Um pedido de ajuda

Uma amiga, Anahi, me pediu um favor via email que vou repassar aqui no blog.

Veja bem, a maioria dos surdos oralizados/implantados/aparelhados que estudou em escola regular precisou de algumas adaptações em sala de aula, mas conseguiu se formar de boa, não é mesmo?
Eu não tive grande dificuldade de estudar, porque sempre tive facilidade de ler lábios, independentemente de usar aparelho auditivo (coisa que não usei a maior parte da minha vida estudantil) e passei a maior parte do tempo entre os primeiros da sala – ao contrário dos meus tempos de ouvinte, em que era uma aluna absolutamente relapsa.
Por isso, sou a favor de deficientes auditivos adquiridos e pós-linguais (casos como o meu, preferencialmente, pois são aos que posso dar aval, em que a perda auditiva se dá após a aquisição da fala via audição) terem o direito de permanecer no ensino regular, sem qualquer obrigação de aprender a Libras a menos que queira. Quem já tem identidade formada e português como primeiro idioma, deve poder escolher se prefere ou não aprender a língua de sinais e utilizá-la como segundo idioma (se bem que se a pessoa quiser torná-la primeiro idioma também pode, mas que seja uma escolha e não uma imposição).
É claro que eu fiz algumas mudanças quando estudava: sentava sempre perto do professor e estudava muito por textos e livros. Pegava caderno emprestado e esclarecia minhas possíveis dúvidas no final da aula. Coisa que, cá entre nós, até quem ouve bem deveria fazer, enfim…
Se você, meu caro leitor, é deficiente auditivo e estudou em ensino regular, pode ajudar Anahi nessa, já que o email dela pede o seguinte:

“Peço licença pra essa mensagem. Estou fazendo isso porque é impossível localizar e me lembrar de cada um dos meus amigos surdos e amigas surdas brasileiros(as) aqui no Facebook. Esta mensagem é para vocês, surdos e surdas brasileiros(as). Dirijo-me a vocês no intuito de pedir um pequeno favor, se concordarem. Os amigos(as) surdos(as) que sempre ou na maior parte do tempo estudaram em classes regulares ao lado de ouvintes e/ou apoiam as políticas educacionais de inclusão de pessoas com deficiência em todos os níveis de ensino, peço que me enviem UMA FOTO como arquivo anexo e preencham abaixo os seguintes dados:

Nome completo:

Residência atual (colocar apenas cidade e estado):

Idade:

Profissão atual:

Nome e local (cidade e estado) da escola em que se formaram nos antigos primeiro e segundo graus:

Peço que só me enviem esses dados aqueles(as) que concordam e apoiam a inclusão de pessoas surdas em escolas regulares/inclusivas. Confiem em mim, não posso falar agora o teor, a não ser apenas dizer que eu e um amigo surdo estamos organizando um manifesto em defesa das políticas educacionais inclusivas do MEC para a área da deficiência.

Ainda, peço que divulguem essa minha nota nos seus perfis, pois quanto mais adesões, melhor!

Email para: anahi.chemie@terra.com.br

Quem quiser dar uma força, mandar email não leva mais que cinco minutos, basta mandar uma foto atual e responder os dados.

Beijinhos sonoros,

Lak

6 Resultados

  1. Marcela Cordeiro disse:

    Oi Lak!
    Qto tempo!
    Já mandei meus dados para Anahí, espero ter ajudado!
    bjos e tudo de bom!

