Raul Sinedino

Raul Sinedino

A primeira história da série #HistóriasQueOuvi, que homenageia pessoas que foram importantes ao longo desses 10 anos do blog “Desculpe, Não Ouvi!” é um pouquinho diferente das outras, pois traz a história do meu grande amigo e inspiração para eu decidir pelo meu implante coclear. Com vocês:

Raul Sinedino – 41 anos – Carioca morando em Porto Alegre
Usuário unilateral de implante coclear, há 14 anos

Eu nasci surdo por rubéola gestacional. Meus pais descobriram minha surdez quando eu tinha 8 meses. Aos 10 meses de idade, já estava usando aparelhos auditivos e fazendo terapia de fala.

A primeira notícia que tive do implante coclear, foi quando eu já tinha 14 anos, em 1991. Minha mãe me contou toda animada que a amiga dela, jornalista, tinha ouvido falar do IC e que poderia me encaminhar para um especialista. Ele analisou minhas audiometrias e disse que eu não era caso de IC. A preferência era de quem tinha perdido audição recentemente ou crianças pequenas. Mas, esse assunto sempre surgia na minha cabeça não pela cura da surdez ou falar no telefone, eu queria era experimentar sensações auditivas que nunca tinha vivenciado com AASI, pois em virtude do meu grau de perda auditiva, eu tinha pouco ganho com os aparelhos.

Como o assunto IC ainda era meio que tabu e cheio de informações erradas no início de 2000, principalmente na questão quem poderia ser ou não implantado, pois havia desinformações até mesmo entre os otorrinos, eu me senti na obrigação de fazer a divulgação dele, falando do meu caso, especificamente. Mesmo sabendo que eu não era caso de sucesso no meio médico, acredito e sigo acreditando que o fato de eu poder ouvir sons que nunca imaginei que fosse ouvir e ter melhoras na fala, é considerado um sucesso, se formos olhar o contexto do meu histórico de surdez – surdez congênita e de grau profundo – daí queria que as outras pessoas com histórico de surdez igual ou melhor que o meu pudessem ter essa mesma felicidade que tive. Nunca me esqueço do meu 1o dia de ativação quando me dei conta que pisar numa folha seca fazia um som poético.

Com a Lak não foi diferente, quando a conheci virtualmente, soube do seu histórico de surdez e por conhecer pessoas com mesmo histórico dela tendo um grande sucesso no sentido de “voltar a ouvir” (manter uma conversa sem leitura labial e falar no telefone) – uma vez que possuía memória auditiva, sabia que ela sendo implantada seria considerado de sucesso na percepção dos otorrinos. Insistia muito que ela fosse correr atrás do IC e, depois de muitos anos insistindo, ela decidiu fazer o implante coclear e o resto da história vocês já conhecem.

Raul Sinedino

Obrigada, Raul. Sua insistência foi fundamental para que hoje, eu e muitas pessoas tenhamos oportunidade de ouvir outras histórias como a sua!

Beijinhos sonoros,
Lak Lobato