composto por um implante e um processador de áudio. Este processador de áudio é posicionado confortavelmente na orelha, e é muito similar ao processador do implante coclear. A diferença é que os microfones captam os sons e os enviam tanto para a cóclea pelo implante, quanto para um molde auricular na orelha que amplifica os sons de baixa frequência. São duas tecnologias diferentes em um único dispositivo, que possibilitam ouvir a gama completa de sons, aproveitando a audição residual natural do paciente, tornando muito mais fácil conversar com amigos, ouvir música e se comunicar no dia a dia.

Lak: E quando não é possível estimular a cóclea ou o nervo auditivo, ainda há chances de ouvir?

Kelly: É possível sim. 

Em casos em que a cóclea está severamente ossificada ou o nervo auditivo é ausente, o Implante Auditivo de Tronco Cerebral (ABI) pode ajudar a devolver os sons ao implantado. Este implante é muito semelhante aos implantes cocleares em sua forma. Possui um processador de áudio externo para detectar sons e enviar sinais codificados ao implante. No entanto, o ABI utiliza uma matriz de eletrodos muito diferente. Esta matriz é um feixe de 12 eletrodos que é posicionado diretamente no núcleo do nervo auditivo, localizado no tronco cerebral (na altura da nuca).

O sistema SYNCHRONY ABI da MED-EL pode utilizar qualquer processador de áudio CI atual da MED-EL.

O sistema SYNCHRONY ABI da MED-EL pode utilizar qualquer processador de áudio CI atual da MED-EL.

Embora a cirurgia seja mais elaborada com casos menos frequentes, é considerada um procedimento seguro para crianças e adultos. Os implantes auditivos de tronco cerebral MED-EL estão em uso há mais de 20 anos.

Lak: Além desses, ainda existem os Sistemas de Condução Óssea. Para quais casos estes são indicados?

Nayara: Quando há algum problema no ouvido externo ou médio que impede o som de chegar ao ouvido interno, como determinadas malformações ou inflamações por exemplo, temos a perda auditiva condutiva. Nos casos de perdas auditivas condutivas e mistas e também perdas unilaterais, onde um lado apresenta uma perda neurossensorial e o outro lado uma audição normal, as soluções de condução óssea podem ajudar. E para tais situações, temos algumas opções, implantáveis ou não. 

Sistema de Condução Óssea – BONEBRIDGE BCI 602 da MED-EL

O mais moderno implante de condução óssea ativo do mundo atualmente é o BONEBRIDGE 602 que chegou ao Brasil em 2020. Uma versão melhorada do modelo anterior que, pela facilidade do seu procedimento cirúrgico, permite que mais pacientes possam se beneficiar dele. É indicado para adultos e crianças a partir de 5 anos de idade com perda auditiva condutivas e mistas com os limiares de via óssea até 45 decibéis e para perdas unilaterais.

Através de uma cirurgia simples, no qual o transdutor (responsável pela vibração) é fixado ao osso, proporciona excelente audição e pele saudável para os pacientes. Com um design ergonômico de bordas arredondadas, é adaptável a diferentes anatomias. Proporciona total segurança para realização de exames de ressonância magnética de até 1,5 Tesla sem necessidade de cirurgia adicional.

Utilizado com o processador de áudio SAMBA, se torna uma solução discreta, sem microfonia, de fácil manuseio e com muita liberdade para ouvir em ambientes desafiadores.

Lak: Existe um implante de condução óssea que usa um pino que aparece fora da pele e outro que a parte interna fica embaixo da pele. Qual a diferença entre eles?

Nayara: Sim. O implante transcutâneo conecta-se ao processador de forma magnética, portanto, a pele ficará intacta sempre. Já o percutâneo utiliza um pino que atravessa a pele conectando o componente interno ao externo. É uma abertura na pele que exige cuidado extra para sempre, mas a MED-EL atua somente com transcutâneo, pois o conforto de manter a pele intacta é muito importante.

