Mariana Siqueira
Das mais belas #HistóriasQueOuvi, está a história de Mariana Siqueira, que nasceu com surdez moderada e começou a usar aparelhos ainda na infância. Natural da Paraíba, a jovem de 33 anos, conta como foi descobrir um novo mundo sonoro, quando fez o implante coclear aos 25 anos de idade. Hoje, é usuária bilateral.
Eu nasci com surdez moderada no ouvido direito e anacusia no esquerdo, mas só quando eu tinha mais ou menos cinco anos que um médico finalmente diagnosticou a surdez, depois de já termos nos consultados com alguns médicos que descartaram essa possibilidade de eu ser surda, um chegando a dizer que eu ouvia perfeitamente e que estava apenas fingindo. Logo após o diagnóstico, comecei a usar aparelhos auditivos nos dois ouvidos, que me auxiliaram muito no desenvolvimento da fala, eu falava bem pouco e quase não dava para entender o que eu falava. Mais ou menos aos 21 anos de idade, a minha audição do lado direito piorou bastante de forma repentina. Eu usava aparelho auditivo, mas me sentia muito insatisfeita e não conseguia me desapegar da vida de antes dessa perda auditiva repentina, principalmente se os médicos com os quais me consultei não conseguiam explicar o que pode ter causado.
No blog “Desculpe, não ouvi!”, foi onde me achei, onde me encontrei. Onde encontrei alguém que entendia bem o que eu passava, que até então eu não conhecia ninguém que tinha surdez e não usava Libras. O DNO foi o que me fez decidir ir correr atrás para ver se eu podia ou não colocar Implante Coclear. Primeiro, eu ouvi falar da expressão surdez oralizada no Orkut mesmo, onde achei a comunidade Surdos Oralizados e no mesmo dia, achei o blog. Eu não fazia nenhuma ideia de como esse blog ia ser tão importante na minha vida. Eu, muito feliz da vida, com sorriso que não saía da minha cara, cheguei a virar algumas noites apenas lendo o blog. Pode soar exagero, mas eu estava ávida de algo assim na minha vida. Além de me ajudar no meu processo emocional, me ajudou a entender melhor como é implante coclear, como funciona exatamente. Eu já tinha ouvido falar sobre IC quando eu tinha 18 anos, mas descartava logo a ideia por medo de cirurgia, era algo que eu não queria cogitar mesmo sob nenhuma hipótese, mas ao ler a Lak explicando tudo de forma esclarecedora, isso me tranquilizou e comecei a considerar essa ideia, já tinha mais ou menos 24 anos. A Lak relatou em seu blog todo o processo desde o início, nos conta os seus deslumbramentos sonoros que tanto me encantam até hoje (aquele texto sobre o suco de laranja é inesquecível até hoje). Não apenas me identifiquei com a Lak, como também com as pessoas que foram convidadas por ela a nos revelar as suas histórias com surdez.Acho que o som que mais me marcou mesmo foi o cricrilar do grilo, que muitos diziam que era um som muito chato e eu imaginava que seria algo muito irritante mesmo, mas ao ouvir pela primeira vez, achei muito interessante como um bichinho tão pequeno produz um som tão marcante, tão poderoso.