O pesadelo do diagnóstico de um filho e o poder dos abraços!

Quando esperamos um filho, esperamos também “o filho perfeito”, ninguém nos ensina a esperar que algo dê errado, ninguém nos ensina que as crianças são diferentes umas das outras, e que muitas vezes não receberemos o filho idealizado e que o desenvolvimento, desse filho e nosso próprio como mãe ou pai, será diferente. Acredito que todas as mães, pais e familiares que acompanharam esse momento do diagnóstico da surdez concordam que é o momento que o chão se abre (nossa, como essa expressão se repete nos depoimentos que leio). Eu, pelo menos, tive a sensação de estar num túnel escuro, apavorada com o que estaria por vir e sem a menor visão de horizonte. Era impossível visualizar um momento futuro (coisa que toda mãe faz), todos os estereótipos da surdez (que era só o que eu conhecia) me paralisavam. Foi a dor mais profunda que senti na vida.  

Mas para todo momento ruim, de desespero e de dor, aprendi que só o abraço cura, nos sustenta, e dá força literalmente. Ah, o poder do abraço… ele pode ser ao vivo, por telefone, por internet, por mensagem de áudio, por escrito, por atitudes, por um olhar, e até em formato de bronca. Ainda assim, é um abraço, é o momento que sentimos que há pessoas a nossa volta preocupadas e com intenções positivas de nos doar o que elas têm de melhor.

Dos conhecidos, eu tive muitos abraços inesquecíveis, alguns eu senti falta de não ter recebido, nem todos podem doar o que a gente espera, mas a vida me deu tantos outros abraços inesperados que ficou tudo bem. Eu encontrei adultos surdos e implantados que me “abraçaram” me ensinando que há vida com a surdez, que há independência e felicidade também para quem vive com uma deficiência (pode parecer óbvio, mas a gente não sabe disso naturalmente não). Eu encontrei mães de crianças surdas que me “abraçaram” mostrando tudo que seus filhos conquistavam, demonstrando todo o amor por eles e uma força que eu até então não imaginava existir. Eu encontrei médicos, fonoaudiólogas e secretárias de consultórios que me “abraçaram” quando se desdobravam para tornar o meu atendimento mais humano (me olhando no olho), mais rápido, menos sofrido, e quando passaram a comemorar junto comigo as conquistas maravilhosas que o implante coclear vem nos presenteando. Eu encontrei e sei que ainda vou encontrar muitos “abraços” de professores, que passaram a entender e se envolver ativamente no processo de reabilitação e acolhimento da Joana, ajudando imensamente na autoestima dela.

Nesses mais de 8 anos de jornada no mundo da surdez fui muito, muito abraçada, e acho que o melhor de tudo foi aprender a abraçar também. Se você está passando pelo diagnóstico (seja de uma criança ou adulto) ou qualquer outra fase difícil, sinta-se abraçado, se abra para o aprendizado com as experiências alheias, erga-se, lute… entre um abraço e outro os momentos difíceis vão se dissipando e tudo vai melhorando. E quando a gente menos espera já estamos alguns anos à frente distribuindo abraços com muito amor.

Mariana Candal

Obs: Eu sei a sorte que eu tive com tantos abraços, então, se você estiver precisando de um abraço também, me chama! Estou aqui!