Lak: Nayara, você comentou de implante que leva o som diretamente para os ossículos do ouvido. Como é isso?

Nayara: Diferentemente de um aparelho auditivo, que amplia o som fora de seu ouvido, o implante de orelha média traz o som do processador diretamente para o interior do seu ouvido. Porém, a diferença é que neste sistema, o transdutor fica conectado a um dos ossículos dentro da orelha média, para vibrá-lo. 

As ondas sonoras são transformadas em vibrações mecânicas desses ossículos, exatamente como um ouvido saudável o faria. As vibrações mecânicas estimulam a cóclea, que envia os sinais sonoros a seu cérebro e lhe permite entender os sons à sua volta. 

Prótese de orelha média – VIBRANT SOUNDBRIDGE da MED-EL

O VIBRANT SOUNDBRIDGE é composto pelo processador de áudio externo SAMBA, que capta os sons e os envia ao implante interno. O interessante desta tecnologia, é que é possível aproveitar a função mecânica do ouvido médio com um dos acopladores desenvolvidos para cada ossículo. Imagine uma peça muito pequena, perfeitamente desenhada para se encaixar nos menores ossos do corpo e ajuda-los a funcionar novamente. 

Lak: Falamos até aqui dos implantes de condução, mas eu vi que a MED-EL tem também um sistema de condução óssea que não precisa de cirurgia. Como ele é?

Nayara: Sim, falamos dos tipos de perda auditiva que podem ser tratados com soluções implantáveis, mas devemos abrir uma exceção para falar desta solução de condução óssea que não precisa de cirurgia. É um conceito totalmente novo, sem limite de idade para o uso, indicado para pacientes com perda auditiva do tipo condutiva ou em casos de surdez unilateral.

Condução óssea sem cirurgia – ADHEAR da MED-EL

O ADHEAR é um dispositivo de condução óssea que funciona fixado à pele por um adesivo que é facilmente substituído. Não precisa de cirurgia.

O processador de áudio é acoplado na região da mastoide para otimizar a transmissão do som através do contato com a pele, proporcionando conforto através do seu design pequeno e leve.  Não exerce pressão na região, como os arcos e bandanas elásticas e mantém os benefícios auditivos dessas opções.

Lak: Obrigada Kelly e Nayara, por todas essas informações que certamente vão ajudar nossos leitores a tomarem decisões mais embasadas. Deixe uma mensagem final para quem ainda está em dúvida.

Obter um implante auditivo é uma decisão importante. Ele irá acompanhá-lo por muitos anos e por isso na MED-EL, projetamos tudo com o futuro em mente. Nossos implantes são produzidos para serem confiáveis a longo prazo, de modo que os usuários possam desfrutar de muitos anos de audição com tranquilidade e segurança. Além dos processadores de última geração sempre compatíveis com as versões anteriores componentes internos, que permitem que usuários mais antigos utilizem as tecnologias mais recentes, a MED-EL possui a garantia de segurança em ressonância magnética para o resto de sua vida. Para conhecer mais sobre os tipos de implantes, vocês podem acessar nosso site:

MED-EL
www.medel.com/pt-br/hearing-solutions


Bem, como você pode ver, existem diversos tipos de soluções que dependerão do diagnóstico do médico. Porém é muito importante considerar tudo o que estará relacionado a esta aquisição, principalmente em se tratando de implantes. 

A escolha do processador de áudio considera a rotina do paciente, resistência, conectividade, praticidade, tecnologia sonora, uso de bateria e até mesmo assistência técnica e estética, dando a impressão de que todas as necessidades estão cobertas. E aí que muitas pessoas deixam de obter dados cruciais para o futuro auditivo, como por exemplo: Meu implante será compatível com tecnologias futuras? Se precisar fazer uma ressonância magnética estarei seguro? Meu feixe de eletrodos cobre toda a cóclea para eu não perder sons?  Tem a melhor taxa de confiabilidade?

Beijinhos sonoros,
Lak Lobato

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