1º Encontro de Implantados do Norte do Paraná em Londrina (PR)

Quando soube do encontro de Londrina, minha primeira pergunta foi “Onde fica?”. Eu conhecia Londrina de nome, mas geograficamente, só sabia que ficava no Paraná.
Mas, resolvi ir assim mesmo, porque gostei do encontro aqui de Sampa e viajar pra encontrar outros implantados seria tudo de bom.
Reservei passagem e hotel e parti sexta passada rumo à Londrina, no norte do Paraná (como diz o título do post).
Há umas semanas, escrevi na minha coluna do Acessibilidade Total, sobre  a dificuldade que os deficientes auditivos passam em aeroporto por conta de possíveis mudanças de portão de embarque anunciadas somente por alto falante. E que, uma das soluções apresentadas por amigos seria pedir um ‘acompanhante’ no aeroporto, que evitasse essa possibilidade. Resolvi experimentar esse serviço no aeroporto, inclusive pra saber se vale a pena utilizá-lo.
Cheguei no aeroporto com 2h de antecedência, tal como dizia a passagem. Os guinchês da GOL ocupavam metade do setor de embarque do Aeroporto de Congonhas. Caminhei uns 10 minutos sem saber em qual fila entrar. Desisti de tentar usar meus poderes adivinhatórios e pedi informação pra um funcionário, que me levou até uma segunda funcionária, que me indicou a fila. Dez minutos de fila depois, cheguei no balcão. Avisei a moça que era deficiente auditiva e que as mensagens do audio estavam confusas demais e eu preferia um acompanhante. Ela arregalou os olhos e disse “Nossa, mas a sua voz é impressionante de boa pra uma deficiente auditiva!”. Eu sorri e perguntei – porque estou ciente que não tenho voz de ouvinte – “quem você conhece com deficiência auditiva?”. Ela respondeu “Meu marido é surdo. Já sei que tenho que falar virada pra você.” Gargalhei pela explicação que ela mesma deu sobre isso…  Aí ela me perguntou “Deficiente auditivo em inglês é dêafi ou blindi?” – falados assim, de forma abrasileirada mesmo – algo que eu levei uns segundos pra entender, até que respondi “deaf” (falado com a pronuncia correta do inglês) e ela repetiu a maneira como falei com um sorriso meio envergonhado de eu saber pronunciar melhor que ela.
Quando ela acabou de digitar minha passagem, me acompanhou até onde eu encontraria minha babá-de-terra.  Ela entregou minha passagem pro funcionário da companhia, já explicando por mim, que eu era deficiente auditiva (em momento algum ela usou o termo surdo, muito menos “surdo oralizado”, mas não posso culpá-la, porque também não usei).  O outro funcionário olhou pra ela com uma cara de PAVOR, de quem dizia claramente “meodeos, como vou me comunicar com essa criatura?”. Não aguentei e comecei a rir de novo. A funcionária respondeu “Nem se preocupe, ela fala e entende você perfeitamente”. Aí ele me diz, já visivelmente relaxado: “Acompanhe-me” e me levou, junto com um senhor numa cadeira de rodas e sua acompanhante, pra uma ala só de passageiros com necessidades especiais (no caso, idosos, gente com pé quebrado e pessoas com várias deficiências diferentes).  O lado bom é que a chance de perder o vôo é nenhuma. Mas, o lado ruim é que a gente fica preso antes do vôo ali, numa espécie de jaula. E, pra piorar, todo mundo que passa, passa olhando. E, qualquer pessoa que não curta ser olhado, vai se sentir mal, invariavelmente.
Mas, o atendimento especial, vai só entrar na aeronave. Depois, fui para o meu lugar e  curti o vôo tranquilamente.
Quando cheguei no aeroporto de Londrina, fui maravilhosamente recebida pela fonoaudióloga Michelle Furlaneto e pelo Dr. Orley Ferraz, que organizaram o encontro de Londrina.
Como cheguei relativamente cedo e o evento seria apenas à noite, tivemos bastante tempo para conversar. Eles contaram que seria o primeiro encontro do Norte do Paraná e que por lá, haviam poucos implantados. Inclusive, pela falta de divulgação quanto ao Implante Coclear. E que o evento era também para divulgar o IC, além de apresentar os interessados aos já implantados. Pude conhecer a clínica deles, que é a primeira da região a realizar a cirurgia do IC. Achei a equipe maravilhosa. Acho que qualquer paciente que seja operado com eles estará em boas mãos, pois são profissionais muito preocupados com o bem estar do paciente. Gostei muito de conversar com ambos.
Um pouco antes do evento, chegaram jornalista e fotógrafo de um jornal local para fazer uma matéria sobre o IC.  Inclusive, me chamaram para falar na condição de implantada.  Falei com o mesmo tom que falo aqui no DNO (inclusive, falei do DNO)…
Finalmente, o evento aconteceu. Foi bem agradável. O lugar era muito bonito. Havia poucos implantados, infelizmente, porque foi divulgado com muito pouco tempo de antecedência e, pela época do ano, muita gente não conseguiu ir. Mas, não deixou de ser um belo marco de início para encontros da região.
Eu realmente acho que encontros  de implantados e candidatos é fundamental para esclarecer algumas dúvidas que podem surgir. Não há ninguém melhor que outro usuário para dar uma visão realista do que se trata usar o Implante Coclear.
Recomendo que todo interessado em fazer o IC, tenha contato real (e não apenas virtual) com outro implantado!!
Dormi por lá e voltei pra Sampa de manhã cedinho. Verdadeiramente adorei Londrina, adorei o encontro e adorei o pessoal!

A viagem valeu muito a pena!!

Beijinhos sonoros,

Lak

p.s. Como o aeroporto de Londrina tem DOIS portões de embarque, nem me preocupei de perder vôo… Adoro lugares assim, absolutamente práticos hahaha

6 Resultados

  1. SôRamires disse:

    Nesses eventos a palavra de uma pessoa implantada é fundamental, parabéns por sua disposição de viajar e contar às pessoas suas experiências. Suas descobertas são deliciosas e muito úteis. Um abraço!

  2. Luiz Filipe - FIC disse:

    Lak,

    Concordo contigo. É muito importante o contato real com um ou vários implantados. Por isto, sempre estimulo os candidatos a participarem dos encontros que promovemos no FIC. Muitos candidatos ao participarem de encontros ou terem contato real com implantados, sanam suas dúvidas, perdem o medo e não vêem a hora de fazer o IC. É muito fundamental. Eu mesmo, após conhecer e conversar pessoalmente com 2 implantados (Roner e Fernando Cabral), decidi de vez por todas que a minha hora tinha chegado.

    Parabéns pela participação e divulgação do IC no Norte do Paraná.

    Abraços,

    L.Filipe

  3. David disse:

    Não acredito que você veio para o meu estado!? Londrina fica a 180 km de onde moro (Cianorte). Fui implantado por esta equipe em Londrina. A Micheli é minha fono de IC.
    Já havia dito para Micheli que eu lamentava muito não poder participar do encontro (na mesma data tinha apresentação de balé da minha filhota que, aliás, estava lindo). Sabendo agora que vc veio pra cá meu lamento duplicou. Teria sido muito bom reencontrá-la.

    Parabéns pelo seu empenho!

    Bjs.

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