Surdez Música e o Implante Coclear
Faz tempo que estou devendo um texto falando sobre surdos e música. Afinal, pra grande maioria de leigos, surdos não poderiam ter relação nenhuma com sons. Felizmente, não é bem assim. Sons também produzem vibração, captada pelo tato, que fazem os impulsos elétricos da música chegar ao nosso cérebro, de uma outra maneira.
Além disso, existe a opção de usar-se de luzes como forma de interpretação de música. Um filme belíssimo chamado Mr. Holland’s Opus (em português, o título ficou: Adorável Professor), que uma cena ilustra perfeitamente isso. Tentei achar o link da cena no youtube e não achei.
Eu adoro o som de piano e já cheguei a arranhar umas notas no violão – embora eu tenha tido preguiça de me dedicar a fundo, mas dedilhava algumas músicas malucas que chegavam a ME agradar bastante.
Mas como a minha experiência não é tão didádica, pedi pra Leila contar a experiência dela. Voilà:
Minha experiência de vida com a música? Digo, experiência de vida, pelo fato da música fazer parte do ser humano em termos de desenvolvimento interno. Dá-se de dentro. Não importa se ouve ou não. É preciso sentir.
Mergulhar.
Antes de ficar surda eu já tocava piano. Aprendi cedo, porque havia um piano na sala de estar. Foi na sala de estar que aprendi a ler partituras, dando um grande passo para começar a ler historinhas infantis antes dos 6 anos de idade, que contribuiu para meu desenvolvimento depois de ficar surda. Continuei a tocar piano, mesmo perdendo a audição. Pela vibração que eu sentia ao tocar as notas musicais. Toda a vibração das notas iam para meus pés, me dando a noção das notas tocadas e lembradas de quando eu ouvia.
Depois do piano aprendi a tocar violão sem dificuldades, mas sempre achei o som do piano emitido através de vibração muito mais gostoso do que o violão. Aprendi flauta, mas só consigo usando o implante, vibração de flauta é meio impossível de se sentir pra mim sem o implante.
Atualmente estou “enferrujada”.
Mas recomendo que os deficientes auditivos aprendam a tocar instrumentos musicais, até para quem não ouve nada. É importante, dá concentração, dá mais desenvolvimento, contribuindo para melhoras no aprendizado escolar. É possível sim estudar música e seguir o sentimento, é preciso gostar e ir a fundo. Estudei teoria da música, é interessante.
Já ouvi dizer sobre sons através das cores, que seria bom para o deficiente auditivo, porém não tenho informações, que fique para os comentários no precioso blog da Lak.
E ai, você toca algum instrumento?
Beijinhos
Lak
http://www.youtube.com/watch?v=OO5Ov4GttsQ
é esse o filme?
Eu também estudei música antes e depois de surda…faz um bem danado
Esse mesmo. A cena da orquestra pro filho dele é belíssima!!
Você estudou o que?
Beijos
Cantei em vários corais e estudei flauda doce para aprender a ler partituras.
Até hoje sou rata de concertos mas curto jazz, rock e boa música instumental.
Por sorte meus restos de audição ainda dão para o gasto.
Flauta me incomoda, sabia? Qq instrumento muito agudo. Clarinete…
Mas, muito bacana. Você já fez texto no seu blog falando disso?
Bem na verdade a flauta doce de madeira e bem tocada não é “agressiva” e eu preferia a flauta contralto que é mais grave, um som mais “sedoso” e também o repertório barroco é mais redondinho, não acho que chega a incomodar.
Acho lindo a Leila continuar a tocar.
Imagino que sons agudos podem te machucar como acontece com voz de criança gritando. Mas quando estou mal a música me levanta, é um santo remédio.
Sim, como todo som agudo, soa como alta frequência pra quem usa AASI. Fazer o que, né?
