Associação Amada: em defesa dos surdos implantados

É com um orgulho tremendo que apresento a vocês a Amada – Associação Amazonense de Apoio aos Deficientes Auditivos e Usuários de Implante Coclear. Constituída oficialmente em 2008, no município de Manaus (Amazonas), por uma mãe destemida chamada Tatiane Braga que, vendo os benefícios trazidos ao seu filho por um aparelho auditivo chamado Implante Coclear, decidiu levar essa descoberta para o maior número de famílias possível.

Onze anos depois, o “trabalho de formiguinha” cresceu! O que começou com um pequeno grupo de pais que procuravam por informação, hoje é uma Associação que presta atendimentos gratuitos de Serviço Social, Fonoterapia, Psicologia e Orientação Jurídica, através de profissionais voluntários a seus mais de cem associados.

Buscamos levar todo tipo de informação as famílias acerca do processo de reabilitação auditiva, como legislação, expectativas, possíveis entraves na evolução da criança, a importância do controle emocional, respeito a especificidade de cada um, etc.

Turma da Amada Associação em Manaus

A maioria das famílias que optam pelo implante coclear, não tem a mínima noção do que lhe espera, e é nossa missão levar-lhes esse conhecimento. Primamos pela troca de experiências, buscamos informações em canais como os blogs “Desculpe, não ouvi!”, “Crônicas da Surdez”, “Atividades para Crianças Implantadas”, etc., onde encontramos riquíssimos relatos e orientações. Sempre digo que a Amada mostra os caminhos, mas os passos devem se dados pela família ou pela própria pessoa com deficiência quando adulto. E também que hoje você é auxiliado, amanhã poderá ser o auxílio para alguém.

E a missão vai crescendo. A Amada, recentemente foi convidada a juntar-se a outras seis associações, do Oiapoque ao Chuí, a chamada “Caravana do Implante Coclear 2019”, que foi ao Congresso Nacional em Brasília. Constatamos que nossos cyborgs além de invisíveis são excluídos do processo de “inclusão”, adotado pelo Governo Federal, onde se beneficia um grupo em detrimento de outro. Levamos ao poder público, em especial ao MEC, a necessidade de se diferenciar o atendimento educacional especializado para o surdo sinalizado (que se comunica com Libras) e o surdo que ouve e/ou fala usuário de tecnologias auditivas. Apresentamos um projeto cujo conteúdo além de discorrer sobre a legislação acerca da inclusão, também contém a sugestão dos métodos auditivo e fônico visuais, cientificamente comprovados como eficazes na alfabetização de surdos usuários de tecnologias como o implante coclear, os surdos oralizados. Abrimos uma discussão, que ainda parece está longe de ter fim, mas que espero tenha um desfecho embasado no bom senso. Não se pode afirmar que somente o Bilinguismo (Libras como primeira língua e a Língua Portuguesa na modalidade escrita) é eficaz para todo surdo. E a diversidade como fica? São tanto os grupos! Não é questão de “A” ser melhor que “B”. É questão de respeitar as escolhas! De oportunizar a todos de se desenvolverem como bem acharem melhor. Seja Bilinguismo ou oralidade, o que importa é evoluir! É complicado de entender como o Governo por um lado disponibiliza o que há de mais moderno para a reabilitação auditiva e por outro não disponibiliza recursos educacionais que atendam as especificidades do aluno surdo.

Membros da Caravana Implante Coclear 2019 em Brasília

O implante coclear sozinho, não (re)habilita ninguém. Sua função é proporcionar a audição para atingir a fala inteligível. Mas, deve fazer parte desse processo de (re)habilitação uma equipe multidisciplinar e, principalmente, ter metodologias educacionais especializadas para atender a esse público. Como realizar o implante coclear bilateral (disponível tanto pelo SUS quanto pelo Plano de Saúde) em uma criança aos oito meses de idade e esta ao atingir a idade escolar ter como único método o Bilinguismo, desconsiderando suas especificidades? Não faz sentido!

 “Somos lápis nas mãos de Deus.” (Madre Teresa de Calcutá). Então, que sejamos lápis na mão de Deus para escrevermos uma nova história dos surdos sejam estes sinalizados ou oralizados, usuários ou não de tecnologias auditivas, mas que são acima de qualquer coisa seres humanos dignos de respeito. Que um dia possamos nos orgulhar de vivermos em um país verdadeiramente inclusivo!

E se você quiser conhecer mais do nosso trabalho visite nossas redes sociais  Facebook Amada Associação e  Instagram @aassociacao.

Abraços manauaras a todos!

Keilah Ayres

Presidente da Amada Associação

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