  2. Priscila disse:

    Oi Lak, me desculpe se de alguma forma estou te incomodando…hehe…
    Adoro ler seu blog, seus relatos são fonte de inspiração, mesmo pra mim que não sou surda, mas sou mãe de uma menina surda oralizada.
    Dê alguns meses pra cá fico me questionando porque não temos aqui em SP uma associação a favor dos Surdos Oralizados, sinceramente não tenho idéia de como começar, mas se existisse uma gostaria muito de fazer parte e ajudar.
    Não tenho nada contra Libras, mas infelizmente a sociedade acha que surdo é sinônimo de sinais, acho que isso deveria ser uma opção e não uma imposição.
    Minha filha está em escola regular e é uma das melhores da sala, mas por outras questões que não tem nada a ver com sua deficiência auditiva eu estava a procura de uma outra escola para ela.
    Semana passada entrei em contato com uma escola para agendar uma visita e a orientadora educacional disse que minha filha teria que realizar alguns testes para saber seu nível de aprendizagem, mas me garantiu que esse procedimento é feito com toda criança antes de ser matriculada. Ok na data e hora marcada estávamos lá.. tive que preencher 3 fichas cadastrais, uma até se referia a cor/raça/religião, depois levaram minha filha para fazer os testes, mas não pude acompanhar, tive que espera lá fora, confesso que não gostei… mas…. 50 minutos depois minha filha saiu da sala um pouco cansada e agitada afinal ela é uma criança de apenas 5 anos.
    A orientadora me chamou, me mostrou os testes e disse que minha filha tinha ido muito bem… conversamos um pouco sobre sua deficiência auditiva e comecei a perceber que para essa escola, as crianças com algum tipo de deficiência são vistas como as “crianças diferentes” no meio da “crianças normais”. Ela pediu que eu aguardasse alguns dias pois iria conversar com a direção sobre minha filha.
    Saí de lá muito chateada, mas enfim aguardei, e como eu imaginava ninguém me ligou. Indignada liguei na escola, e a orientadora não quis me atender, esperei 2 horas e liguei novamente, falei com ela…e adivinha…veio com milhões de desculpas e disse que a escola não poderia receber minha filha.. com toda educação falei tudo que precisava naquele momento, e ela acabou dizendo que na verdade mesmo minha filha tendo acertado todos os testes, a direção da escola não acredita que uma criança surda por mais que seja oralizada e use AASI ou IC possa ter um desenvolvimento normal sem o uso de Libras.
    Isso é simplesmente absurdo!!!
    Só falta daqui a pouco inventarem uma lei obrigando que todo surdo tem que se comunicar com Libras.
    Enfim estou disposta a processar essa escola…e já estou correndo atrás… quero que eles saibam que não vou engolir calada um ato tão preconceituoso como esse.
    Escrevi demais né, mas precisava compartilhar o que nos aconteceu com pessoas que lutam pelo mesmo objetivo: RESPEITO, LIBERDADE DE ESCOLHA!!!

    PS: não precisa publicar esse post não… foi só um desabafo!!!

    Obrigado

    • Avatar photo laklobato disse:

      Priscila
      Concordo que precisamos SIM de uma associação que cuide dos surdos que não usam a Libras, os oralizados, implantados e usuários de aparelhos, porque está cada vez mais difícil conseguir qualquer coisa que não seja relativa à Líbras.
      Tudo porque a diversidade de deficientes auditivos não é conhecida e, por tabela, não é aceita.
      Fiquei horrorizada com o que a escola fez com sua filha. Eu também processaria nesse caso. Alias, conheço uma mãe que está processando outra escola pelo mesmo motivo aqui em SP. Você é de onde?
      Isso aqui “Só falta daqui a pouco inventarem uma lei obrigando que todo surdo tem que se comunicar com Libras.” sabe que também tenho essa sensação?
      Eu respeito a Líbras, mas quero ter o direito de não usá-la garantido por lei. Quero que a escolha do idioma usado pela criança fiquei a critério dos pais: que seja um direito deles oralizar ou não, implantar ou não, que a criança use aparelho ou não. Não quero que a LEI obrigue uma coisa ou outra.
      Admito que me deu calafrios de pensar nisso, ao ler seu post.
      Beijocas e conte comigo no que precisar.

  3. Priscila disse:

    Oi Lak, obrigado pela força.
    Somos de SP, se essa outra mãe for a Sheila também conheço a história.
    Ontem mesmo vi uma reportagem na TV Globo, dizendo que o MEC não vai mais fechar as escolas especiais para surdos, eu até concordo afinal nem toda criança consegue se oralizar, muitas precisam ou optam por Libras, mas a reportagem coloca de uma forma generalizada, que todo surdo “tem” que aprender Libras.
    Posso estar errada, mas tenho a impressão que isso faz com que a escola regular não se sinta mais na “obrigação” de matricular uma criança com deficiência auditiva.
    Mais uma vez obrigado
    Bjos.

    • Avatar photo laklobato disse:

      Oi, Priscila
      É a própria Sheila sim…
      E eu tive a mesmissima impressão que você. Mas, se você for ver, sempre foi meio assim. Toda a luta pró inclusão fez dar uma guinada de 360º pra voltar pra como era antes, dependendo da boa vontade das escolas.
      Mas creia, sempre tem quem acredite na oralização!
      Eu concordo que haja necessidade de escolas especiais, mas como uma alternativa, não como a única opção para crianças nascidas surdas ou ensurdecidas.
      Beijocas…

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