Mas, o que vale é ver surdinhos tocando hehehehe
Adorei! 😉
Oi Lak, adorei esse post e adoro o filme Mr. Holland´s Opus. Esse filme é uma lição de respeito as diferenças. Queria muito ter achado o link que você procurava, mas realmente não tem em lugar nenhum. Deixo aqui um que eu achei bem bonito, para quem ainda não viu o filme ficar com vontade de assistir.
http://www.youtube.com/watch?v=vTHvaUesuZU
Beijos
Flávia 🙂
O filme todo é fofo! hehehehe Mas a cena em especial, tb não achei no youtube. Uma pena… Obrigada pelo link
Beijinhos
Oi Lak que saudades daqui!!!! 🙂
Agora vou ter um tempo pra ficar lendo seu blog!!!
Ainda não assisti o filme. Vou ver na locadora, deitar na cama e comendo pipoca. Eu mereço, rs.
Cadê o Juca? 😈
Deve estar de férias hehehehe
Olha ao longo da minha vida eu sempre tentei aprender a tocar violão ou piano, mas nunca segui nenhum dos cursos e nunca terminei nada, no entanto eu sempre fui e ainda sou apaixonada por musica. O pouco que ainda ouço eu coloco algo pra ouvir e mesmo que não ouça as letras eu consigo ouvir parte dos instrumentos. Sempre fui apaixonada por musica classica também e ADORO ouvir de vez em quando. E no carro, qdo eu coloco musica eu fecho os vidros, coloco mais alta a musica e fico sentindo a vibração do carro.
A relação com a música é sem dúvida a situação mais complicada no meu modo ver… é difícil me imaginar não escutando (daí que seus posts aqui me ajudam muito a ter uma idéia desse universo) e tudo se torna mais inimaginável com a idéia de não escutar música… não toco instrumento nenhum ainda (dei um tempinho com violão mas voltarei em breve!) mas sou capaz de ouvir mpb o dia inteiro!… bacana ver o que diz a Leila então… é mesmo estado de espírito, né… algumas pessoas não dão falta de música, preferem novela, cozinhar, futebol, shopping, livros… outras como eu quase respiram música… então entendo que pode ter maior ou menor importância pras pessoas… pensando assim (e me colocando de lado um pouco) consigo ver que a suposta relação “mais música = mais felicidade” é preconceito de quem quer se enchergar no reflexo do próprio juízo! 😉
beijos, Lak!!! =***
Lak, minha relação com a música vem desde antanho. Adoro futebol, meu trabalho, minha família, minha Eliana é artista plástica e eu não me canso de contemplar suas obras (nossa casa mais parece uma galeria), mas a música para mim é uma coisa que se situa num mundo à parte, é um misto de mágia e lúdico e vejo que a Sô e a Leila também têm essa doideira de achar que a música não precisa ser ouvida, basta ser sentida. Você se lembra que falei da apresentação das crianças surdas que tive a felicidade de assistir e do pianista Luizinho, que é surdo e músico profissional (prometo não descansar enquanto não reencontrá-lo para uma entrevista)? Eles são provas vivas de que a pulsação, a vibração da música ativa um sentido que é dado somente a algumas pessoas. Não é propriamente um privilégio, como bem lembrou o Juca. Trata-se, eu acho, de uma variação daquilo que especialistas chamam de aguçamento sensorial compensatório. Estou pensando em fazer uma pesquisa junto a profissionais para saber como isso funciona. Se conseguir algo, te mando por e-mail, tá? Beijinho.
Torcendo muito pra você conseguir!!
Beijinhos
Tenho uma sobrinha Adriana ,que tem perda auditiva severa desde os seis meses.Hoje tem 26, está no 1o. ano E.Médio. Gosta de pintura, música e Internet. Está depressiva e pretende largar a escola.
Ela tem violão, mas nunca conseguimos aqui em São Paulo um professor com Libras ou que pudesse ajudá-la. Eu creio que a música ajudaria a resolver parte de seus problemas.
Podendo , me ajude. Serei muito grata.
Valquiria
Valquiria, posso te ajudar a procurar sim. Te mando email assim que tiver algum contato valido. Musicoterapia é excelente pra nós.
Beijocas e melhoras pra sobrinha…