Raquel Moreno

Raquel Moreno

Raquel Moreno, usuária bimodal (utiliza implante coclear numa orelha e aparelho auditivo na outra) há menos de um ano e vem contar para a gente uma das mais divertidas #HistóriasQueOuvi. Raquel tem 44 anos e é uma Paulistana moradora de Piracicaba.

Qual sua história de surdez? Meu diagnóstico ainda é desconhecido, e minha lembrança mais recente da minha perda auditiva é que em 1996, meu primeiro emprego com registro em carteira, como telefonista, percebi que no lado direito, eu já não conseguia atender o telefone. Já não tinha audição.
Somente em 2003 fui em um otorrino, que já cogitou a possibilidade de I.C naquela época e eu por medo e falta de vergonha na cara (aceitação) resolvi continuar mentindo e não aceitando minha surdez. Em 2005, eu resolvi voltar, recebi o mesmo diagnóstico (Perda auditiva neurossensorial Bilateral, progressiva). Não usei o aparelho como devia e fui perdendo a audição e enganando pessoas, mentindo para todo mundo, inclusive para mim. 
Eu ouvia lendo os lábios. E sou boa nisso!!
Eu só me dei conta que EU ERA uma farsa em 2017, com anacusia no O.D e profundo no O.E. Não dava mais para mentir, eu dormi ouvindo um pouco e acordei completamente zerada… 
Foi desesperador!
Procurei uma médica especialista em I.C, fiz todos os exames e fui aprovada, ela queria fazer BILATERAL, mas não tive coragem.
Foi a melhor escolha da minha vida.
Sobre o DNO e a Lak: Quando não tive mais escolha, e precisei começar a pensar de que forma eu iria contar para todos na minha família a verdade, inclusive para meu marido, que eu estava completamente surda. Comecei a estudar e pesquisar.
No DNO eu aprendi a diferença entre os I.C para mim foi uma espécie de comparativo, igual aquele site que compara celular….rsrsrs
Li vários depoimentos, para mim o DNO é sempre um manual, sempre que quero estudar, é ele quem me socorre.
Mesmo com muita informação, eu estava com muito medo da minha escolha, e 1 semana antes de operar, fui em um encontro em São José dos Campos, exatamente porque eu sabia que você estaria lá, conversamos muito e te ver e ver todos aqueles implantados conversando e interagindo foi para mim essencial, eu comprei seus livros e li em 2 dias. Eu queria sair da bolha, e encontrar você e escutar tudo o que você tinha pra me dizer com tanta naturalidade fez toda a diferença na minha vida.
Mudei de ideia e fui operar. E na sala de cirurgia, eu disse: Dra, estou aqui graças a Lak, e ela respondeu: “Quando eu encontrar com a Lak, vou abraçá-la por isso.”
DNO e você fazem parte com emoção de tudo o que eu hoje resolvi encarar, falar sobre a diversidade surda pelo máximo de locais possíveis.
Eu saí do armário, eu saí da bolha!
Eu já não ouvia mais a minha voz, e quando a fono ligou o I.C, falou comigo, disse o tal pa pa pá e eu nem me dei conta… quando ela perguntou, tem som aí???? E eu disse, tem sim… e me ouvi… MEU DEUS… Eu me ouvi.
E fui para Maceió ouvir o barulho do mar, e me dei conta de como aquele vai e vem das ondas já não faziam parte da minha audição por anos e anos.
Gratidão!!!
Grande Beijo